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PIMM 4.0: Aplicação de modelo de maturidade e prontidão é desafio para a indústria brasileira

Por: Stefani Ceolla/ Especial CIMM      Exclusiva 13/12/2021 

Um modelo 100% brasileiro, criado em parceria entre a universidade e a iniciativa privada para medir a maturidade e prontidão da Indústria 4.0 no contexto brasileiro. Esse é o PIMM 4.0, que permite estruturar o plano de transformação digital industrial em cima de três pilares-base: gestão, processos e tecnologia.

Sandro Breval, doutor em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi quem desenvolveu esse programa, que atualmente vem sendo aplicado na Zona Franca de Manaus. Em uma palestra realizada online nesta semana, Breval explicou o modelo de maturidade industrial e quais são os principais desafios identificados na indústria brasileira para a efetiva transformação digital.

Segundo Breval, o PIMM 4.0 analisa a atuação da indústria em oito dimensões: produtos, manufatura, estratégia, modelo de negócios, logística, interoperabilidade, pessoas e cultura, e sustentabilidade. 

Em um primeiro momento de aplicação do modelo, é feito um diagnóstico da maturidade industrial de determinada empresa, para então serem apontadas soluções de digitalização e conectividade que garantam processos mais avançados e produtivos. 

O passo a passo de aplicação do modelo é dividido em quatro etapas. A primeira é o kickoff. Neste momento, é feita a coleta de dados em multinível, e se procura observar a operação, gerência e estratégia, e também atores da cadeia, como clientes e fornecedores. Além disso, é feita uma leitura externa, de um especialista, que contribui para a assertividade da aplicação do modelo.

Na sequência, são disponibilizados links para cada e-mail de pessoas envolvidas com o processo produtivo. Assim, é feita a coleta de dados quantitativa e de evidências. Isso leva ao terceiro passo: a análise preliminar. São emitidos relatórios e gráficos sobre a maturidade da empresa.

“Dessa análise inicial, a gente consegue entender um pouco o comportamento da organização. É uma análise multivariada. Depois, realizamos reuniões com grupos de colaboradores para o entendimento de determinada questão”, explica Breval.


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O quarto passo é a entrega de um diagnóstico, que inclui um pacote de relatórios e workshop de fechamento. “Temos um pacote muito preciso, com balizamento teórico, para cada dimensão e variável, além de um indicativo de melhorias e sugestões técnicas para as 68 variáveis analisadas. Medimos também as tecnologias utilizadas”, complementa Breval. 

Os entregáveis do projeto fornecem informações para análise e tomada de decisão focando principalmente em: Quais ações e investimentos devemos priorizar? O que realmente vai resultar em ganhos de capacidade e eficiência?

Desafios

O professor Sandro Breval explica que, com base nos locais em que o modelo já foi aplicado no país, é possível perceber que 78% das empresas coletam dados fabris, mas apenas 30% utilizam esses dados para melhorias de seus processos. O principal desafio, para ele, está na base: é preciso, antes de tudo, investir na coleta de dados, para então se avançar para a conectividade e melhoria nos processo de maneira digital.

Jornada Amazônia 4.O

Atualmente, o PIMM 4.0 está sendo aplicado em 20 empresas da Zona Franca de Manaus, em um projeto chamado Jornada Amazônia 4.0. Os resultados até agora indicam que apenas 3% das máquinas e sistemas são totalmente integrados. Em 33% das empresas, os dados fabris são coletados manualmente, e 43% dos dados são utilizados para controle de processos e tomada de decisão. 

“A gente tem que resolver o básico ainda. A coleta de dados, conexão entre as máquinas. Não temos uma base de coleta adequada para melhoria de processo de maturidade e prontidão. Com esse mapeamento, a gente faz uma orientação muito mais interessante para as organizações”, avalia Breval, que complementa que grande parte das empresas ainda está se iniciando no uso de valores digitais.

Para o professor, uma política pública ou um programa tecnológico deveria focar em resolver a base tecnológica de coletas fabris. “Temos alguns problemas a serem resolvidos antes de entrar numa etapa seguinte. E isso ajuda porque dá um senso de prioridade”, avalia.

A partir da adequada coleta de dados, é possível buscar a conectividade entre máquinas, por exemplo, considerada uma deficiência dos campos industriais.Outras sugestões dadas na palestra foram o investimento na habilidade digital de colaboradores e empresários, por exemplo. Há também, segundo o professor, ainda um receio sobre a necessidade de investimentos em tecnologia, mas o PIMM 4.0 é uma maneira de garantir segurança. “Através do diagnóstico a gente tenta reduzir a incerteza sobre a necessidade de investimento. A gente consegue mitigar esses riscos”. 

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