Cerca de 85% das empresas utilizaram tecnologias digitais avançadas em 2022. Os dados fazem parte do módulo temático de Tecnologias Digitais Avançadas, Teletrabalho e Cibersegurança, da Pesquisa de Inovação Tecnológica semestral (PINTEC), divulgada nesta quinta-feira (28), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento, apresentado durante o Congresso Nacional de Inovação, em São Paulo (SP), tem como objetivo produzir uma nova geração de indicadores setoriais e nacionais sobre inovação e tecnologia para o setor industrial brasileiro.
Realizada via Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o IBGE, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esta é a segunda edição da pesquisa, que entrevistou 9.586 empresas de médio e grande porte – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas.
Entre as empresas que utilizaram tecnologias digitais avançadas, a pesquisa registrou que 73,6% delas adotaram Computação em Nuvem; 46,8% usaram Internet das Coisas (IoT); 27,7%, Robótica; 23,4% fizeram análise de Big Data (23,4%), 19,2% adotaram a manufatura aditiva e 16,9% se valeram da Inteligência Artificial.
A pesquisa também levantou quantas tecnologias foram utilizadas pelas empresas consultadas. A maioria delas (31,5%) fez uso de duas tecnologias e 27,7% de uma. Somente 3,7% das empresas utilizaram todas as tecnologias investigadas. “Como se pode ver, mesmo entre as empresas que adotam tecnologia, a ferramenta é simples, como o uso da nuvem, o que demonstra a necessidade de medidas de sensibilização sobre a importância da inovação no setor produtivo”, afirmou o gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio Peixoto.
A Pintec define cinco áreas/funções de negócios: desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços; produção; logística; administração; e comercialização. Os maiores percentuais de uso por área foram em desenvolvimento de projetos, para a utilização de análise de big data (78,8%); em produção, para a utilização das tecnologias computação em nuvem (71,2%), inteligência artificial (84,8%), internet das coisas (76,7%) e manufatura aditiva (88,2%); e em comercialização, para a utilização de robótica (84,3%).
Benefícios e desafios
Cerca de 97,9% das 8.134 empresas das indústrias extrativas e de transformação que utilizaram algum tipo de tecnologia digital avançada, declararam benefício a partir desse uso. O mais apontado foi a maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais (89,8%). O segundo foi o aumento da eficiência (87,6%) e o terceiro, a melhoria no relacionamento com clientes/fornecedores (85,6%).
Continua depois da publicidade |
A pesquisa também buscou entender os fatores que fizeram as empresas adotarem essas tecnologias. O fator mais escolhido foi a estratégia autônoma da empresa (87%). “Isso significa que foi uma decisão da empresa se engajar no uso dessas tecnologias”, explicou Peixoto. A influência de fornecedores e/ou clientes (63%) foi o segundo fator mais escolhido. Em seguida, aparece a influência da concorrência, fator apontado por mais da metade (50,8%) das empresas. Apenas 26% citaram a atratividade de programas de apoio (públicos ou privados) como fator de adoção de tecnologias digitais avançadas.
Por outro lado, entre os fatores que de alguma forma dificultaram a implementação das tecnologias, os mais indicados foram os altos custos das soluções tecnológicas (80,8%), a falta de pessoal qualificado na empresa (54,6%), riscos econômicos excessivos (49,5%) e a limitada oferta de pessoal qualificado no mercado (48,9%). De acordo com Flávio, os dados mostram que é preciso um esforço tanto do setor público quanto do privado para mitigar riscos e ajudar na qualificação dos trabalhadores.
Outro dado que chama a atenção é o conhecimento limitado de gestores de indústrias sobre as tecnologias disponíveis no mercado: das empresas consultadas que tiveram dificuldades para adotar tecnologias, 39% alegaram desconhecimento do assunto como principal obstáculo. “O processo de transformação digital garante mais produtividade e competitividade do setor produtivo. Nesse sentido, a ABDI investe em diversos projetos para aproximar o gestor do mundo digital, como o recém-lançado MetaIndústria, o Jornada Digital, Brasil Mais Produtivo, entre outros. Mas a pesquisa mostra que é preciso seguir avançando”, afirmou a analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Simone Uderman, que representou a Agência no evento.
Teletrabalho e segurança da informação
Outro destaque da publicação foram os dados sobre teletrabalho nas empresas industriais. Quase metade (47,8%) das empresas adotou esse tipo de trabalho em pelo menos algum grau. No setor de administração, o teletrabalho foi implementado pela ampla maioria das empresas que operaram de forma digitalizada em 2022 (94,5%). Nas áreas de comercialização (85,7%) e desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (71,4%), os percentuais de empresas que adotaram o teletrabalho foram menores.
Em relação à segurança, 82,5% das empresas estabeleceram pelo menos uma medida de segurança da informação digital. O uso mais frequente foi o de antivírus (98,1%). Em seguida, vieram o controle de acesso à rede (96,8%), a atualização de software (95,0%) e o backup de dados em dispositivo (93,5%). Os recursos de segurança da informação menos utilizados foram campanhas educativas e treinamento de funcionários em segurança cibernética empresarial (56,9%) das empresas.
*Imagem de capa: Depositphotos
Gostou? Então compartilhe: