Indústria 4.0 avança com o apoio de plataformas digitais
A jornada da transformação digital passa pela criação de uma visão e estratégia de digitalização que direcione e norteie os investimentos
21/08/2023A jornada da transformação digital passa pela criação de uma visão e estratégia de digitalização que direcione e norteie os investimentos
21/08/2023A necessidade urgente da transição para uma sociedade sustentável está impulsionando uma rápida mudança de processos na qual as tecnologias digitais despontam como importantes aliadas. À medida que elas remodelam todos os setores, as implicações para as empresas são amplas, assim como as oportunidades que se abrem, desde as transformações alavancadas pela Indústria 4.0 até o desenvolvimento de tecnologias verdes.
De forma geral, é consenso que as organizações industriais já compreenderam a importância da manufatura digital. A questão que se coloca agora é como esse caminho será percorrido para que os objetivos corporativos sejam alcançados.
A ideia central é suprir as áreas operacionais e de negócios, bem como as equipes de manutenção, com informações e insights para a tomada de decisões mais precisas. Uma operação baseada em dados torna possível otimizar a eficiência operacional, melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços, além de reduzir o consumo de materiais e minimizar perdas decorrentes de paradas não planejadas que podem afetar toda a cadeia de abastecimento, com impactos significativos nas receitas e também na imagem das empresas.
A jornada da transformação digital passa, necessariamente, pela criação de uma visão e estratégia de digitalização para direcionar investimentos – atuais e futuros. Portanto, sem um planejamento que norteie a jornada de transformação digital, definida por um Plano de Digitalização Industrial (PDI) que estabeleça, entre outros pontos, a arquitetura tecnológica e a estrutura organizacional necessárias, são grandes as chances de os objetivos não serem alcançados.
O que a prática tem demonstrado é que os benefícios são potencialmente maiores quanto mais cedo esse plano for elaborado e executado – preferencialmente nas fases iniciais de um projeto industrial greenfield, embora existam casos bem-sucedidos de PDIs em projetos de melhorias de eficiência em ativos operacionais (brownfield).
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Para facilitar o entendimento desse conceito, essa arquitetura digital pode ser interpretada como o ‘sistema operacional’ da planta industrial. Em um computador, de nada adianta contar com a melhor tecnologia disponível – incluindo o processador mais potente, placa gráfica de última geração e grandes quantidades de memória e de armazenamento –, se não houver uma forma de gerenciar tais capacidades a fim de que se executem corretamente as rotinas definidas pelos programas que estão instalados nele e abstraindo a camada física (hardware).
A Industria 4.0 está transformando as plantas industriais em grandes ‘computadores’, nas quais a existência de um “sistema operacional” se faz necessária para que cada componente existente, desde as máquinas e suas interconexões, até os sensores e outros sistemas de controle e de automação de processo possam alcançar o máximo da eficiência e do desempenho esperados. Além disso, torna a interface com as pessoas mais fácil, intuitiva e amigável, trazendo agilidade ao processo de tomada de decisão.
Nesse ambiente, tal função deve ser exercida por uma plataforma digital que capture, transforme, contextualize e distribua todos os dados da planta, provenientes dos sistemas de engenharia, de operações e de negócios, durante todo o ciclo de vida da planta. Na fase de projeto, essa plataforma deve consolidar todos os dados e documentos gerados pela engenharia e demais stakeholders envolvidos, que são fundamentais para melhorar a colaboração, evitar retrabalhos e trazer mais eficiência para a gestão do empreendimento nas fases de construção e de comissionamento.
Com a planta já operacional, essa plataforma também possibilita o monitoramento em tempo real da produção e ajuda na implementação de medidas para manutenções preditivas. Ela também serve como um alicerce fundamental para o Gêmeo Digital, uma réplica virtual da planta na qual se pode simular, testar e otimizar virtualmente os processos industriais.
Em um cenário de múltiplos fornecedores de hardware e software, contar com uma plataforma capaz de interagir com cada componente da planta e utilizar os dados produzidos para fins de análise, otimização e geração de insights pode ajudar a reduzir um grande problema enfrentado pelas indústrias de manufatura: a subutilização dos dados gerados na produção.
Um estudo da Forrester revelou que até 73% dos dados obtidos pelas empresas não são utilizados de forma analítica. Outro estudo recente, também da Forrester, aponta que empresas que utilizam ferramentas de gerenciamento de dados para tomar decisões têm 58% mais chances de superarem suas metas de receita do que as empresas não orientadas a dados.
Na nova economia digital fortemente baseada em dados, as plataformas digitais já desempenham papel fundamental ao proporcionar maior eficiência operacional e possibilitar a transformação dos modelos de negócios em todos os segmentos da economia. Ao quebrar silos de dados e contribuir para a criação de um ambiente de integração horizontal e vertical de sistemas, processos e pessoas, as plataformas digitais assumem na indústria uma posição análoga à do sistema operacional nos computadores. Isso traz um olhar abrangente para a planta industrial e promove a integração efetiva de todas as áreas e disciplinas, alavancando novos modelos de negócios que podem, inclusive, possibilitar a monetização dos dados industriais, além de fortalecer as cadeias de suprimentos e promover um ambiente operacional mais seguro e sustentável.
*Imagem de capa: Depositphotos
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