A pandemia, bem como os desafios geopolíticos, provocaram um aumento na digitalização entre setores, e a manufatura não é exceção, uma vez que a eficiência na fabricação de produtos por meio de tecnologias de ponta e mão-de-obra especializada é agora mais que uma prioridade: é uma das mais importantes ferramentas (e estratégias) da transformação digital nas empresas para atendimento às demandas de fornecimento. Mas há desafios.
O Relatório Anual de Manufatura 2020 da PwC, empresa presente em 158 territórios com um contingente de mais de 236 mil profissionais dedicados à prestação de serviços em auditoria e asseguração, consultoria tributária e societária e consultoria de negócios e assessoria em transações, já assinalava há dois anos que a indústria britânica, por exemplo, vem enfrentando a maior escassez de trabalhadores desde 1989. No Brasil, a situação não é diferente, como também já reportava a Sondagem 2020 da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo dados do relatório, apesar do desemprego elevado, a falta de trabalhadores qualificados vem afetando boa parte da indústria no Brasil, com reflexos negativos sobre a produtividade das empresas e a qualidade dos produtos.
Dentro desse cenário, a digitalização das cadeias de suprimentos vem sendo amplamente discutida por especialistas como o caminho para vencer as adversidades dos momentos de crise, adequando e modernizando as empresas para as exigências de uma nova realidade. Ainda assim, as oportunidades para digitalizar a supply chain estão apenas começando.
Encarando as questões de frente
Embora a indústria em nível global sinta os efeitos da escassez de mão-de-obra, há também outras pendências a resolver. E para isso, os fabricantes devem primeiro reconhecer o potencial que a digitalização pode oferecer para os seus negócios. Em 2021, um estudo do renomado instituto de pesquisa Handelsblatt e da TeamViewer, provedora líder global de soluções de conectividade remota e digitalização de ambientes de trabalho, constatou que apenas 33% das empresas de logistica na Europa tinham um plano de transformação digital em vigor. Ainda mais surpreendente foi a descoberta de outra pesquisa da TeamViewer, desta vez realizada em 2022: apenas 45% dos trabalhadores de manufatura e logística acreditam que tecnologias de comunicação digital e softwares de colaboração se tornarão relevantes para os setores da indústria em que atuam.
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E esse, a meu ver, é um dado alarmante, porque as empresas precisam entender que investir na digitalização da supply chain é a única forma de torná-la mais resistente e ágil a fim de preparar seus negócios para uma economia global altamente dinâmica e em constante evolução. Os trabalhadores da linha de frente podem, e devem, ser assistidos com tecnologias digitais para ajudar no atendimento às demandas de fornecimento. Sem a implantação das soluções certas, as empresas correm o risco de serem deixadas para trás por não atuarem com toda a plenitude de seu potencial digital. Então, o que mais pode ser feito para digitalizar a linha de frente?
Trabalhando de forma inteligente com smart glasses
Os profissionais de manufatura e logística podem trabalhar de um jeito muito mais produtivo e inteligente, e com alta performance, usando smart glasses no chão de fábrica. Com a tecnologia de Realidade Aumentada (RA), que dá aos usuários o poder de interagir com o mundo real por meio de conteúdos digitais adicionados, os óculos inteligentes projetam instruções diretamente no campo de visão dos trabalhadores, ajudando-os no cumprimento de suas funções com eficiência e segurança. Os smart glasses também permitem que o trabalhador tenha as mãos livres para atuar fisicamente seguindo as instruções e etapas da documentação automatizada, aumentando a produtividade.
Os óculos inteligentes podem também, por exemplo, ser de grande valia para a indústria alimentícia, usando Inteligência Artificial (IA) para validar a qualidade dos produtos através do reconhecimento de imagem. Para isso, o software executado em smart glasses compara os itens produzidos, permitindo visualizar virtualmente o estado real e o estado-alvo dos produtos, aumentando a precisão e o resultado para o cliente.
Uma aplicação importante desse tipo de wearable na indústria de alimentos é também o apoio à manutenção dos padrões de saúde e segurança, já que torna possível verificar se os funcionários estão usando luvas e outros itens obrigatórios de higiene, melhorando a segurança dos alimentos e do local de trabalho.
Os smart glasses aprimoram o desempenho dos trabalhadores da linha de frente, aumentando a capacidade, a eficiência e a precisão para atender às demandas da cadeia de fornecimento da empresa.
Inteligência Artificial: segurança, eficiência e retenção de pessoal
A tecnologia de IA foi projetada para melhorar o dia a dia dos trabalhadores da linha de frente, a rotina de tarefas regulares e a precisão e a ergonomia das equipes de fabricação e logística.
Outros benefícios da implantação da IA incluem automação, controle e manutenção de precisão e qualidade, verificação e confirmação de etapas e processos de trabalho e até mesmo a inclusão de alertas automáticos sobre riscos no ambiente laboral, como, por exemplo, atividades de deslocamento e carregamento de materiais em áreas específicas de galpões e depósitos.
A incorporação do uso da IA na linha de frente aprimora a eficiência dos negócios, aumenta a satisfação dos trabalhadores e mantém os padrões de saúde e segurança — fatores que certamente ajudarão na retenção de pessoal em setores nos quais manter trabalhadores qualificados é um desafio constante.
Inteligência Aumentada e a Supply Chain do Futuro
A combinação da tecnologia de Inteligência Artificial com wearables para criação de uma ‘Inteligência Aumentada’ dá às empresas a possibilidade de liberar todo o potencial de suas cadeias de suprimentos e de seus trabalhadores da linha de frente.
Acredite, essa Inteligência Aumentada mudará o rumo dos negócios como os conhecemos agora.
Com a Indústria 4.0 impulsionando o futuro, em breve as companhias poderão usufruir dessa poderosa união de capacidades em vários cenários. Mas fica o alerta. Para alcançar esse nível de inovação e excelência, as empresas precisam garantir estar sempre à frente, investindo na transformação digital e acompanhando de perto a evolução dessas novas tecnologias para proteger sua futura linha de produção, mitigar a escassez de mão-de-obra e levar a indústria a uma nova era de digitalização.
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