Em um novo passo para a internacionalização de soluções industriais brasileiras, seis startups do Brasil foram selecionadas para o programa Startup Welcome Package, que ajuda startups internacionais a encontrar clientes reais e parceiros de inovação na Alemanha, na região de Stuttgart. Foram dez bolsas fornecidas pela Stuttgart Region & Pioniergeist GmbH para startups de todo o mundo; 60% das vagas foram preenchidas por indtechs brasileiras que participaram do BiG 2023.
A região de Stuttgart está reconhecendo a necessidade de digitalização da indústria e tem investido no intercâmbio de inovação de soluções para atender essa demanda. Claudio H. Goldbach, conselheiro de inovação e idealizador do BiG 2023, explica que a Alemanha, embora seja referência em automação, inovação e tecnologia industrial, ainda está atrasada na digitalização de processos. Uma grande oportunidade para as indtechs brasileiras que buscam entrar no mercado internacional.
“O estado de Baden-Württemberg tem uma história de invenção e inovação, sendo muito industrializado. Carro, bicicleta e trator foram inventados aqui, neste estado que abriga sede de empresas mundialmente conhecidas, como Porsche e Mercedes-Benz. Os governos, tanto estaduais quanto municipais, perceberam que a cooperação internacional é crucial para se manter na vanguarda e estamos muito conectados, aproveitando as sinergias históricas entre Brasil e Alemanha”, explica Goldbach.
A iniciativa vai ao encontro do esforço alemão de ampliar o intercâmbio de soluções devido a uma demanda local. Em março deste ano, o vice-chanceler federal e ministro alemão da Economia e Proteção Climática, Robert Habeck, juntamente com o ministro alemão de Alimentação e Agricultura, Cem Özdemir, visitaram o Brasil com o objetivo de fortalecer as relações econômicas e a cooperação na proteção climática, e a digitalização foi um dos temas destacados. A visita contou com uma delegação econômica alemã composta por representantes de aproximadamente uma dúzia de empresas de diversos setores, com ênfase em digitalização, tecnologia, bioeconomia e energia, de acordo com publicação do Deutsche Welle Brasil.
Indtech brasileira volta à Alemanha
Ao reconhecer a demanda e abrir as portas para empresas internacionais, as indtechs brasileiras chamam a atenção do mercado alemão pelo seu potencial empreendedor e de inovação em processos industriais. Bruno Eisinger, um dos fundadores da Infinite Foundry, indtech brasileira que também tem escritório em Portugal, concorda com Goldbach sobre o destaque alemão na automação e adiciona: “mas, para mim, o líder mundial de processos é o Brasil”. Para o executivo da Infinite, indtech participante do BiG 2023 e selecionada para o programa de Stuttgart, as necessidades enfrentadas pela indústria brasileira levam os brasileiros a serem mais resilientes e criativos - um diferencial para o mercado internacional.
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“Aqui os volumes mudam constantemente, as empresas precisam se adaptar muito rápido às mudanças de mercado. O mercado europeu, por outro lado, e o mercado alemão, possuem um planejamento muito preciso. A pandemia, crise global e outras situações viraram esses processos, exigindo uma adaptação rápida das empresas”, diz Eisinger. “Para que esse tempo de reação seja menor, os processos de simulação desse cenário fazem muito sentido, e isso o mercado brasileiro já faz há alguns anos”.
A Infinite Foundry venceu o Desafio Siemens, durante a Feira de Hannover, durante a imersão do programa BiG 2023, usando seu caso de sucesso vencedor, que levará como carro-chefe na nova oportunidade em Stuttgart. Eisinger explica que para vencer o desafio lançado pela Siemens Energy, a equipe liderada por ele e pelo CEO André Luz criou um ambiente 3D georreferenciado que permitiu o monitoramento de um robô em áreas sem conectividade. Ao todo, trinta empresas participaram da competição e seis disputaram a final.
“É a famosa adaptabilidade e interoperabilidade do processo que nos coloca muito à frente no mercado internacional. Isso faz com que a gente consiga ter sucesso em outros mercados”, destaca o executivo.
Para a Infinite, embora já possuam um escritório na Europa, a entrada no mercado alemão ainda exige a construção de uma relação de confiança. “Este não é um processo que acontece do dia para a noite. É nisso que estamos muito focados. Por conta disso o programa [BiG 2023] faz super sentido, ali apareceu um público que ainda não tínhamos atingido. Embora já tivéssemos tido contato com algumas pessoas-chaves, o BiG proporcionou que a gente pudesse ampliar essa gama de clientes e uma validação desse processo, de consolidação de confiança”, finaliza Eisinger.
Programa de negócios de Stuttgart
O programa Startup Welcome Package selecionou startups com atuação nas seguintes áreas: Indústria e Logística Inteligentes; Automotivo e transporte; Tecnologia Verde e Energia; Tecnologia da Informação, Inteligência Artificial e Sistemas Quânticos; Fintech e DLT; Materiais inteligentes e design; Construção sustentável e engenharia de construção Mídia & Comunicação; Tecnologia Agricultura & Indústria Alimentar/Varejo.
As seis participantes do BiG 2023 selecionadas no programa são: Digimet by TERMICA; HEDRO; Infinite Foundry; Melvin; Quality Storm; ST-One.
As dez selecionadas de todo o mundo para o programa participarão de treinamento, dez dias de imersão em hub de inovação de Stuttgart, rodadas de negócios, programa on-line e informações em primeira mão sobre as oportunidades de negócios na região. A imersão na cidade alemã começa no início de julho.
Reforçando o ecossistema de indtechs brasileiras
O Programa Brazilian Indtechs in Germany - BiG 2023 foi a primeira chamada de Inovação Aberta Internacional coorganizada pelo Findeslab, hub de inovação da indústria capixaba, Next Mannheim, hub alemão de inovação aberta entre indústrias e startups e a Embaixada Brasileira em Berlin. Após um giro de rodada no Espírito Santo, com o Top 20 do BiG 2023 e indtechs locais, o BiG 2023 segue em negociação para expandir para o Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
“O BiG 2023 é um programa que surgiu para internacionalizar indtechs brasileiras na Alemanha. Durante a missão de dez dias na Alemanha, em abril deste ano, percebemos que juntos, como uma comunidade, poderíamos também causar um grande impacto positivo no mercado industrial brasileiro e decidimos criar rodadas de negócios em vários estados do Brasil, em um movimento batizado de BiG_in. Em junho deste ano tivemos o BiG_in Espírito Santo, o qual gerou mais de 400 conexões em um dia", diz Goldbach. “Somos um movimento de inclusão, vamos para o estado e convidamos empresas para fazer parte. Estamos reforçando o ecossistema de indtechs brasileiras. Quanto melhor as indtechs forem, melhor a indústria nacional será”.
*Imagem de capa: Depositphotos
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