A manufatura é uma arte cuja consistência básica está na combinação de três fatores primordiais, que quando alinhados e utilizados de maneira apropriada, fazem o sucesso operacional de uma cadeia produtiva. O primeiro deles, logicamente, é o conhecimento e a experiência, seguido pela criatividade e, por último, pelo bom senso e lógica nas teorias e técnicas aplicadas.
A essência da manufatura não tem formação específica, tampouco uma definição feita por regras ou receitas, mas pode ser conhecida e analisada pelas suas características operacionais, sejam elas tecnicamente ricas ou pobres, básicas ou sofisticadas, simples ou complicadas.
Para bom entendedor, a essência da manufatura expressa com clareza alguns detalhes importantes sobre o DNA de determinada cadeia produtiva. Como exemplos, temos a linha de raciocínio lógico aplicada, a capacidade de investimento disponibilizada no projeto, a cultura operacional e organizacional da empresa e também o perfil dos colaboradores.
Com um simples olhar no layout, no fluxo dos materiais, na sequência das operações, no estado de conservação das ferramentas e equipamentos, organização/higiene do ambiente e as instalações industriais, já é possível entender a maior parte do contexto daquela cadeia produtiva. Daí é só puxar o fio do novelo que o emaranhado se desfaz, e ficam evidenciados os problemas e as virtudes.
Pode até parecer uma colocação muito simplista de minha parte, porém quero enfatizar que todos nós temos determinadas habilidades e elas estão no nosso DNA, porém, cada um dentro de sua própria lógica e raciocínio.
As habilidades de um colaborador não vem de uma formação universitária ou de uma pós-graduação em escola renomada, mas sim da capacidade de operar dentro de um conceito específico e peculiar de indústria 4.0, seja ele em qualquer nível dentro da organização ou em determinados ambientes operacionais. Ela vem, sim, acompanhada da experiência, determinação profissional e conhecimento operacional de cadeias produtivas.
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Esses profissionais devem possuir habilidades no sentido de conseguir enxergar, através dos mais variados e mínimos detalhes, a essência das virtudes e defeitos, inerentes e inéditos, a todos os principais aspectos operacionais de uma cadeia produtiva. Devem possuir também a capacidade de visualização dos processos operacionais, simulando mentalmente, analisando de maneira crítica e simultânea todo seu andamento.
Na implementação de qualquer projeto de uma Ind 4.0, devemos obrigatoriamente começar pela discussão, entendimento e aprendizado sobre qual seria a essência operacional ideal para cada situação. O que queremos fazer, o que sabemos fazer, o quanto podemos gastar, quanto tempo podemos disponibilizar e quanta flexibilidade queremos ter.
Também gostaria de lembrar que as ferramentas hoje existentes, como digitalização, IoT, IA, Just in Time, kan Ban, 6 Sigma e mais outras milhares somente servem como ferramentas operacionais, mas não criam nenhum DNA operacional.
O exercício descrito no parágrafo anterior também deve ser feito para os produtos já existentes e antigos, já em processo há algum tempo. Estes devem ser reavaliados e trazidos para o centro da essência operacional mais apropriada para a época atual. Também deve-se mexer no time que está ganhando, sim, pois este pode começar a perder de uma hora para outra.
É muito comum nos deparamos com indústrias cuja essência de manufatura foi criada em função do tempo de existência de sua cadeia produtiva. Fabrica o mesmo produto há tanto tempo que criou um conhecimento específico e próprio para tal, e que ninguém dentro da organização tem coragem de alterar. Aí está um claro exemplo de estagnação no qual a dita cuja essência perde a criatividade, perde a versatilidade e não desenvolve conhecimento, perdendo, portanto, a exclusividade operacional.
No piso da fábrica, onde tudo acontece, tudo é relevante e dinâmico quando se trata de movimentação, processos de fabricação e montagem, acabamentos e embalagens. Aqui imperam as leis da física e, logicamente, não podem ser alteradas, mas podem, porém, ser combinadas de formas e sequências diferentes.
Toda e qualquer empresa tem uma essência e um DNA exclusivo: só ela sabe como fazer algo melhor que as demais. Portanto, cabe aos administradores se utilizarem dessa essência para atualizar e expandir seus negócios e sua cadeia produtiva.
O curioso sempre aprende muito mais que o indiferente!
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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