Dentro das maiores virtudes existentes em uma indústria que opera sob os conceitos de uma fábrica inteligente, temos a acuracidade dos dados, a flexibilidade e o autocontrole operacional com rápido tempo de resposta, o que disponibiliza aos usuários importantes recursos de previsibilidade, com total interação do andamento dos processos e prevenção de possíveis ocorrências de “não conformidades”, evitando assim paradas e quebras na cadência de sua cadeia produtiva.
Esses recursos são muito importantes na manutenção da previsibilidade dos resultados e devem ser considerados essenciais durante a fase de planejamento do sistema operacional, isto é, devem garantir que os processos de fabricação, montagem, testes e embalagens forneçam produtos com a qualidade assegurada e total conformidade com seus projetos. Tudo isso, sempre lembrando, com mínima intervenção humana possível.
O citado nos parágrafos acima me deixa com a ligeira impressão que aquela figura do inspetor de qualidade, aquele com avental branco e prancheta nas mãos, se tornou algo obsoleto e de nada ajuda, pois além de não agregar valor algum ao produto, relata os problemas somente depois que acontecem.
Aí, Neves é morto, e só nos resta enterrá-lo.
O lote todo é rejeitado, a contenção dos itens com problemas se faz necessária, assim como o retrabalho ou sucata dos itens defeituosos, reposição da matéria-prima que foi perdida, rastreabilidade fica prejudicada e, no pior dos casos, o recolhimento de produtos já entregues.
Além da matéria-prima, também foram perdidos a utilização de máquinas e ferramentas, as utilidades e a mão de obra. Portanto, em nada agregaram valor ao produto final.
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Não podemos também nos esquecer do monte de relatórios preenchidos e reuniões feitas, explicando o inexplicável e comprovando toda a incompetência da cadeia produtiva.
Em compensação, o sujeito da capa branca fica muito feliz, pois consegue mostrar aos superiores seus bons serviços sem ao menos saber quem vai pagar a tal da conta.
A área produtiva tem a total responsabilidade por seguir religiosamente todos os procedimentos operacionais implementados e todas as instruções normativas específicas quando da elaboração de um produto ou serviço.
Os processos produtivos vigentes devem garantir a total ausência de erros operacionais, usando e abusando das mais diversas técnicas de prevenção existentes e disponíveis.
Mesmo evitando ao máximo os erros operacionais, jamais teremos processos totalmente livres de falhas, mas para isso é que existem os planos de contingências, que podem amenizar em muito esses problemas.
Então, onde entra a qualidade?
Ela deve participar intensivamente no desenvolvimento do produto e seus materiais, bem como no planejamento e implementação dos respectivos processos de fabricação e transporte/movimentação, tanto dentro como fora da empresa, inclusive na certificação dos fornecedores.
Existem várias técnicas sobre análise de falhas e defeitos que podem ser aplicadas e que podem ajudar a garantir tanto a performance da cadeia produtiva quanto a qualidade assegurada do produto.
Os olhares de uma Engenharia da Qualidade, apesar de serem muito diferentes dos olhares de uma Engenharia Industrial, devem se complementar e unir esforços na avaliação dos pontos críticos do projeto.
A diversidade de alternativas inerentes às matérias-primas aplicadas versus tipos de equipamentos e ferramentas produtivas a serem utilizadas devem ser amplamente discutidos pelas partes, criando assim um consenso e cumplicidade entre elas. Isso é crucial, pois assim aquele famoso jargão “falha da produção” fica descredenciado, e deixa claro que o erro, quando acontece, é de todos.
Por isso, enfatizo muito o planejamento minucioso e específico de cada passo de uma cadeia produtiva, porque depois que o layout foi montado, equipamentos adquiridos e os processos determinados, o poder de correção fica complicado e aí começam os remendos e quebra-galhos.
A qualidade também deve participar ativamente no desenvolvimento e/ou alterações do projeto de forma racional e coerente com as premissas básicas fornecidas pelo marketing, principalmente no que se refere à qualidade assegurada, custos e tempo de vida do produto.
Onde se fabrica produtos com qualidade assegurada, todos os colaboradores devem vestir a capa branca!
*Imagem de capa: Depositphotos
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