Ganhando competitividade operacional na Indústria 4.0

A Ind 4.0 é sinônimo de versatilidade e acuracidade, portanto, sem estes dois últimos, não existe nada de 4.0

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 03/06/2024

Chegamos hoje à vigésima edição de nossa Coluna Fábrica Inteligente, para os portais CIMM & Ind4.0, na qual tenho tentado colocar em formato mais simplificado e objetivo possível uma ideia básica de como estruturar, planejar e operar uma operação industrial dentro da filosofia de uma Indústria 4.0. Evidenciamos, já na primeira edição, as diferenças básicas entre a indústria convencional e a Indústria 4.0, e o porquê de se investir em automação, digitalização e planejamento.

Em seguida, se utilizando de um plano de negócio, formatamos os principais pilares de sustentação de uma Ind 4.0, na qual um sistema operacional gerencia uma ou várias cadeias produtivas, fornecendo e atualizando as informações de um único e geral banco de dados.

A cultura organizacional disciplinada e a integração moderada entre homem e máquina também foram assuntos abordados, nos quais ficam evidenciadas a importância das pautas de manutenção, sinergia entre os módulos operacionais e a previsibilidade dos resultados.

Nas últimas edições, foram abordados assuntos como monitoramento de uma cadeia produtiva, avaliando seu índice de incompetência, como dosar o nível de automação a ser aplicado e o comportamento administrativo ideal de governança. Todos são assuntos relevantes e, se levados em consideração, teremos como resultado um razoável e funcional projeto de Indústria 4.0.

Existem várias maneiras e configurações de se planejar um sistema operacional, e com um enorme contingente de detalhes técnicos e operacionais, e nesta edição vou acrescentar mais alguns que até então não foram mencionados aqui nesta coluna.


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Quando falamos em Indústria 4.0, não estamos falando somente em digitalização, automação, Inteligência Artificial, Internet das Coisas, etc. Estamos também falando da necessidade de uma base de sustentação de tudo isso que já foi mencionado até agora, que tem como matéria-prima básica a disciplina e a filosofia operacional da Ind 4.0. 

Essa disciplina e essa filosofia operacional devem fluir por todas as áreas e departamentos de uma empresa, atualizando, treinando e reciclando todos os envolvidos na cadeia produtiva, constante e assiduamente.

A versatilidade de um negócio ou de uma cadeia produtiva é a grande chave para o sucesso na obtenção dos resultados e retorno dos investimentos. A Ind 4.0 é sinônimo de versatilidade e acuracidade, portanto, sem estes dois últimos, não existe nada de 4.0.

Vamos aqui acrescentar mais algumas ideias, na tentativa de enriquecer o menu de alternativas para se atingir uma melhor performance de um sistema operacional.

  • Uma máquina que produz máquinas é tão importante quanto os produtos por ela produzidos. O esforço mental para se projetar um produto é ínfimo quando comparado ao esforço para se projetar uma fábrica que irá produzi-lo. A fábrica ideal é aquela que entrega os resultados, mantendo a flexibilidade do negócio que o seu mercado exige. 
  • O designer vira engenheiro e o engenheiro vira designer. Esses dois profissionais podem fazer enorme diferença nos resultados de um determinado negócio e eficiência de sua respectiva cadeia produtiva. A combinação perfeita entre materiais, design e processos industriais faz toda a diferença quando falamos de competitividade na Indústria 4.0. O produto, além de ser bom, deve ser fácil de ser produzido. É aqui que surgem os produtos de sucesso e resultados operacionais fabulosos. São fabricados produtos que, a cada dia de uso, se tornam melhores e com custos operacionais baixos.
  • Coloque seus fornecedores e clientes como parte integrante do seu corpo operacional. Inclua seus fornecedores e seus clientes em sua cadeia produtiva e forneça a eles as informações existentes no seu banco de dados, fazendo com que todos acompanhem de maneira online toda a cadência dos processos. Se o seu fornecedor souber que um item fornecido por ele apresentou uma não conformidade, ou foi danificado por qualquer razão, sua reação será automática e rápida na reposição, não afetando assim a cadência da cadeia produtiva e nem a necessidade de solicitações de emergência e correrias. A área comercial, por sua vez, é imediatamente avisada do possível atraso e poderá tomar as devidas providências comerciais para que esta ocorrência não afete os resultados do plano de negócio. 
  • Livre-se de tudo que é supérfluo. Somente mantenha na cadeia produtiva passos e processos que realmente são essenciais para manter a cadência e agregar valor nos produtos.
  • Elimine reuniões e apresentações infindáveis. Um plano de contingências bem elaborado com certeza irá conter a maioria das ações e reações para gerir um problema, resultante de uma não conformidade. Portanto, não perca tempo com elucubrações.     
  • A objetividade na resolução de problemas é crucial, sem divagações e indo direto na fonte. Band-aids podem ser úteis na hora do sufoco, mas nunca serão uma solução definitiva. Essa poderá ser uma métrica muito importante a ser considerada: definir uma classificação de criticidade para os problemas, tipo A,B e C, e o tempo médio que cada um levou para ser resolvido.

Quanto mais tempo é gasto para se resolver um problema, maior o nível de incompetência de uma cadeia produtiva.

 

*Imagem de capa: Depositphotos

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.