Relembrando edição 1: Indústria convencional X Indústria 4.0 - Fabricar o que o mercado quer comprar (Indústria 4.0) e não fabricar o que queremos vender (Indústria Convencional).
O foco desta edição será o “Planejamento Mestre de Negócio” (PMN) ou “Business Master Plan”, como muitos conhecem.
Se o objetivo de sua empresa ou negócio é ser uma Indústria 4.0, aqui vão algumas ideias básicas do caminho a percorrer. Logicamente será uma grande batalha a ser vencida e um trabalho muito meticuloso a ser realizado, com maiores dificuldades no início, porém a boa notícia vem quando os resultados começam a aparecer. Quanto mais detalhista e realista você for neste planejamento que iremos ver a seguir, maior será seu grau de satisfação quando o processo começar a rodar por si só.
Não espere conseguir acertar já no primeiro tiro, mas sim, ir se aproximando do alvo nos próximos. Se a empresa ou negócio estiver começando, logicamente, sugiro a você não perder a oportunidade e já começar certo, pois é muito mais fácil construir do que reformar. Caso sua empresa ou negócio já esteja rodando há algum tempo, não se desespere, escolha uma área ou linha de produto, aprenda o caminho das pedras e, assim por diante, você avança no projeto total.
Por melhor que seja, seu projeto de Indústria 4.0 nunca será perfeito, pois sempre haverá campos de melhorias e aperfeiçoamentos. Não existe receita básica para implementar uma Indústria 4.0, pois cada negócio ou empresa tem sua peculiaridade específica e suas tecnologias adquiridas, portanto é muito importante não desistir no início. Utilize a criatividade com princípios operacionais simples, consistentes e nunca se esqueça da cadência dos processos.
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Vamos, então, iniciar nosso projeto com o Master Business Plan:
- Deve ser o banco de dados macro de uma empresa ou negócio, contendo todas as informações necessárias para demonstrar seus objetivos e seus resultados de maneira e configurações gerenciais.
- Deve ser gerido pelo topo da estrutura organizacional da empresa e tratado de maneira dedicada, objetiva e sempre documentada.
- Deve ser elaborado de forma concisa, com critérios pré-estabelecidos para cada tipo ou modelo de operação ou negócio. Indicadores de performance devem ser definidos, estruturados e ajustados, na frequência necessária que o processo exigir. Será a base de dados dos demais planejamentos, como fluxo de caixa, compra de materiais diretos e indiretos, recebimento, armazenamento e movimentação de materiais e produtos semiacabados/finais, capacidade de mão de obra, manutenção preventiva, capacidade de equipamentos de produção, definição dos gargalos existentes e plano de investimentos.
- Deve conter plano de ações contingenciais, primordiais para o sucesso do resultado, devem ser criteriosamente ajustados e alterados caso ocorram “não conformidades” no processo. Esses ajustes devem ser adicionados ao sistema, sempre que possível, de maneira a não necessitar intervenção humana novamente, caso as mesmas “não conformidades” voltem a se repetir.
- Deve ser analisado com frequência assídua pré-definida, de acordo com o tipo de negócio ou modelo da operação. É importantíssimo dispor de dados históricos, atuais e planejados num mesmo banco de dados. Como medir é comparar, se faz necessário acompanhar os indicadores “planejado versus realizado”, analisar e entender as variações em toda a cadeia produtiva. Resultados melhores que o planejado, tem seu lado bom, porém, desde que não esperados, indicam uma “não conformidade”. Não existe sistema perfeito, mas todo sistema pode ser melhorado e aperfeiçoado.
Análises importantes a serem consideradas na elaboração de um PMN:
Análise de cadência e capacidade produtiva
Uma locomotiva, dentro de uma capacidade operacional pré-definida, além de puxar o comboio, impõe a ele diversas velocidades e direções, sempre na mesma cadência. As vendas, por sua vez, devem fazer exatamente o mesmo, cadenciando toda a cadeia produtiva na direção e velocidades necessárias para o negócio. Produzir, em tempo necessário, somente aquilo que o mercado quer comprar, sempre dentro do planejado. Todo o conjunto de processos deve mover-se de forma cadenciada, balanceada e sem gargalos ou bancos de peças fabricadas aleatoriamente. Utilize toda a tecnologia disponível nos processos, sem exageros na sofisticação nem na simplicidade, adquira e use o que realmente se faz necessário, sem desperdícios e sempre focando na qualidade e acurácia das informações.
Análise do valor agregado
A análise de valor agregado afeta diretamente o fluxo de caixa e flexibiliza o fluxo de materiais dentro do processo produtivo. Quanto menos material em processo, menor a quantidade de controles, menor a quantidade de movimentos e melhor eficiência nos setups das linhas de produção.
- Valor do estoque de matéria prima = valor da mercadoria + impostos e frete.
- Valor do estoque de matéria prima em processo = valor de sucata...
- Valor do estoque de produtos acabados = valor da mercadoria + valor agregado.
Muito importante entender que o Estoque de Produtos Acabados, somente agrega valor nas margens de contribuição da empresa a partir do momento em que for vendido.
Análise das “não conformidades”
Todos da organização, sem exceção, devem gastar o tempo que for necessário analisando causas e desvios que geraram uma “não conformidade”. É imprescindível investigar os motivos, os locais e os momentos em que esses eventos ocorreram, bem como identificar outros pontos em que poderiam ter ocorrido. Qualquer alteração realizada no processo deve ser minuciosamente avaliada para verificar se influenciou a tendência observada e os resultados e conclusões devem ser cuidadosamente documentados.
Próxima edição - Como formatar um Banco de Dados.
*Imagem de capa: Depositphotos
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