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Ambientes integrados versus sinergia na indústria 4.0

Entendo por ganho de sinergia aquele que se concretiza em vantagem operacional real, tanto nas despesas como nos custos, ou no aumento do valor agregado do produto final, de maneira indiscutível e absoluta

Por: Pietro Perrone      10/04/2025

É muito comum nos depararmos com empresas cujos principais departamentos operam em formatos exclusivos e independentes, isto é, ilhas operacionais distintas são formadas e cada qual opera com sua própria metodologia de trabalho. Em se tratando da indústria 4.0, esse tipo de comportamento, conhecido como “cada um por si e Deus por todos”, certamente gera circunstâncias extremamente maléficas aos resultados operacionais.

Esses departamentos, ou essas ilhas, agem isoladamente com suas próprias estratégias, minimizando assim a possibilidade na obtenção das sinergias disponíveis no sistema operacional como um todo, e não se importando com o objetivo do plano de negócio da empresa.

Este tipo de comportamento também ocorre naquelas organizações onde operam diversas unidades de negócio cujo foco principal do grupo e sua essência operacional são ignoradas, fazendo com que cada unidade pense exclusivamente em si, esquecendo-se de olhar a cadeia operacional como um todo.

Para piorar ainda mais este quadro, temos também algumas empresas que adotam determinados projetos de sinergia operacional, privilegiando seus pontos fortes e esquecendo-se, porém, dos seus pontos fracos. De um lado, adicionam produtos em seu portfólio e se utilizam de seus fortes canais de distribuição, mas ignoram o conhecimento tecnológico operacional necessário para produzi-los. Sabem vender, mas não sabem produzir. De outro lado, ocorre situação inversa, na qual existe o conhecimento tecnológico suficiente para fazer produtos, porém não há canais específicos de distribuição. Sabem produzir, mas não sabem vender.

Essa tal de sinergia, além de ser uma palavra bonita, também é muito utilizada para se obter aprovações de projetos com contenção de investimentos, mas, infelizmente, a grande maioria deles tem seu resultado final inócuo, e quase sempre fora do raciocínio lógico operacional daquela cadeia produtiva.


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Uma grande parte dos projetos feitos ganhos de sinergia arremete à criação de ilhas operacionais ou, às vezes, até criam um arquipélago.

Mil ideias surgem diariamente em uma sala com ar condicionado e cafezinho, onde tudo se torna simples e factível, porém a dura realidade só aparece no dia a dia, tanto do lado mercadológico como do lado operacional.

A lógica administrativa quase sempre difere muito da lógica operacional. O fato de eu ter um foguete não significa que vou conseguir chegar na lua.

Entendo por ganho de sinergia aquele que se concretiza em vantagem operacional real, tanto nas despesas como nos custos, ou no aumento do valor agregado do produto final, de maneira indiscutível e absoluta. De nada adianta achar que conseguimos um ganho qualquer em sinergia dentro de um departamento se este não se refletir no resultado final do negócio. 

Você pode estar ganhando algum valor em determinadas operações, porém o está perdendo em outras. Portanto, o que vale é o resultado final da cadeia produtiva.

Quanto maior for o espectro de uma ou mais cadeias produtivas simultaneamente analisadas, maior será a possibilidade de ganhos com sinergia obtidos dentro de um sistema operacional.

Um ponto importante em que todo cuidado é pouco se refere ao nível de automação digital aplicado na cadeia produtiva. A implementação das sinergias deve respeitar a lógica simples e objetiva estabelecida.

  • Exemplo: Ao tentar produzir um novo item utilizando um equipamento já existente e já utilizado para produzir outro item, temos a sensação de estarmos evitando gastos na compra de algo semelhante e desnecessário. Podemos até chamar isso de ganho de sinergia financeira, porém estamos criando conflitos adicionais na operação da cadeia produtiva, como um novo gargalo no fluxograma, um novo ponto crítico no processo, aumento dos tempos de setups e redução da capacidade produtiva, dificuldade na rastreabilidade dos produtos, aumento da exposição ao erro, remanejamento dos indicadores, reajuste nos planos de contingências e por aí vai.
  • Resultado: Reduzimos o investimento ao não adquirir determinado equipamento, cuja depreciação poderia ocorrer em dez anos, mas, por outro lado, aumentamos imediatamente as despesas e os custos, não agregando nenhum valor adicional ao produto final.

Na indústria 4.0, o que não melhora, só atrapalha!   

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.