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Manufatura flexível avança como aliada estratégica da sustentabilidade industrial

Automação, dados e colaboração são pilares da transição para uma manufatura mais eficiente e ambientalmente responsável

Por: Redação CIMM      16/06/2025 

A busca por um modelo industrial mais sustentável deixou de ser uma tendência para se tornar uma necessidade urgente. Pressionadas por regulamentações, metas climáticas e novas demandas de mercado, empresas do setor manufatureiro em todo o mundo estão adotando uma abordagem mais estratégica, apoiada na tecnologia e na inovação, para reduzir sua pegada ambiental.

De acordo com artigo de Hermann Reiter, diretor sênior de desenvolvimento de negócios com fornecedores na DigiKey, referência global na distribuição de componentes eletrônicos e produtos de automação, publicado no Manufacturing Tomorrow, os sistemas de fabricação flexível surgem como um dos pilares mais promissores dessa transformação.

Ao contrário dos modelos tradicionais, que priorizam eficiência e escala em detrimento do meio ambiente, a manufatura flexível se baseia na agilidade, adaptabilidade e otimização de recursos. Essa abordagem permite que as linhas de produção sejam reconfiguradas com rapidez para atender diferentes demandas regionais, o que reduz desperdícios e minimiza a superprodução. Em paralelo, possibilita a integração de fontes de energia renovável e o uso mais eficiente de matérias-primas.

"Embora ainda haja muito trabalho a ser feito, muitos líderes e empresas do setor de manufatura já estão colaborando e usando suas tecnologias inovadoras para aproveitar dados, análises e automação para ajudar os clientes a tomar decisões mais informadas, escolher produtos mais inteligentes, implementar práticas sustentáveis, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e muito mais", escreve.


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De acordo com a pesquisa Global Sustainability Readiness, da IDC, 45% dos fabricantes da Europa, Oriente Médio e África já identificam os requisitos de sustentabilidade de seus parceiros como um dos principais motivadores para implementar práticas mais responsáveis. O movimento é impulsionado por metas ambiciosas, como as da União Europeia, que pretende atingir neutralidade climática até 2050. Para isso, governos e empresas estão ajustando políticas, prazos e investimentos com foco em descarbonização.

Digitalização pela descarbonização

As tecnologias digitais desempenham um papel essencial para tornar a fabricação mais sustentável. "Sinais digitais são pontos de dados gerados por sensores e máquinas em uma fábrica. Esses sinais são então convertidos em um formato digital para serem analisados e usados para monitorar, controlar e otimizar os processos de produção, fornecer insights em tempo real e melhorar os níveis de eficiência", escreve Reiter. "Relatórios gerados por soluções conectadas podem indicar o status da máquina, a qualidade do produto, os níveis de material e outras medidas em tempo real por meio de sistemas de visão integrados. Isso permite um melhor controle de qualidade, agendamento de manutenção preditiva e eficiência geral do processo".

Além disso, o artigo destaca que, ao conectar sinais digitais e dados em toda a cadeia de valor, os fabricantes conseguem obter insights relevantes sobre sua pegada ambiental. Como exemplo, menciona um coletor de pó inteligente, capaz de fornecer atualizações em tempo real sobre parâmetros como qualidade do fluxo de ar, pressão diferencial e execuções de produção, tudo acessível a partir de um painel único.

Outro caso inspirador vem da Analog Devices Inc. (ADI), fornecedora da DigiKey e líder global em semicondutores. A empresa está investindo em infraestrutura adaptável, o que permite à sua base de clientes modificar rapidamente suas linhas de produção de acordo com a demanda local, reduzindo gargalos logísticos e impactos ambientais. Além disso, a ADI implantou um armazém com balanço líquido zero de energia, utilizando fontes renováveis para alimentar suas operações.

Na Schneider Electric, iniciativas como o reaproveitamento de águas residuais para a produção de hidrogênio e o uso de painéis solares mostram como é possível integrar práticas sustentáveis ao coração da operação industrial. São ações que demonstram a viabilidade econômica e ambiental de um novo paradigma produtivo.

A logística também está sendo repensada sob essa ótica. Soluções como o agrupamento inteligente de pedidos para reduzir embalagens, o uso de robótica e visão computacional em centros de distribuição, e o gerenciamento inteligente do fluxo de materiais estão ajudando a diminuir emissões, custos e erros operacionais.

“Cada pequena decisão, quando sistematizada, contribui para um impacto significativo em escala”, avalia. O desafio é garantir que todos os setores da empresa — de operações a TI — estejam engajados na jornada de sustentabilidade. Essa abordagem holística é o que garantirá não apenas o cumprimento de metas climáticas, mas também a competitividade a longo prazo.

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

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