Anatomia e eficácia de um sistema operacional

Um sistema operacional ideal seria aquele que autocontrola uma determinada cadeia produtiva na íntegra

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 20/05/2024

O melhor indicador para se avaliar a eficácia de um sistema operacional é o volume de intervenções manuais que são executadas nas diversas etapas de uma cadeia produtiva. Isto é, quanto mais colocarmos as mãos para rodar uma cadeia produtiva, pior será a eficácia do sistema operacional e maior será a incidência dos custos intangíveis.

Um sistema operacional ideal seria aquele que autocontrola uma determinada cadeia produtiva na íntegra, e com uma única intervenção humana, em que uma única análise dos indicadores seria feita somente ao final. Por exemplo: quantos produtos foram produzidos, quantos produtos foram aprovados e os principais motivos da reprovação. 

Leia todos os textos da coluna de Pietro Perrone

Concordo que seria uma utopia conseguirmos chegar num padrão a esse nível de perfeição, independentemente do tipo de produto ou serviço aplicado. Porém, este fator deve ser considerado como meta. Cada operação manual eliminada significa melhoria na eficácia da cadeia produtiva.

Quando da elaboração do fluxograma de uma cadeia produtiva, faz-se necessária e obrigatória a análise do volume de indicadores a serem executados por intervenções humanas durante todo o ciclo produtivo. O objetivo principal desta análise é provocar a discussão entre todos os envolvidos no planejamento do sistema operacional sobre quais seriam os pontos cruciais e relevantes que devem ou que podem ser efetuados pelo sistema operacional e sem a intervenção humana. 

As alternativas são inúmeras e absolutamente tangíveis, desde que seja feito o detalhamento de todos os passos e processos, bem como as movimentações, durante a elaboração do fluxograma completo da cadeia. 

Requisitos do sistema operacional eficaz

Quando se fala em automação, uma coisa é certa: tudo tem um custo de investimento, porém, com as devidas análises bem elaboradas, fica fácil de tomar a decisão de se aplicarem ou não determinadas operações automáticas. 


Continua depois da publicidade


Um sistema operacional eficaz, por sua vez, além de uma formatação ideal para cada tipo de cadeia produtiva, deve também conter alguns requisitos básicos e necessários, como gerenciar entradas e saídas de dados, atender rapidamente as funções de autocontrole, executar auditorias e inspeções, tomar decisões e emitir alertas. 

Vamos abaixo comentar cada um desses requisitos:

Formatação ideal

Formatação ideal significa simplicidade e objetividade na forma de manipular dados. A manipulação dos dados, executadas pelo sistema, deve conter o menor número possível de opções de formatação, como por exemplo:

  • Registros podem conter informações de funcionários, fornecedores, clientes, produtos, matérias-primas e equipamentos;
  • planos de controle podem conter informações e detalhes dos processos e suas movimentações, procedimentos e histórico das inspeções e auditorias, não conformidades e tendências;
  • planos de manutenção podem conter dados técnicos das ferramentas e equipamentos, evolução de desgaste, retrabalhos corretivos e preventivos.

Gerenciar entradas e saídas de dados

O gerenciamento de entradas e saídas de dados é muito importante para o funcionamento eficaz de um sistema operacional, em que a existência de um funil permite a priorização das entradas e saídas de informações para a cadeia produtiva. A movimentação dos dados entre sistema operacional, banco de dados e cadeia produtiva devem seguir uma lógica de atualizações coerente e inteligente.

Funções de autocontrole

Aqui estamos falando de desenvolvimento e programação pura do software, por meio do qual um computador consegue se comunicar com todos os hardwares da cadeia produtiva de maneira online e com respostas imediatas. 

Esse é o calcanhar de Aquiles do chamado “chão de fábrica”, onde a grande maioria dos sistemas patinam e dificultam a operação das cadeias produtivas, com lentidão ao acessar o banco de dados, lentidão no tempo de respostas e interfaces complicadas que inviabilizam a comunicação entre o sistema operacional e outros equipamentos.

Nota importante: é no chão de fábrica que tudo acontece. Lá, máquinas e ferramentas transformam a matéria-prima em produtos ou peças, nas medidas, pesos, cores, especificações, quantidades e tudo dentro de um tempo planejado. Portanto, é nesse local que está a maior concentração de problemas de uma cadeia produtiva, e logicamente, é lá que o sistema operacional eficaz fará toda a diferença, priorizando seus acessos e mantendo seu foco de atuação. 

Auditorias e Inspeções

Tudo que é feito sem a intervenção humana dentro de uma cadeia produtiva deve, obrigatoriamente, ser inspecionado 100% ou auditado conforme a maturidade do processo. Porém, só verificar não basta, pois o histórico é de grande valia para análise nos casos de ocorrência de não conformidades, ou simplesmente adquirir conhecimento da tecnologia aplicada durante o tempo.

Cada passo do processo deve ser registrado e validado, liberando, assim, o próximo passo, voltado para adição de resultados de controle e rastreabilidade ao banco de dados, via sistema operacional.

Tomadas de decisão

Em função das auditorias e inspeções ocorridas no item acima, o sistema operacional deve estar apto a tomar certas decisões, como prosseguir ou não, ir para A, B ou C, fazer A, B ou C. 

Vamos imaginar uma operação de usinagem em que o desgaste da ferramenta começou a gerar uma tendência de determinada cota, a sair fora da medida especificada. O sistema operacional pode emitir um alerta solicitando a troca da ferramenta, mas pode, também, checar os indicadores do teste final do produto e verificar que os resultados estão se mantendo. Portanto, o sistema operacional pode ser programado para se autoajustar. Logo, aquela cota com tendência de sair fora poderia ser autoajustada automaticamente, sem a intervenção humana, e o produto final continuaria funcional conforme especificações.

O produto é bom quando melhora durante seu uso!

 

*Imagem de capa: Depositphotos

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Gostou? Então compartilhe:

Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.