Revolução 4.0: a grande ausência no debate político nacional

A Revolução 4.0 ainda é vista como algo futuro, sendo que a mesma já está acontecendo e se esta não entra no debate político e social nem no planejamento do governo, o risco de haver uma defasagem é ainda maior do que o ocorrido durante a industrialização no Brasil

Por: Wesley Sa Teles Guerra      06/12/2018

Ao longo da história democrática do Brasil, poucas eleições foram tão amplamente discutidas pela sociedade como o recente processo eleitoral, no qual Jair Bolsonaro liderou um crescente movimento de direita e de setores mais conservadores, fazendo uso de um discurso considerado mais liberal e pró-mercado. Longe de fazer uma avaliação dos resultados das eleições e de suas repercussões na sociedade e na economia brasileira, o intuito deste artigo é discorrer sobre a ausência de um tema fundamental para o futuro da nação e que foi negligenciado por todos os candidatos a presidência, inclusive pelo vencedor, e que deveria estar ao alcance da população, já que o mesmo representa uma mudança de paradigmas em todas as esferas da vida social, política e econômica, sendo sem dúvidas de interesse de todas: a revolução 4.0.

Embora seja um assunto cada vez mais recorrente no mundo empresarial devido ao avanço da Industria 4.0, o fato é que a quarta revolução industrial ainda é uma grande desconhecida do público brasileiro, assim como seu impacto no sistema produtivo nacional e no mercado de trabalho do país.

Não é atoa que a revolução 4.0 é chamada de “revolução silenciosa” já que a mesma promove uma crescente integração entre o mundo real e o virtual, reduzindo barreiras, implementando novas tecnologias e modificando as estruturas vigentes, sem gerar o impacto visual típico das revoluções anteriores.

Mas por que a revolução 4.0 deveria fazer parte do debate político atual? O motivo é bem simples. Não se pode debater o futuro sem levar em consideração as transformações produtivas, sociais e econômicas, decorrentes da nova revolução industrial. Um exemplo visível dessa necessidade é quando tratamos de assuntos tais como a geração de emprego ou o aumento da produção.

Setores clássicos como o agronegócio, a construção civil e a produção industrial estão em pleno processo de transformação industrial havendo uma implementação de novas tecnologias da Revolução 4.0. Desse modo é necessário adaptar o mercado de trabalho ou a geração de empregos não será a mesma e as funções clássicas de determinados setores devem desaparecer, afetando as parcelas mais vulneráveis da população que permanecerá a uma margem do processo.  

Assim mesmo, setores como educação e infraestrutura também são afetados pela Revolução 4.0 sendo necessário alinhar a evolução de ambos, caso contrário haverá uma demanda por profissionais qualificados, superior a existente, e a falta de infraestrutura atualizada, o que sem dúvidas aumentará ainda mais o risco pais e a distancia do mesmo das cadeias produtivas globais.

A Revolução 4.0 ainda é vista como algo futuro, sendo que a mesma já está acontecendo e se esta não entra no debate político e social nem no planejamento do governo, o risco de haver uma defasagem é ainda maior do que o ocorrido durante a industrialização no Brasil o que promoverá não o desenvolvimento do país mas uma crescente desigualdade com polos desenvolvidos e outros presos em um passado de produção praticamente artesanal.

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Wesley Sa Teles Guerra

Innovation & Industry 4.0 specialist - Master Social Politics & Migrations - MBA Global Partnership - MBA Marketing - Political Sciences and International Relations Post Degree - Business Management Degree

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