A Huawei Technologies está prestes a finalizar a construção de seu centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão) em Xangai, visando atrair cientistas estrangeiros com vantagens exclusivas, segundo a publicação do South China Morning Post. Localizado em Jinze, no distrito de Qingpu, o novo Centro de P&D do Lago Lianqiu compreende oito blocos e 104 prédios, formando um complexo de laboratórios, escritórios e áreas de lazer conectados por um sistema ferroviário interno.
O campus, que cobrirá uma área de 160 hectares, está em fase final de construção, com alguns projetos de pontes e ecologização ainda em andamento. Cerca de 30.000 funcionários de P&D se mudarão para o novo campus para trabalhar em áreas como semicondutores, redes sem fio e Internet das Coisas. De acordo com o chefe do distrito de Qingpu, Yang Xiaojing, o campus iniciará suas operações ainda este ano.
Segundo o jornal diário econômico japonês The Nikkei, a missão do centro abrange a fabricação de máquinas de litografia, essenciais para a produção de chips avançados. No entanto, os controles de exportação de Washington limitaram significativamente o acesso da Huawei a esses equipamentos, cuja produção é dominada por apenas três empresas: a ASML dos Países Baixos, e as japonesas Nikon e Canon.
Os equipamentos semicondutores e os próprios chips foram alvo dos controles de exportação dos EUA, com Washington pressionando o Japão e a Holanda a implementar restrições semelhantes para limitar o acesso da China a essas tecnologias. Como resultado, muitos fabricantes de chips chineses começaram a buscar alternativas nacionais. A Naura, principal fornecedora chinesa de equipamentos semicondutores, viu sua receita mais que quadruplicar desde 2018 e espera um novo recorde em 2023, segundo o The Nikkei.
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A Huawei também reforçou agressivamente suas capacidades domésticas em resposta à repressão dos EUA.
Após as restrições dos EUA, a empresa se voltou para a fabricante chinesa SMIC e outros fornecedores locais de chips, além de investir na produção de chips em parceria com governos locais em cidades como Shenzhen e Qingdao.
Ren Zhengfei, fundador e presidente-executivo da Huawei, expressou seu desejo de criar um ambiente acolhedor para cientistas estrangeiros durante uma reunião interna em 2021, mencionando a criação de "uma atmosfera adequada para cientistas estrangeiros trabalharem e viverem" como um dos objetivos do campus. Em outubro de 2022, as restrições americanas também proibiram “pessoas dos EUA” de apoiar o desenvolvimento ou produção de chips em certas instalações de fabricação de semicondutores na China sem uma licença.
No ano passado, a Huawei investiu 23% de sua receita total, cerca de 164,7 bilhões de yuans, em iniciativas de P&D. Com 114.000 funcionários, mais de 55% da força de trabalho da empresa está envolvida em atividades de P&D. A empresa também está preparada para lançar o HarmonyOS Next, encerrando o suporte para aplicativos Android, numa tentativa de quebrar o domínio dos sistemas operacionais móveis ocidentais na China continental.
*Imagem de capa: Depositphotos
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