Enquanto se aprofundava na indústria 4.0, Alexandre Vincentim, mestrando da FEI, lia e ouvia muito sobre como essa tecnologia iria distanciar as pequenas e médias empresas das grandes em quesitos como produtividade e custo de operação. Afinal, o maquinário moderno permite maior precisão no trabalho, aproveitamento de matéria-prima, e ainda prevê o tempo entre falhas para que a manutenção preventiva fique sempre em dia com custo acessível. “Além disso, a parte ambiental foi uma grande motivadora da pesquisa. Estamos em um ponto do planeta que não é mais viável desperdiçar recursos e construir sempre coisas novas”, completa Alexandre.
Assim como em todo o mundo, a indústria brasileira não está totalmente modernizada. Essa é uma dificuldade global e discussão em vários países. Aqui no Brasil, o pátio fabril tem equipamentos com, em média, 20 anos de funcionamento. “São máquinas que funcionam bem e a porta de entrada para a modernização é tê-las conectadas, trabalhando com processos digitais", explica Fábio Lima, professor da FEI e coordenador do Centro de Inovações da Instituição. "Para isso, o passo inicial do nosso projeto é fazer um diagnóstico. Não existe uma solução de prateleira porque uma máquina é diferente da outra, e a ideia é que as mudanças estejam alinhadas às necessidades da empresa”.
Para isso, segundo o professor, era necessário buscar os componentes que pudessem digitalizar uma máquina antiga. Sensores que identificam os indicadores necessários para o cliente, como gasto de energia ou vibração do equipamento, e sistemas que fazem tudo “conversar” para gerar os dados a serem analisados pela equipe que opera a máquina.
“Você tem que fazer um sensor de uma marca se conectar à máquina de outra marca e entrar em contato com o sistema da nuvem. Então, essa parte da instalação e configuração foi um desafio. Era necessário adaptar, entender bem os dispositivos. Ficamos um ano dedicados às pesquisas e outro ano nesse processo de implementação”, conta Vincentim, que ainda reforça a diferença: “não afetamos o funcionamento da máquina, focamos na medição dos indicadores que a empresa precisa para que, com os dados, possam melhorar consumo e produtividade”.
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O lado bom é que todas as soluções já existiam em parcerias da FEI com instituições que oferecem seus produtos para estudos e, em contrapartida, ganham inovação e reconhecimento no mercado
Parcerias que trazer o futuro para o presente
Além da Siemens, que desde 2016 contribui com tecnologias em um laboratório de Manufatura Digital, a FEI convidou, em 2021, a AIQuatro para aplicar seus sensores e soluções em estudos como os conduzidos no Centro Universitário.
Sobre a parceria, Rafael Pavão, CEO da AIQuatro, explica como foi o processo na startup. “Oferecemos nosso produto de prateleira: o sensor de vibração. Ele possui as mesmas características dos melhores produtos do mercado internacional e foi desenvolvido para modernizar o pátio fabril brasileiro que, de acordo com o CIESP [Centro das Indústrias do Estado de São Paulo], tem 98% das máquinas sem preparo para a indústria 4.0. Com o sensor e a tecnologia em nuvem, trazemos à realidade a manutenção prescritiva da indústria 4.0 para o pátio fabril brasileiro”, comenta.
As parcerias prometem se conectar e expandir. Segundo Fábio, a FEI já começou uma jornada com a Ericsson e a Telefônica Vivo para um Centro de Soluções 5G. “A FEI foi a primeira instituição de ensino do mundo a ter acesso à plataforma de internet das coisas da Siemens. Inclusive foi com ela que construímos a plataforma desse projeto. E, em dezembro, transmitimos pelo 5G os dados gerados nessa máquina adaptada”.
Para Rafael, os planos dessa parceria também estão definidos. “Temos traçado com a FEI projetos para desenvolvimento de sensores 5G e a inclusão de alunos em projetos de modernização e implantação, em indústrias reais, da solução de manutenção prescritiva criada por nós”.
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