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Darwinismo digital e transformação digital na era AC/DC

Antes de navegarmos no Darwinismo Digital, preciso confessar que muita coisa mudou desde quando pensei em compartilhar o tema contigo

Por: Américo Roque      03/06/2020

Com certeza nossa conexão digital já deve ser AC (Antes do Covid-19), ou talvez essa seja a primeira vez DC (Depois do Covid-19) que compartilho contigo insights e experiências.

Agora sabemos que tudo na atualidade poderá ser dividido em AC/DC. Muitas ideias sobre Darwinismo digital vieram do período AC, e agora você e eu temos o desafio de reescrever essa realidade no DC.

Bem, em 2018 na era AC “a ficha caiu” para a Anatel em seu plano geral de metas de universalização (PGMU) ela decidiu redirecionar os investimentos com a manutenção de orelhões para a expansão da conexão banda larga via tecnologia 4G.

Hoje nas grandes cidades facilmente vivemos sem um telefone público. Mas, em tempos de WhatsApp, Skype e FaceTime você consegue imaginar o seu dia sem um sinal de rede? No home office forçado, pior ainda.

O smartphone em segundos te transporta para um mundo online virtual e incrivelmente real, fazendo você encontrar amigos, compartilhar ideias ou realizar negócios de forma global. Apesar de seu notebook ou smartphone ser movido por baterias de lítio e conexão via fibra ótica, a experiência de estar sentado em casa ou trabalho e conectar-se com o mundo é um momento incrivelmente humano e emocionante.

E quanto mais tempo e emoção gastamos em nossos dispositivos entre as experiências online e offline, mais os comportamentos e hábitos de consumo da sociedade fazem com que a evolução e acesso à tecnologia sejam cada vez mais desejados. Estar online nunca foi tão experimental, mudando tudo sobre como as pessoas se comunicam, se conectam e tomam decisões analógicas em suas vidas reais.

Os avanços tecnológicos combinados pela evolução de nosso comportamento estão evoluindo mais rapidamente, do que a capacidade de muitas empresas de adaptarem.


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No ano 2000 o americano Evan Schwartz nomeou este movimento com a era do “Darwinismo Digital”, descrevendo como as empresas deveriam de adaptar para sobreviver a crescente expansão tecnológica do momento. Ele criou para o mundo digital um modelo baseado na da Teoria da Evolução de Darwin de 1859, sobre a seleção natural, adaptação e formação de espécies dos animais. O conceito era simples, mas poderoso:

Não é a mais forte das espécies que sobrevive, nem a mais inteligente que sobrevive. É o que é mais adaptável à mudança.” Charles Darwin.

Para muitos o conceito do Darwinismo Digital foi a fagulha inicial das muitas empresas para investirem na transformação digital na busca de evoluir e modernizar os seus modelos de negócios para um mundo completamente disruptivo.

Grandes empresas de pesquisa e consultoria da Deloitte à IBM, da CapGemini à Altimeter dedicam recursos significativo para estudar como as empresas e seus líderes estão mudando por causa do mundo digital.

Fato é que com a exceção de algumas empresas excepcionais, muitos líderes apesar de declaram um discurso aberto as inovações ainda tomam decisões passivas diante a força do “Darwinismo Digital”.

Ou seja, muitos executivos acreditam que implementando novas tecnologias em prol de uma suposta “inovação” irão obter sucesso na transformação digital de suas empresas.

Isto simplesmente não funciona, pois o darwinismo digital exige mais do que mudanças incrementais de tecnologia ou processos, exige um mergulho profundo na capacidade de se adaptar e criar uma nova mentalidade de como se relacionar com os seus clientes.

Tom Goodwin, autor do livro também sobre Digital Darwinism, defende que a revolução digital exige uma ruptura com os processos e estratégias do passado. Cabendo aos líderes da era digital repensarem em como adotar tecnologias para criar essa revolução e não apenas a digitalização processual de suas empresas.

A transformação digital depende em 99% das pessoas e da cultura” – Tom Goodwin

Parece fácil, certo?

Errado, pois a maioria dos tomadores de decisão nas empresas, ainda reagem a expectativa dos acionistas terem mais lucro e não necessariamente conduzem a transformação digital para atender os clientes e mudar o seu mercado. Tipicamente, eu encontro muitos CEOs e líderes prontos para reagirem a pressão do resultado por meio de novas tecnologias e não no desenvolvimento do mindset das pessoas de suas empresas para nova realidade do mundo digital.

75% dos executivos e 37% dos funcionários afirmam que há uma cultura de inovação, experimentação e risco nas empresas que trabalham – Capgemini

Eles então sem o compreender o paradigma do Darwinismo Digital, ou seja, as expectativas, padrões e comportamentos das pessoas no mundo digital, geralmente acabam usando tecnologias e metodologias como sendo as soluções certas porem aplicadas na hora errada.

“Nem todas empresas estão prontas para a transformação digital” - Nathalie Trutmann, CEO da Hyper Island

Sem visão ou direção, as empresas sempre perderão a verdadeira oportunidade da era Digital.

Veja o cenário atual onde novas tecnologias que proporcionaram a expansão de empresas como Skype e WhatsApp, fazem com que as empresas gigantes de telecomunicações trabalhem urgentemente em aplicar e expandir inovações dos modelos de negócio para conseguir afastar essa ameaça.

Como sobreviver ao darwinismo digital

De acordo com a primeira lista da revista Fortune publicada em 1955, 429 das 500 empresas mais importantes do mundo já não existem mais. Em 2016 o relatório The Future of Jobs publicado pelo Fórum Econômico Mundial, apresenta a estimativa de que 5 milhões de empregos irão desaparecer nos próximos cinco anos nas principais economias mundiais devido a transformação digital e o movimento da indústria 4.0. Em meio a uma pandemia, estes números mudaram completamente.

“Esse é o momento do Darwinismo Digital- uma era onde tecnologia e sociedade estão evoluindo mais rápido do que o mercado consegue acompanhar. Isso cria o cenário propício para uma nova era de lideranças, uma nova geração de modelos de negócio que é impulsionado pelo mantra “adapte-se ou morra”.” – Klaus Schwab, CEO do World Economic Forum.

Por outro lado, tecnologias digitais também aceleram o ritmo e força da capacidade de inovação e criação, nunca em nenhum outro período da história tantas empresas e setores se reinventaram num período tão curto de tempo.

Então, como você garante que está do lado dos vencedores? A diferença entre vencedores e perdedores de negócios está em criar relevância.

Guerra de preços ou qualidade são estratégias do passado, a missão dos líderes na era do Darwinismo Digital é competir pela relevância de seus produtos e soluções. O futuro de suas empresas não será sobre tecnologia, mas sobre o envolvimento social e emocional das pessoas com suas marcas através das experiências de propósito genuíno.

O futuro dos negócios está na mudança de uma cultura de gerenciamento em busca de lucro para os acionistas para a cultura de liderança orientada pela construção de valor social, que começa com você no papel de líder protagonista.

É preciso ter visão. É preciso empatia. É preciso coragem para se reinventar como líder e agente social deste mundo digital.

Da longa lista de empresas consideradas “disruptivas”, como Uber na área de transportes, Airbnb na de hotelaria, Tesla no setor automotivo, Amazon e Alibaba no varejo, Netflix em entretenimento, algumas já sofrem a crise de viver no mundo digital sem ter um CEO capaz de exercer uma liderança protagonista e genuína, tema que até já daria um outro artigo.

“Somente uma em cada três empresas no mundo possui um programa eficaz de transformação digital.” Capgemini

Sinto informa-lo, mas não dá para virar a chavinha mágica do Darwinismo Digital, sem tocar em questões mais profundas que vão além de ser o líder de uma empresa “high-tech and cool”.

As novas tecnologias por si só não trazem inovação, mais do que o conhecimento, precisamos repensar no modo de interagir com todo o ecossistema em que sua empresa está inserida.

Na era do darwinismo digital, não é o mais forte que sobreviverá, são aqueles que vêem o que os outros não vê e fazem o que os outros não executam. Não se trata da sobrevivência do mais apto, é da sobrevivência do encaixe e integração onde sucesso é conquistado pela construção do relacionamento e colaboração genuína com o outro (principalmente na era DC).

O fenômeno não é especificamente sobre tecnologia, mas é sobre como empoderar a sua visão de líder protagonista através dela.

“Sem um fim em mente, a transformação digital vai continuar procurando como usar a tecnologia em maneiras que melhore as experiências e relações dos consumidores” – Brian Solis

O que muitos líderes não aprenderam é que a palavra digital presente no termo Transformação Digital, não tem haver com tecnologia e sim a entender a essência do comportamento humano no mundo digital.

Enquanto isso o Darwinismo Digital vai promovendo a seleção natural em as espécies de empresas que não investem em ter líderes protagonista para entenderem essa nova realidade.

Termino parafraseando Darwin da seguinte forma:

Não será empresa mais forte em investimento que sobreviverá, nem a mais inteligente em desenvolvimento de tecnologias. Mas é a empresa que é mais adaptável a constante mudança do comportamento digital de seus clientes neste mundo novo da era digital.
*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Américo Roque

É fundador da ATLAS Results