Soluções para a indústria 4.0 e qualificação de mão de obra marcam Feimec 2022

Confira os destaques do que aconteceu na feira de máquinas e equipamentos que acabou neste sábado, 7.

Por: Redação CIMM/ Imprensa Feimec      09/05/2022 

A automação industrial, robótica e qualificação da mão de obra para a indústria 4.0 foram alguns dos temas destaques da edição deste ano da FEIMEC 2022 - Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, que ocorreu na última semana no pavilhão do São Paulo Expo, em São Paulo. Diversas empresas do segmento levaram novidades neste sentido, devido à crescente demanda de transformação para uma indústria brasileira 4.0.

De acordo com o supervisor de projetos estratégicos do Serviço Nacional da Indústria (Senai-SP), Fernando Telli, iniciativas 4.0 fomentam a indústria e contribuem para o aprimoramento da mão de obra, porém ainda assustam o setor. 

“A Indústria 4.0 assusta um pouco o setor, que ainda sente dificuldade na contratação de mão de obra especializada. Algumas empresas não assimilaram bem a magnitude dessas tecnologias habilitadoras, por isso temos que investir em soluções tecnológicas e capacitação profissional, preparar as pessoas para atender a demanda desse mercado. Nossas parcerias proporcionam inovações, experiências e oportunidades para uma indústria mais conectada”, diz.

A entidade disponibiliza o programa SENAI + Parceiros, uma iniciativa que busca cooperar com empresas, focando em inovação tecnológica, a fim de atender às novas demandas da indústria. O programa já soma 176 empresas atendidas, distribuídas em 28 áreas tecnológicas. As parcerias podem se dar mediante diferentes modelos, como comodata, doação e cessão não onerosa de softwares.
 
Telli destaca também o projeto Jornada da Transformação Digital, que oferece consultoria gratuita para pequenas e médias empresas. O SENAI SP possui hoje 92 escolas físicas e 78 unidades móveis de ensino em todo o estado. Uma das unidades móveis é voltada para a Indústria 4.0 e a escola que fica em São Caetano do Sul é referência nacional nos estudos do assunto.


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Empresas presentes no evento também firmaram parcerias com programa de qualificação profissional e projetos inteligentes desenvolvidos pelo Senai, a exemplo da Tornos. A empresa suíça construiu uma cooperação com a escola para instruir operadores a usarem a máquina DT26HP. O objetivo da parceria é suprir a carência de mão de obra especializada na área, problema que, de acordo com a responsável pelo setor administrativo e comercial da Tornos, Mayara Wachmann, não é exclusivo do Brasil.

“A falta de qualificação para esse tipo de maquinário é um problema no mundo todo, inclusive na Suíça, país de origem da marca. O nosso diferencial aqui no Brasil é ter um órgão estruturado e qualificado como o SENAI para apoiar projetos nesse sentido”, disse. 

A empresa disponibilizou um torno suíço por dois anos à unidade SENAI do Brás, centro de São Paulo. No local será realizado um curso de aperfeiçoamento de 80 horas exclusivo para esse equipamento. Para participar das aulas é necessário que o aluno tenha experiência em usinagem industrial. Além do curso de curta duração, a escola irá incluir o torno suiço nas disciplinas dos cursos de longa duração de Técnico em Mecânica e Mecatrônica e Aprendiz Industrial Mecânico de Usinagem.

Soluções 4.0

Além da capacitação da mão de obra, a indústria também enfrenta desafios no dia a dia de suas produções. Empresas presentes no evento trouxeram algumas soluções que tornam o chão de fábrica mais eficiente com a aplicação de tecnologias 4.0. 

Um desses desafios é o uso inteligente dos espaços, visto que isso pode agregar muitos custos e problemas logísticos às empresas do setor. Durante a Feimec, a Siemens apresentou em seu estande de ideias o Estoque Digital - um espaço virtual onde a empresa dispõe seu catálogo de peças e a produção das mesmas acontece conforme a demanda, via manufatura avançada. 

Além das vantagens em relação ao espaço físico, esse sistema também favorece o custo, uma vez que o design pensado para essas peças pode reduzir os materiais utilizados para fabricação. “Temos exemplos de peças que, na manufatura tradicional, usa-se 14 componentes para fabricá-la. Já na impressão 3D, o número de materiais cai para um. O software oferecido pela Siemens faz o desenho inteligente do projeto e a gestão de dados de cada peça”, explica Henrique Monteiro, gerente de pré-venda da Siemens.

A Sew Eurodrive Brasil trouxe ao estande um modelo promissor para a Indústria 4.0, o AGV - Automated Guided Vehicle. O equipamento facilita o transporte de materiais dentro das indústrias, uma vez que a sua rota pode ser traçada e controlada por wi-fi. Os mini carros podem ser alimentados por energia, bateria ou indução e a principal vantagem é a flexibilização no espaço interno da empresa, visto que com o uso dessas máquinas não há necessidade de instalações fixas.

A Comau, por sua vez, trouxe para a feira soluções de robótica para a indústria automotiva, que estão em uso nas fábricas de marcas como Jeep e da Fiat. As máquinas são responsáveis pela inspeção de pintura e qualidade, além da automação dos processos de soldas. O equipamento pôde ser visto em funcionamento em um carro da Jeep no estande da empresa.

Já Andrótica apresentou seus equipamentos e serviços de retrofit e automação, além de treinamentos direcionados à Indústria 4.0 - junto à STOPA, fabricante alemã e líder na fabricação de sistemas automatizados de armazenamento na Europa.

“Queremos apresentar os benefícios destes sistemas que, por muitos anos, têm transformado fábricas em centros de logística, garantindo que a produção alcance elevados níveis de desempenho na Europa. A parceria com a STOPA traz toda a qualidade alemã, que, alinhada à estrutura e suporte nacional, irá reforçar e ampliar os benefícios dos sistemas de armazenamento nos mais diversos segmentos industriais”, disse o diretor geral da Andrótica, Anderson Ferreira.

Desafios da indústria metalmecânica brasileira

A abertura do evento, na terça-feira (3), contou com empresários, políticos e representantes da indústria. Durante seu discurso de abertura, o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), João Carlos Marchesan, destacou a necessidade de ampla discussão sobre a retomada da indústria no país após a pandemia da Covid-19. 

“Tivemos dois severos anos de pandemia, mas isso não impediu o desempenho da indústria, mesmo diante de tantos desafios. No ano passado, o setor cresceu 20% e as projeções para este ano são positivas, mas é preciso discutir projetos, especialmente na área de tributação, economia verde e digitalização de produção”.

Marchesan enfatizou o peso do Custo Brasil na cadeia industrial, estimado em 30%, e enfatizou a relevância do setor para o desenvolvimento da economia em geral. "O país não cresce sem a indústria da transformação, mas o Estado precisa dedicar esforços e focar no planejamento de reindustrialização. Isso é crucial para a nossa economia", disse.

O encontro contou também com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Matturro, que na ocasião representou o governador Rodrigo Garcia. Maturro destacou que não há crescimento sem a indústria de transformação para qualquer setor, inclusive no agronegócio. 

A questão dos semicondutores foi trazida pelo deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Vitor Lippi. A Lei 14.302, deste ano, prorroga até 2026 os incentivos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). O objetivo é dar novo fôlego à produção de semicondutores do Brasil, setor altamente prejudicado pela pandemia da Covid-19 no mundo inteiro. 

O deputado federal também criticou o sistema tributário em vigor no país e seus nocivos impactos na indústria nacional. "Entre 190 países, o Brasil está na posição 184 no quesito pagamento de tributos, ou seja, existem apenas seis países com um sistema tributário pior que o nosso. Aqui, o custo de produção é quase 10 vezes superior a outros países e o nosso Custo Brasil representa cerca de 22% do PIB", disse.

Para o presidente da Informa Markets, Marco Basso, a FEIMEC 2022 oferece grandes oportunidades de networking e de negócios. “A indústria é a base de desenvolvimento da sociedade, por isso a FEIMEC é o evento mais importante do setor na América Latina. Temos aqui 900 expositores que fazem desse espaço um polo de experiências, relacionamentos e tecnologia. Estamos gratos em realizar esse evento depois de anos tão difíceis”, destaca Basso.

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