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Audi incorpora inteligência artificial ao ciclo completo de produção automotiva

Um dos diferenciais dessa iniciativa está na forma como a Audi conecta sua infraestrutura fabril a sistemas inteligentes capazes de responder e se adaptar em tempo real

Por: Redação CIMM      16/06/2025 

A indústria automotiva tem concentrado esforços no desenvolvimento de carros autônomos e sistemas de entretenimento sofisticados. A Audi, no entanto, vem investindo em outra frente: a aplicação de inteligência artificial (IA) na transformação de seus processos produtivos. A montadora alemã está estruturando o que pode ser uma das fábricas mais avançadas do setor nesse campo, redesenhando os bastidores do chão de fábrica e integrando tecnologias que impactam diretamente a produção.

Segundo reportagem da Forbes, a Audi opera ou desenvolve atualmente mais de 100 projetos de IA em sua rede global de produção. Essas soluções vão além de testes experimentais e já participam de operações fundamentais, como inspeção de soldas, previsão de falhas em equipamentos, logística de peças e suporte aos operadores.

Para Gerd Walker, responsável pela área de produção e logística da empresa, a integração da inteligência artificial se tornou um elemento estratégico, não apenas para ganhos de eficiência, mas também para elevar padrões de qualidade e otimizar o uso de recursos.

Um dos diferenciais dessa iniciativa está na forma como a Audi conecta sua infraestrutura fabril a sistemas inteligentes capazes de responder e se adaptar em tempo real. Enquanto parte do setor utiliza aplicações pontuais — como sistemas de visão artificial para inspeção ou algoritmos para prever demanda —, a Audi busca integrar essas soluções de forma abrangente.


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Entre as aplicações já em operação estão o Weld Splatter Detection, que identifica respingos de solda com precisão milimétrica, e o sistema IRIS, que verifica etiquetas técnicas e sua correta aplicação nos veículos. Ferramentas generativas auxiliam no redesenho de plantas industriais, simulando alterações antes da implementação, e sistemas preditivos antecipam falhas com dias ou semanas de antecedência.

Até mesmo o setor de compras passou a adotar soluções baseadas em IA, como a ferramenta Tender Toucan, que interpreta especificações técnicas e identifica requisitos em processos de licitação, reduzindo o tempo gasto em tarefas operacionais.

O uso extensivo de dados é outro pilar dessa transformação. As fábricas da Audi geram petabytes de informações diariamente, e esses registros alimentam modelos de aprendizado de máquina que tornam a produção mais eficiente e adaptável. Algumas unidades já reportam reduções de até 30% no tempo de inatividade não planejado e melhorias na fluidez das linhas de montagem.

Walker aponta que essa estratégia faz parte da visão da “fábrica 360”: unidades industriais conectadas, sustentáveis e orientadas por dados. Mais do que atualizar processos, a proposta é flexibilizar a estrutura fabril, tornando-a capaz de responder rapidamente a mudanças nas cadeias de suprimento e demandas de mercado, além de aumentar a resiliência frente a instabilidades.

Embora outras montadoras também estejam explorando o uso de IA — como a Porsche, BMW e Tesla —, poucas avançaram de forma tão integrada ao longo de todo o ciclo produtivo. Nesse cenário, a Audi busca demonstrar que o impacto da inteligência artificial está menos na exibição de tecnologias de ponta e mais na transformação silenciosa, porém decisiva, da forma de operar e gerir a produção.

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