Um levantamento global da Pegasystems, feito com mais de 4 mil funcionários nas Américas, EMEA e APAC, incluindo o Brasil, divulgado recentemente, demonstra que a velocidade das mudanças é maior que a capacidade das organizações de se adaptarem e acompanharem a transformação digital. Situação parecida é apontada numa pesquisa apresentada pelo Gartner no final de 2021 sobre as cinco prioridades para o RH: ela revela que 40% dos líderes da área não sentem que suas empresas acompanham a demanda por novas habilidades para sobreviver e evoluir seu negócio.
Os resultados desses levantamentos sugerem que o modelo de formação de mão de obra precisa ser repensado, o que se torna ainda mais latente quando se trata de formar mão de obra de TI, cujo desequilíbro entre oferta e demanda tem aumentado significativamente há anos. Entretanto, apenas formar desenvolvedores, cientistas de dados e especialistas em robótica, que figuram entre os mais procurados no Linkedin, não é o caminho. Aprender a teoria em cursos de capacitação, e só depois aprender a prática nas organizações, é um formato incapaz de atender a dinâmica do mercado fortemente impactada pela pandemia, que acelerou a transformação digital.
A revolução 4.0 começa a dar sinais de que não demora a entrar em voo de cruzeiro e de que está como o modo de seleção natural ativado. Isso exige profissionais que cheguem prontos para fazer entregas de alto nível, no curto prazo. Mas, o foco das discussões de como atender a demanda é quase sempre limitado à necessidade de capacitar mais e mais profissionais, seguindo a antiga lógica da linha de montagem.
A urgência para conseguir profissionais leva muitas empresas a contratar “os melhores” ainda em treinamento nos cursos de capacitação. E aí, se quisermos acompanhar o ritmo e os novos desafios da transformação digital, é preciso repensar e quebrar paradigmas: “quem são os melhores da turma”? Vamos continuar considerando “os melhores” aqueles com as maiores notas em provas teóricas baseadas em problemas supostos – ou aqueles que resolveram problemas reais a partir bases teóricas amplamente discutidas com mentores bem qualificados e experientes?
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Atualmente, nos processos de seleção a capacidade de resolver problemas está entre os itens do topo da lista na escolha dos profissionais de TI. Mas, quem são os mais aptos para atender as necessidades reais do “seu” negócio? De quanto tempo a sua empresa dispõe para que o novo talento adapte sua capacidade de resolver problemas às novas demandas do seu cliente? Será que não pode ser mais eficiente subverter a ordem e escolher quem resolveu os desafios do seu negócio antes mesmo de ser contratado?
O fato é que para mitigar o déficit de milhares de profissionais na área de TI é possível considerar que, com o tempo, a própria tecnologia ajude a resolver parte do problema com plataformas eficientes de ensino à distância exponencializando o número de profissionais habilitados. Mas, ao se manterem seguindo modelos de capacitação e contratação ultrapassados, muitas empresas estão tomando para si grandes prejuízos por demandas não atendidas. O preço de não repensar e quebrar paradigmas a princípio é silencioso, mas a conta chega. E em tempos de 5G pode ser ainda mais cara.
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