No meu entender, não existe solução perfeita para problemas surgidos durante a execução de uma tarefa ou operação. Todas as alternativas possíveis e viáveis, sejam elas de qualquer origem, sempre virão acompanhadas de pontos bons/fortes e ruins/fracos. Cabe ao idealizador do projeto, seja ele uma pessoa ou um grupo, analisar detalhadamente todas as alternativas possíveis para resolver essa equação e decidir qual seria a melhor solução, ou a menos ruim, em função do ambiente existente.
Nesta 25ª edição desta coluna, gostaria de exercitar um pouco a colocação acima utilizando como referência principal a indústria 4.0 e suas características e funcionalidades.
Quando falamos em indústria 4.0 temos a tendência em achar que tudo nela deverá ser maravilhoso e perfeito, porém a dura realidade nos mostra que as imperfeições são inevitáveis, e devem ser gerenciadas de maneira controlada e coerente. Não existem soluções perfeitas e cabe a nós julgar qual delas seria a melhor para o momento.
Nada na vida é um completo mar de rosas pois tudo, seja qual for o contexto, tem espinhos e enroscos, sendo que muitas vezes, sem querer, conseguimos piorar as coisas, fazendo uma facilidade se tornar uma enorme dificuldade.
Aqueles que acompanham nossa coluna já devem ter visto, em outras edições, uma afirmação minha que diz: o ótimo é inimigo do bom.
Quando o contexto em pauta é o gerenciamento de uma cadeia produtiva, é mandatório que os pensamentos e as análises sejam sempre feitos no todo, colocando todos os detalhes operacionais na balança, simulando e avaliando os prós e os contras de cada solução a ser aplicada.
Tenham sempre em mente que, dentro dos pequenos detalhes, podem se esconder grandes problemas ou grandes soluções. Portanto, é muito importante a adoção de um critério inteligente na hora de implementar uma ideia ou fazer melhorias e alterações.
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Uma simples alteração no design de um produto ou em sua embalagem pode jogar no lixo vários benefícios inerentes àquela cadeia produtiva, ou mesmo eliminar suas vantagens operacionais previamente planejadas.
Na indústria 4.0 não existem milagres, sorte ou azar. Portanto, é preciso saber conviver com a lógica, racionalidade e bom senso.
Equalizar as alternativas consideradas ótimas, adotar as boas e criar forte plano de contingência para as ruins pode ser algo salutar para o andamento dos processos operacionais de uma cadeia produtiva sem afetar seus resultados finais.
Dentro do leque de alternativas a serem consideradas, estão a aquisição de novas tecnologias, operacionalidade e manutenção dos equipamentos, disponibilidade de matéria-prima, localização geográfica e disponibilidade de colaboradores com perfil apropriado.
O sistema operacional perfeito não existe, porém aquele que funciona, tem repetibilidade e confiabilidade nos seus processos críticos, já garante 80% do caminho a ser percorrido.
Imaginem o fato de uma empresa, num primeiro instante, montar uma unidade de produção de aquecedores para ambientes residenciais no Nordeste do Brasil, onde os produtos, além de sua alta sazonalidade, tem sua venda concentrada no Sul e Sudeste. Os custos de distribuição podem ser mais agressivos que os possíveis benefícios, podendo tornar inviável sua operação.
Agora, vamos também imaginar que, num segundo instante, essa unidade de produção poderia abastecer também outros mercados, como hemisfério norte. Logo, poderemos ter o fator sazonalidade duplamente diluído, pois quando é verão lá, aqui é inverno, e vice-versa. Portanto, o investimento aplicado nessa operação teria seus riscos diluídos em dois períodos sazonais ao ano.
Adotar uma solução ruim pode ser um caminho sensato a partir do instante em que alguma alteração no ambiente atual poderá acontecer e torná-la uma solução boa.
Enfatizo também a importância de se documentar todos os detalhes e premissas avaliadas, permitindo assim que todos os acertos e erros possam ser entendidos por todos, independentemente do tempo ou da época. Sempre devemos amarrar o histórico de cada decisão tomada à sua respectiva premissa. Só assim será possível se fazer uma análise concreta do que está ótimo, bom ou ruim. Esse histórico também poderá facilitar as análises das melhorias e atualizações a serem implementadas no projeto.
O conhecimento detalhado dos processos e seus resultados, sejam eles ótimos, bons ou ruins, é a chave do sucesso operacional de uma cadeia produtiva.
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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