Logomarca Indústria 4.0

Indústria 4.0: Fatores de sucesso

Nesta edição, vou enfatizar três fatores que julgo primordiais para se elevar a taxa de sucesso na implementação de um projeto indústria 4.0

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 16/09/2024

É imensa a quantidade de projetos que falham durante sua implementação e, daqueles que sucedem, somente 20% atingem os resultados esperados. Isso acontece por motivos diversos e as falhas são quase sempre seguidas por desculpas sem fundamentos. Os problemas se originam, na grande maioria das vezes, na ausência de planejamento e análise detalhada dos fatos.

Nesta edição, vou enfatizar três fatores que julgo primordiais para se elevar a taxa de sucesso na implementação de um projeto indústria 4.0. Eles são interdependentes, portanto, devem coexistir simultaneamente, dentro de qualquer contexto operacional, seja ele indústria, serviços ou qualquer outra modalidade.

  1. Infraestrutura operacional: é a base de sustentação primordial para a implementação de uma indústria 4.0. Uma infraestrutura não apropriada pode inviabilizar todo o investimento realizado na implementação de uma fábrica inteligente. Essa base deve ser forte o suficiente para absorver todo o aparato necessário e apropriado para rodar uma cadeia produtiva eficaz e obter os resultados operacionais planejados. É na infraestrutura onde tudo acontece, onde um layout planejado acomoda todas as ferramentas e equipamentos, permite uma lógica e prática movimentação de cargas, materiais e produtos, facilita o acompanhamento visual de toda área produtiva e, por último, tem a flexibilidade de melhorias e alterações nos vários processos existentes. Deverá ser organizada e descomplicada de tal forma que, até para um leigo, seria fácil o entendimento dos fluxos operacionais ali existentes.
  2. Cultura operacional: a indústria 4.0 nada mais é que uma cultura operacional na qual o foco se concentra na performance operacional de uma cadeia produtiva onde imperam a lógica e o bom senso. Os custos intangíveis, desperdícios e não conformidades nunca serão bem vindos. A cultura aqui está centrada no “fazer certo logo na primeira vez” e “sempre da mesma maneira”. Essa cultura deve estar presente na mente de todos os colaboradores que operam uma cadeia produtiva e também daqueles que fazem parte da alta administração da empresa. Todos devem agir e pensar como um todo e com o foco direcionado para os mesmos objetivos e prioridades. Aqui deve prevalecer a relação fornecedor-cliente, tanto externos como internos. Em uma cadeia produtiva eficaz, todos devem sentir-se fornecedores e clientes, cada um dentro do seu quadrado operacional. 
  3. Talento: não saberia dizer se as pessoas já nascem com determinados talentos ou adquirem durante sua vida, porém posso afirmar que, sem eles, fica praticamente impossível de gerenciar uma cadeia produtiva de uma indústria 4.0. Nela, a hora da verdade está sempre presente, pois é lá na cadeia produtiva onde tudo acontece e deve ser monitorado minuto a minuto, com as reações imediatas. As tomadas de decisão em uma fábrica inteligente devem ser imediatas, e todas as ferramentas necessárias para isso devem estar disponíveis e sem margem de erro. Não existe o famoso “me dá um minuto que vou averiguar e já retorno”.  Tanto quanto o conhecimento, a agilidade e a habilidade em lidar com surpresas são talentos indispensáveis. Os talentos devem ter conhecimentos detalhados e estar alinhados com as configurações de determinada cadeia produtiva e, por consequência, devem ser alterados conforme acontecem mudanças nos produtos e/ou nas tecnologias aplicadas. A estrutura organizacional deve sempre acompanhar as necessidades da cadeia produtiva, nunca ao contrário.

Eu, pessoalmente, vejo esses três fatores como preponderantes em qualquer projeto de uma fábrica inteligente que irá operar dentro da filosofia de uma  indústria 4.0. Eles devem ser considerados desde o início do projeto, na fase de planejamento, como sempre.

Quando tratamos de uma transição de um sistema operacional convencional para uma fábrica inteligente, as dificuldades se tornam ainda maiores, pois aí temos aquilo que chamamos de cacoetes operacionais, que dificilmente são adaptados às novas filosofias de trabalho e, consequentemente, às novas regras disciplinares. 


Continua depois da publicidade


Todo cuidado é pouco na transição, principalmente em cadeias produtivas de grande porte, pois temos lá uma estrutura organizacional e uma infraestrutura adaptada a uma determinada necessidade que muitas vezes existe há muitos anos, e todos os talentos estão acostumados a operar com ela.

As mudanças serão cada vez mais frequentes, portanto, quanto mais fácil forem suas implementações, maior será a eficácia do seu sistema operacional.

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Gostou? Então compartilhe:

Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.