Se você entrar no Google e perguntar sobre resistência à mudança, irão aparecer milhares de definições e explicações sobre esse assunto. Na minha humilde opinião, a resistência à mudança se deve somente a um fator, que consiste na dificuldade que o ser humano tem de sair do seu estado de conforto, onde tem profundo conhecimento do solo em que está pisando e das eventualidades corriqueiras da vida.
Esse fato pode ocorrer tanto em nossa vida pessoal como na profissional, sendo que nesta última, principalmente, nos deparamos com os maiores desgastes de relacionamentos, dificuldades na convivência com parceiros profissionais e divergência de opiniões nos mais variados fatores, como prioridades e preferências gerenciais de um negócio.
A tomada de decisão, favorável à implementação de uma indústria 4.0, se torna muito crítica quando são avaliados aspectos referentes a fatores como resistência à mudança comportamental dos colaboradores e a adoção de um estilo operacional diferente e disciplinado, muito mais ousado e com tecnologias inéditas e mais complicadas.
Gostaria de mencionar, nesta 30ª edição da coluna, alguns fatores que prejudicam a decisão de se dar um passo à frente, no modus operandi de uma cadeia produtiva.
- Riscos gerados por mudanças: sem dúvida, sabemos da existência dos riscos reais e evidentes em investir tempo e dinheiro num projeto de integração operacional personalizado. Um projeto de automação de grande monta, gerenciado de forma responsável, pode levar anos para ser planejado, implementado e integrado ao processo de fabricação novo ou atual, e os valores investidos podem facilmente atingir seis ou sete dígitos. Uma integração ineficaz pode atrasar a produção, prejudicar os resultados, afetando assim a moral dos colaboradores, clientes e fornecedores, pois o sucesso de um projeto traz a satisfação e a vontade de fazer melhorias.
- Tradição dos negócios: principalmente nas empresas de âmbito familiar, persistem alguns conceitos e são enaltecidos os trabalhos manuais e as operações totalmente verticalizadas, deixando assim a automação para atender somente os processos insalubres e periculosos. Manter a tradição normalmente vai na contramão das melhorias operacionais e desestimula a criatividade dos colaboradores mais agressivos na busca por bons resultados. Uma determinada tradição pode se tornar obsoleta com o passar do tempo, e com as mudanças do mercado, deve ser alterada de forma a possibilitar a continuidade e o sucesso das operações.
- Aversão a perdas: a cautela gerada por essa aversão seria um dos maiores entraves na tomada de decisão em investir em projetos focados na melhoria e inovação. A sustentabilidade operacional de uma empresa é sagrada e, por isso, sua operacionalidade, muitas vezes, é considerada imutável pelos seus gestores, pois a segurança alcançada após o árduo trabalho executado durante sua implementação faz a empresa dormir em berço esplêndido, esquecendo-se da concorrência e das mudanças que acontecem com o tempo.
- Porque entrar em dívidas: concordo que fazer investimentos em tecnologias inéditas implica em grande risco de se criar um passivo sem um ativo equivalente para compensá-lo. Investimentos em equipamentos normalmente caros, por isso são adotadas soluções caseiras e ineficazes, as famosas "gambiarras", comprometendo assim a performance e o resultado do projeto final. Aqui devemos obrigatoriamente diferenciar, com devida parcimônia, um ativo bom de um ativo ruim, pois o bom gera lucros e o ruim gera problemas, como resultados pífios e perda de competitividade.
- Investimento sem payback: muitos investimentos são rejeitados pelos financeiros devido ao longo prazo de retorno do capital, porém na maioria das vezes o cálculo não leva em consideração fatores como custos intangíveis dos processos atuais, estratégia de competitividade dos produtos no mercado a longo prazo e utilização de capital de giro. Sou totalmente contra o “Efeito Disposição”, no qual os investidores preferem assumir menor risco no campo dos ganhos do que no campo das perdas.
Resumindo, tenho a total convicção que o sucesso operacional de uma cadeia produtiva parte da criatividade e agilidade nas mudanças, melhorias e aperfeiçoamentos. A melhoria contínua rápida e frequente inibe os copiadores de plantão e permite a exclusividade e excelência dos produtos e/ou serviços fornecidos.
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Melhorar o que está bem feito é muito mais prazeroso que melhorar o mal feito. Corrigir o errado é mais fácil que melhorar o certo.
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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