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Migrando da indústria convencional para a Indústria 4.0

Apesar das dificuldades em uma conversão dessa envergadura, o projeto atual e o futuro devem caminhar em paralelo

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 17/06/2024

Acredito que todos nós entendemos que a dificuldade em reformar uma casa é muito maior do que construir uma totalmente nova, porque na reforma, além da necessidade de desfazer e refazer, também existe a probabilidade de não ficar 100% da maneira que gostaríamos. Normalmente, em uma reforma, não é possível fazermos todas as alterações que gostaríamos, mas na construção de uma casa totalmente nova, se houver um bom planejamento, aumentamos muito a probabilidade de se chegar a um resultado próximo daquele que gostaríamos. Mas não seria por essa razão que deixariamos de lado as melhorias e aplicações de novas ideias, em projetos importantes, que possam melhorar a performance de um sistema operacional e suas cadeias produtivas.

Se você tiver em mãos uma cadeia produtiva operando na filosofia de uma Indústria Convencional, não deveria, em hipótese alguma, deixar de caminhar em direção à excelência operacional de uma Indústria 4.0. Mesmo sabendo que uma reforma poderá não ficar ótima, a necessidade do mercado de atuação assim o exige, e a conversão se torna realmente necessária.

Apesar das dificuldades em uma conversão dessa envergadura, o projeto atual e o futuro devem caminhar em paralelo e, na maioria das vezes, numa cadeia produtiva rodando, o que exigirá atenção e controles em dobro. Porém, será nítida e exponencial a melhoria obtida nos resultados do Plano de Negócios após a implementação.

Por estarmos falando em migrar para uma filosofia de trabalho totalmente diferente, vejo aí um aumento substancial no nível de conflitos internos da organização, principalmente no que se refere à disciplina operacional. Porém, como contra fatos não há argumentos, à medida em que a transformação acontece, os resultados operacionais começam a demonstrar que todo o esforço e o transtorno adicional serão compensados.


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Como mencionei em quase todas as edições anteriores, a chave do sucesso vem do planejamento, que necessariamente deve ser aplicado nessa transformação de filosofias de trabalho. Nem tudo será descartado ou refeito, porém é muito importante a governança entender que a operacionalidade do sistema deverá ser totalmente diferente da filosofia atual.

A principal mudança a ser adotada será na cadência da cadeia produtiva, que deve produzir somente o que está sendo vendido, e não mais lotes econômicos e reservas estratégicas de estoque. Aqui, o contingenciamento para as intempéries, não conformidades e incompetência operacional deverá ser elaborado detalhadamente, prevendo todos os tipos de problema e um procedimento operacional com as respectivas ações e reações

Aqui vão alguma dicas importantes para uma migração tranquila e controlada:

  • Elaborar novo fluxograma da cadeia produtiva futura: definir e aumentar a abrangência, incluindo clientes e fornecedores, sequenciar todos os passos e processos a serem executados, bem como o balanceamento dos tempos e definição da cadência produtiva total. Aqui todos os atuais e  novos métodos e processos devem ser comparados e avaliados, além da análise de make or buy, automação a ser aplicada e respectivas interfaces com o sistema operacional, acesso e atualização dos dados e novo plano de contingência;
  • Reavaliar e planejar os indicadores existentes e futuros: analise a eficácia dos indicadores atuais e verifique a real necessidade em mantê- los, reduzi-los ou alterá-los. Lembre-se que quanto menor a quantidade de indicadores, mais eficiente deverá ser seu processo e menor será a quantidade de intervenções humanas no sistema operacional;
  • Reavaliar e consolidar todos registros num único sistema operacional: reduza a variedade de registros no sistema e agilize os tempos de resposta. Facilite os trabalhos de cadastramento de dados e utilize as médias históricas para conferência na entrada de dados;
  • Reavaliar e consolidar todos os dados num único banco de dados: assim como o sistema operacional deve ser único e exclusivo, assim também deve ser o banco de dados;
  • Simular antes de aplicar: a simulação, apesar de custosa, é muito eficiente no balanceamento da cadeia produtiva, eliminando falhas de planejamento e evidenciando alternativas dos métodos e processos correspondentes. O sistema operacional de uma cadeia produtiva e sua governança organizacional devem sempre ser alterados, de maneira a acompanhar as alterações dos produtos.  

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.