A indústria convencional, nascida no século XVII, já passou por três revoluções e agora vivencia a 4ª grande mudança. A mudança - essa exigida ativamente pelos mercados em que é evidente a segmentação dos produtos - é viabilizada pela novas tecnologias de informação existentes que, quando bem aplicadas, proporcionam incríveis aumentos de produtividade, flexibilidade operacional e redução das “não conformidades”.
Apesar dessas grandes mudanças, a indústria continua sendo o que sempre foi: "um conjunto de movimentos feitos por máquinas/equipamentos e pessoas"; um emaranhado complexo de processos e rotinas cujo foco principal gira em torno do planejamento, controles, geração de valor agregado e administração dos lucros para seus respectivos detentores.
Indústria 4.0 e cadeia produtiva
Uma indústria se inicia com investimento de capital e passa pelo desenvolvimento de produtos, pesquisas, aquisição de máquinas/equipamentos/matéria prima, contratação de mão de obra/tecnologia, desenvolvimento/análise de mercado, vendas, entregas e recebíveis. Tudo isso deve ter planejamento eficaz, com todas as ações/movimentos detalhados e respectivas contingências evidenciadas, para absorver prováveis desvios nos processos e redução/aumento do negócio. Saliento a importância de um banco de dados em que exista fluxo de informações completas e contínuo com atualizações automáticas, imediatas e disponíveis para todos os envolvidos na operação.
Os movimentos, quando bem planejados, sincronizados e cadenciados trazem a excelência operacional da indústria 4.0, tão sonhada por todos. Eles, os movimentos, devem sempre ser considerados como parte integrante de toda a cadeia produtiva, em quaisquer dos sistemas operacionais aplicados. Podem ser feitos por pessoas, máquinas ou equipamentos. Emitir uma nota fiscal, cadastrar um cliente, cadastrar/aprovar um pedido, emitir uma ordem de produção, usinar uma peça, medir uma peça, movimentar/embalar uma peça, etc. são tarefas executadas em forma de movimentos.
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Rastreabilidade / controle dos movimentos nos permite analisar, entender, corrigir/melhorar todos os processos de forma imediata e sincronizar dados digitais automaticamente, reduzindo assim a necessidade da intervenção humana. Quanto menor a quantidade de movimentos em um determinado processo, menor a necessidade de controles, atualizações e intervenções. O resultado final vem em forma de eficácia final do processo, com um produto ou serviço de melhor qualidade, mais rápido e menos custoso.
A segmentação dos mercados é um processo que veio para ficar e incide na grande maioria dos produtos existentes no mercado, criando assim um incremento de modelos, cores, versões volumes/embalagens específicos para os mais diversos canais de distribuição existentes.
Seguem abaixo dois exemplos simples que mostram como a Ind 4.0 pode ajudar na racionalização dos processos e movimentos de uma cadeia produtiva.
- Exemplo 1: uma garrafa de água de 500ml, da mesma marca, custa (em valores genéricos) R$ 2 no supermercado, R$ 5 no bar, R$ 10 no restaurante, R$ 15 no aeroporto e passa de R$ 20 em um navio. O que leva a essa diferença de valores é a quantidade de processos adicionais que ela sofre para chegar até esses pontos específicos de venda. Cada processo adicional exige uma determinada quantidade de movimentos e controles a serem efetuados, o que automaticamente implica em aumento de custos.
- Exemplo 2: um automóvel popular, que antigamente era produzido em três cores e duas versões, hoje é fabricado em mais de 10 cores, com inúmeras versões de modelos e motorização, agregando maior valor ao produto e atingindo mais camadas de renda de compradores. Antigamente, um carro de determinada cor era produzido em lotes mínimos, pois a alteração da cor das tintas era custosa. Hoje os equipamentos pintam um carro de cada cor em seguida sem desperdício de tinta nem de tempo. Existem inúmeros exemplos que se aplicariam a um contexto similar a este.
Indústria 4.0
Sendo bem objetivo, a indústria 4.0 vem a ser a maneira de competir no mercado fornecendo produtos que o mercado quer comprar, nos modelos, nas quantidades em momentos e regiões específicos. É a ferramenta que possibilita amenizar as mais diversas variações, como exemplificadas acima, fazendo com que a excelência dos vários processos seja mais equivalente, independentemente dos volumes ou modelos produzidos. Precisamos cada vez mais de “fábricas inteligentes” e “flexíveis”, produzindo o que o “mercado quer comprar”, e não o que “queremos vender” em função de manter os grandes volumes.
A indústria 4.0 perfeita é aquela que tem a capacidade de aglutinar informações importantes da operação num mesmo banco de dados, em que o planejado se compara com o ocorrido, exibe as variações de forma clara e objetiva e efetua as devidas correções automaticamente. Todos os processos e movimentos amarrados numa corrente contínua, mostrando as variações e ocorrências sem intervenção humana.
Pode parecer uma utopia, porém não podemos deixar de lado a expressão “o ótimo é inimigo do bom”, portanto “quem nunca começa nunca termina”. A perfeição é algo difícil de se conseguir, mas o aperfeiçoamento é possível desde que você dedique seu precioso tempo em melhoria/redução de movimentos, deixando que as ferramentas da indústria 4.0 façam a parte operacional.
Num próximo artigo irei tratar o planejamento, que é a etapa mais importante da Ind. 4.0, e deve ser feito com excelência e habilidade na consolidação de um banco de dados digital autoalimentado, especificações ajustadas automaticamente, definição dos principais gargalos e indicadores.
Entenda os movimentos e desenvolva seu sistema.
Soluções simples também resolvem problemas complexos.
Imagem de capa: Depositphotos
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