Após quase cinco anos da decisão do Reino Unido de deixar de fazer parte do bloco da União Europeia, ficou evidente a evolução de seus índices de melhorias nas suas mais diversas cadeias produtivas, enquanto os fabricantes da Zona do Euro tiveram seus índices piorados. Com o Brexit, a Indústria Manufatureira do Reino Unido sofreu um grande impacto, forçando as empresas a reavaliarem suas estruturas operacionais e a se reestruturarem para um novo ambiente.
Todo esse trabalho de reorganização se deve, principalmente, à possibilidade de flexibilização do mercado de trabalho que as leis e diretrizes no Reino Unido permitem, contrariamente ao que acontece na Europa, onde as regras e as leis trabalhistas são mais rígidas e antiquadas.
Citei esse exemplo na tentativa de demonstrar que a adaptação estratégica é um fator muito importante, principalmente na indústria 4.0.
É muito importante se ter em mente que um projeto de implementação de um conceito indústria 4.0 nunca termina. A implementação da estrutura operacional básica seria somente um primeiro passo da jornada, pois o mundo gira e as coisas mudam, as variáveis acontecem, novos concorrentes aparecem e os mercados se alteram. Portanto, a agilidade na mudança operacional e organizacional deve ser constante, ativa e perseverante.
A adaptação dos sistemas operacionais em função dos novos conceitos que surgem no dia a dia, as melhorias que aparecem com a maturidade do sistema e a chegada de novas tecnologias, nos obrigam a nos adaptarmos de maneira frequente e prudente.
Na indústria 4.0 nada é definitivo, pois tudo deve ser monitorado e ajustado conforme as necessidades atuais.
Temos inúmeros fatores preponderantes, que podem requerer um processo de adaptação, e aqui seguem alguns deles:
- Variação de valor na moeda local perante outras moedas: essa variação pode tornar uma empresa altamente lucrativa ou zerar seus ganhos em curtíssimo espaço de tempo. Mudanças monetárias são comuns em países subdesenvolvidos, gerando variações no fluxo de caixa, alterações na cadência produtiva, sobra ou falta de capacidade produtiva, variações nos prazos de entrega, entraves com certificações regionais, prejudicando assim os principais indicadores da cadeia produtiva.
- Disponibilidade dos principais insumos, como energia, gás e água: como já falamos em edições anteriores, os planos de contingência são primordiais para amenizarmos as eventuais surpresas. Porém existem ocorrências mercadológicas impossíveis de planejamento. Temos como exemplo o conflito Rússia e Ucrânia, que deixou a Europa carente de abastecimento de gás e sem um plano viável de contingência.
- Incentivos estratégicos e regulamentações governamentais: para proteger a arrecadação, os governos criam regulamentações e subsidiam determinados segmentos em espaço de tempo indeterminado. Se uma cláusula dessa modalidade puder afetar os resultados de sua cadeia produtiva, uma adaptação se fará necessária e, talvez, um replanejamento total em seu sistema operacional com novas tecnologias e novos processos.
- Alterações nas leis trabalhistas: é indispensável uma adaptação no sistema operacional previamente planejado indo em direção às novas diretrizes estabelecidas.
- Novos concorrentes no mercado: esse item é autoexplicativo.
Alguns fatores preponderantes que flexibilizam um processo de adaptação:
- Automação e ferramentas digitais: a adoção dessas tecnologias de forma lógica e planejada aumenta a eficiência e a produtividade da operação. Facilita as implementações, alterações e simulações, transmitindo assim confiança aos usuários, gerando dados consistentes e atualizados em tempo real
- Flexibilidade do trabalho: esse tópico deve ser detalhadamente analisado, com muita lógica e parcimônia. A automação pode ser a principal ferramenta de flexibilização do trabalho e disponibilização de mão de obra com perfis específicos. Vale lembrar que um ótimo acordo fechado hoje pode se tornar um péssimo acordo amanhã.
- Flexibilidade nas cadeias de suprimentos: medidas proativas na diversificação e na localização das cadeias de suprimentos criam resiliência, segurança e flexibilidade à cadeia produtiva. O tratamento dado aos fornecedores deve ser tão importante quanto o tratamento dado aos clientes, pois todos devem ser parte integrante do sistema operacional, sem exceção.
- Valor agregado dos produtos: alto valor agregado com baixo custo de fabricação é a principal chave para o sucesso de uma cadeia produtiva. A demanda é crescente para produtos de alto valor agregado em todo o mundo, portanto se abre aqui um enorme leque de distribuição, a nível global.
- Agilidade no tempo de resposta: cada vez mais fica evidente a urgência e a correria proporcionadas pelo andamento dos negócios, sempre atrás de resultados cada vez mais altos. Quem se adapta às novas necessidades mais rápido melhor terá seu desempenho no futuro.
Não dormir em berço esplêndido é uma regra, sem exceção.
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*Imagem de capa: Depositphotos.com
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