O desenvolvimento de aeronaves está cada vez mais complexo, pois as empresas buscam desenvolver produtos mais sustentáveis de desempenho superior, mesmo com maior necessidade de integrar os sistemas mecânicos a mais sistemas elétricos, eletrônicos e software. Isso aumenta significativamente os fios que precisam ser instalados nas estruturas da aeronave, tornando a redução do peso ainda mais desafiadora, apesar da adoção de materiais novos e mais leves. A escala e a complexidade do atual desenvolvimento de aeronaves aumentaram a dependência de parceiros e fornecedores em todo o mundo, envolvendo mais estresse e risco na integração e certificação do sistema e exigindo comunicação constante entre todos que trabalham no processo.
Essa comunicação geralmente se baseia em documentos digitais e e-mails inativos (ou estáticos) - uma abordagem isolada que pode impactar seriamente ou até colocar em risco o sucesso de programas inteiros. Problemas de integração e montagem do veículo são identificados tardiamente, muitas vezes durante as fases de fabricação e teste de voo. O controle dos custos de desenvolvimento exige uma visão integrada da aeronave desde a fase de conceito. Quanto antes esse comportamento integrado, dinâmico e baseado em modelo puder ser compreendido e tratado com a transformação digital, melhor para os profissionais envolvidos.
Uma abordagem moderna de engenharia de sistemas baseada em modelo (MBSE, na sigla em inglês), que utiliza gêmeo digital e thread digital, pode melhorar significativamente a execução do programa. Nessa abordagem, os silos são desmembrados para ajudar nos modelos comportamentais e colaborar para alinhar a forma de definir os modelos, o que eles representam e como eles interagem com disciplinas ou sistemas vizinhos usando interfaces bem definidas.
Os engenheiros aeroespaciais podem realizar estudos trade-off mais cedo para obter uma visão melhor das arquiteturas ideais de estruturas e sistemas, com base em informações da aeronave integradas, ajudando no processo de tomada de decisão e resultando em melhores escolhas que podem reduzir consideravelmente os riscos do programa.
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A simulação multifísica é necessária para modelar os subsistemas da aeronave e seus componentes sozinhos e como parte da aeronave integrada. Isso exige componentes e parâmetros em várias formas ou níveis de abstração.
A aeronavegabilidade ainda é o foco do desenvolvimento de aeronaves, mas o uso crescente de sistemas integrados, eletrônicos e software está mudando a dinâmica e aumentando os riscos da conclusão da certificação dentro do prazo e orçamento. Como as aeronaves dependem muito de sistemas eletrônicos para controle, os fios que transmitem os dados precisam ser levados em conta no sistema geral, pois eles pesam, ocupam espaço e muitas vezes se dividem em duas estruturas mecânicas. Em termos estruturais, isso significa entender por onde os fios precisam passar - será necessário passar por armações, colunas e outras estruturas para chegar às luzes, superfícies de controle ou fornecer energia para novos sistemas de propulsão elétrica? Como esse emparelhamento de sistemas e estruturas afeta a dinâmica de voo?
Essas questões devem ser respondidas muito antes da produção. Os modelos de todos os aspectos do projeto - estruturas, sistemas mecânicos e elétricos - precisam amadurecer em paralelo para garantir a otimização multidisciplinar, o que explica a importância crescente da simulação no desenvolvimento dos sistemas interconectados de uma aeronave. Os recursos robustos de simulação multifísica e teste permitem aos engenheiros modelar, obter informações, compreender e otimizar o comportamento físico de todos os elementos da futura aeronave, incluindo desenvolvimento estrutural, transferência de fluido e calor, desenvolvimento de sistemas, gerenciamento térmico, conforto da cabine, sistemas eletromagnéticos, verificação, teste de certificação e muito mais.
As abordagens tradicionais também limitam a possibilidade de considerar múltiplas condições operacionais. Uma abordagem MBSE digital permite que o OEM considere uma variedade muito maior de condições operacionais do que os testes físicos e permite uma estratégia de aeronave integrada virtual (VIA, na sigla em inglês). Uma VIA é um conjunto de modelos de componentes, dados e parâmetros em diferentes representações que evoluem ao longo do ciclo de desenvolvimento. Uma boa plataforma para a VIA permite que os engenheiros selecionem e combinem subsistemas em uma forma ou escala que melhor se adapte à aplicação.
Com relação à MBSE, isso significa especificar as definições do produto de forma que os requisitos de voo sejam otimizados durante o desenvolvimento, em vez de ajustar variáveis limitadas no fim da produção. Essas características de voo são executadas com uma simulação de VIA, eliminando o risco de descobrir alterações no projeto durante o teste de voo, exigindo milhares de horas adicionais de teste de voo. Com as empresas aeroespaciais adotando modelos de transporte mais novos com veículos aéreos urbanos e aeronaves elétricas, a necessidade de testes virtuais continuará aumentando.
Com o nível maior de complexidade do processo de desenvolvimento, exigindo mais equipes trabalhando juntas, também aumenta a importância das implicações de qualquer alteração no projeto. Por exemplo, os processos leves exigem a compreensão de quantas camadas compostas são necessárias no subconjunto da asa com base nas cargas previstas, enquanto equilibra a margem de cálculo de segurança para garantir a integridade estrutural em relação ao peso total da aeronave. Este processo de verificação contínua pode descobrir que um chicote de fios precisa dividir uma estrutura de suporte - não apenas o chicote precisa se encaixar no membro estrutural, mas também o conector do chicote, para apoiar toda a extensão do trecho.
A implementação de uma abordagem MBSE permite que os desenvolvedores explorem e simulem projetos alternativos com segurança e eficiência. A verificação contínua é da natureza digital da solução, isto é, rastreabilidade do projeto. Como todo o processo do projeto é definido com um gêmeo digital abrangente, cada mudança e atualização do projeto são rastreadas em relação às definições do produto para o projeto.
A simulação também ajuda a reduzir o custo da certificação tanto estrutural quanto de sistemas e da estratégia de controle e cenários de verificação de software, como os testes model-in-the-loop, software-in-the-loop, hardware-in-the-loop e pilot-in-the-loop. É muito importante ter esses modelos na mesma configuração no projeto a ser certificado. Por isso, o processo de verificação deve aceitar métodos que aceleram a comparação de conjuntos de dados em um ambiente gerenciado, onde a rastreabilidade é garantida mantendo um thread digital de gerenciamento de verificação.
Com a inovação acelerada nos projetos das novas aeronaves, os desafios da certificação continuam aumentando. Os projetistas devem continuar equilibrando a complexidade dos sistemas da aeronave, levando ao uso maior da eletrônica e fiação com os requisitos de projeto estrutural. Uma abordagem baseada em modelo abrange os elementos elétricos e mecânicos para criar um gêmeo digital abrangente de toda a aeronave. Com a evolução dos requisitos de voo, a simulação multifísica fornecerá informações relevantes para otimizar o projeto antes que essas aeronaves ganhem os céus.
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