A quarta revolução industrial tem sido tema corrente no campo da administração das indústrias metalmecânicas nos últimos anos. De modo geral, os gestores industriais entendem que esse é o caminho que irá pavimentar o futuro da indústria da transformação. Embora tenham essa convicção, poucos estão seguros sobre como e por onde começar sua implementação, em especial aqueles dirigentes cujas organizações ainda se encontrem nos estágios 2.0 ou 3.0 dessa evolução tecnológica - estágios no qual reside a maioria das indústrias brasileiras.
As tecnologias-chave que moldam essa transformação incluem digitalização de processos, automação com IoT, e aplicação de Inteligência Artificial. E a adoção de sistemas ciberfísicos traz autonomia e aprendizado autônomo aos equipamentos, resultando em otimização da produtividade. Dessa forma, a Indústria 4.0 também abraça Big Data, realidade aumentada, cibersegurança, robôs colaborativos, manufatura aditiva e redes 5G, apresentando desafios tanto para a indústria nacional quanto global, mas também criando oportunidades significativas para os pioneiros nesse conceito de gestão.
Para dar conta desse desafio é preciso que os diversos agentes do mercado industrial estejam alinhados e ajam em conjunto na direção de um êxito mútuo, ou seja, agindo sozinho sem o apoio de seus pares, todos serão subjugados por aqueles que se estabelecerem primeiro nesse avançado estágio de gestão industrial.
Mas por onde começar?
Ciente dessa realidade, a Sandvik Coromant do Brasil tem tomado a frente nessa necessidade de unir esforços junto a seus pares, a fim de promover ações que possam garantir avanços significativos em direção à implementação das práticas propagadas pela filosofia implícita à indústria 4.0. No evento Trends IND4.0, realizado em sua sede, localizada na cidade de Jundiaí, São Paulo, em 23 de agosto de 2023, a empresa trouxe à pauta quais as tendências mais marcantes dentro desse conceito e sugeriu caminhos viáveis para uma implementação segura e equilibrada desse novo conceito de gestão.
Para o Grupo Sandvik está claro que apesar da importância da usinagem, ela é apenas parte intrínseca às modernas práticas da manufatura. Para uma resposta consistente às atuais demandas da indústria de classe mundial é preciso combinar estratégias que envolvam tanto o mundo físico quanto o virtual e, para tanto, o grupo tem investido na aquisição de empresas que complementem o seu pacote de ofertas.
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Entre elas, podemos listar as adquiridas mais recentemente: Mastercam (CAD/CAM for manufacturing), CGTech-Vericut (CNC Simulation), ICAM Technologies Corporation (Software provider for CAM), TDM System (Sistema gerenciador de ferramentas), Cambrio (CNC programming), Cribwise (Tool management System), Metrologic (3D measurement), entre outras.
Para Claudio Camacho, Sandvik VP Sales South and Central America, a solução exige que se obtenha uma compreensão mais confiável e profunda sobre a dinâmica do chão de fábrica, com indicadores que evidenciem os níveis de produtividade em tempo real e apontem para os possíveis gargalos, emitindo alertas que viabilizem ações corretivas, tão logo sejam necessárias.
Para o executivo, a indústria 4.0 deve ser estabelecida por etapas distintas e aos poucos, começando por se otimizar os processos de fabricação, eliminando todo tipo de desperdício, para em sequência ir se inserindo as demais etapas que se conectam à Inteligência Artificial. É importante lembrar que a ansiedade pode levar um gestor a digitalizar a incompetência. Em outras palavras, antes da sofisticação é preciso garantir que o óbvio esteja sendo bem feito.
Para que providências sejam tomadas em tempo é preciso saber o que está acontecendo na fábrica, ou seja, o que está causando interrupções no fluxo produtivo? Quais são os ciclos mais lentos? Quais parâmetros devem ser otimizados? Onde estão ocorrendo falhas de máquinas e em que nível está a efetividade global (OEE) dos equipamentos e das linhas de produção?
Para tanto, é necessário que seja estabelecido um bom nível de conectividade entre máquinas e equipamentos. Boa parte dessas informações já podem ser disponibilizadas com a aplicação do CoroPlus Tool Supply, um hardware da Sandvik Coromant, que viabiliza um controle total do estoque de ferramentas disponível na fábrica, gera relatórios, rastreia os níveis de consumo e os respectivos custos, elaborando panoramas que proporcionam agilidade e automação da reposição de estoques, tudo isso com interface intuitiva e voltada ao usuário.
Para se chegar ao nível de competitividade desejado é preciso integrar tecnologias digitais em todas as áreas de um negócio, mudando a forma de operar, para se entregar mais valor ao cliente. O êxito esperado, sem dúvida, depende do comprometimento das pessoas, da eficiência dos processos internos, da experiência positiva do cliente e da implementação de inovações tecnológicas, gerando um círculo virtuoso de valores e competitividade recíproca, sem ferir os princípios éticos e a sustentabilidade do planeta.
Caso de sucesso
A fim de dar credibilidade ao seu modo de ver o atual momento tecnológico, a Sandvik Coromant convidou o Diretor Comercial da empresa T-Nax, Carlos Garcia, para divulgar os primeiros resultados provenientes da parceria que estabeleceram com vistas a implementação da indústria 4.0.
Soluções e Estratégias implementadas
- Machining insights – 5 Máquinas conectadas
- Tool Supply – Vending TX 750
- Tool Library – Folhas de processos
- Gerenciamento de ferramentas
Benefícios
- Redução de custos administrativos e operacionais
- Soluções de controle de estoque e logísticos
- Provisão da coleta de dados e geração de informações do chão de fábrica
- Otimização dos processos de usinagem via soluções digitais
Principais resultados – últimos 12 meses
- Redução de 15% no tempo de manutenção
- Redução de mais de 936 horas no tempo de coleta de dados
- Redução de mais de 270 horas em relatórios e análises de produção
- Redução de 60% no tempo de paradas de máquinas por falta de ferramentas
- Aumento da produtividade de 25%
Carlos Garcia fez questão de ressaltar duas frases que têm servido de norte para as decisões de sua empresa: “Se sua empresa não estiver crescendo, ela está morrendo”; “O que não é medido, não é gerenciado”.
Camacho enfatizou que o maior desafio à indústria nacional hoje é a questão da conectividade, mas disse que a implementação progressiva e contínua daquilo que já temos em mãos, pode gerar resultados bastante positivos. Um exemplo desse argumento é a própria T-Nax, empresa que desde sua fundação tem contado com a assessoria da Sandvik Coromant, por intermédio de Pedro Vilaça – Aplication Specialist – Digital Machining responsável pelos temas voltados à indústria 4.0 e dos softwares e aplicativos que a fabricante de ferramentas disponibiliza ao mercado há anos.
Como reter os talentos na indústria 4.0?
O evento Trends IND4.0 contou também com a palestra do Group Manager – Machining tools da montadora Scania, Alexandre O. Serra, que traçou um panorama sobre a fábrica do futuro, destacando o desafio na retenção de talentos.
Segundo Serra, os jovens demandam novas abordagens de retenção de talentos, como liderança eficaz, atenção à saúde mental, exploração do home office, aplicação de gamificação e uma educação que promova habilidades pertinentes. Traçar metas claras de curto e médio prazo com indicadores mensuráveis também pode ser uma estratégia para controlar a ansiedade e direcionar o caminho dos jovens empreendedores, visando um desenvolvimento sustentável.
Confira os destaques sobre a retenção de talentos na indústria 4.0 trazida pelo executivo da Scania durante o Trends IND4.0:
Quais os soft skills necessários
- Inteligência de transformação
- Desruptividade - ser diferente e inovador
- Interações inteligentes e adaptativas
- Inovação, flexibilidade, agregação de valor
- Alta velocidade, alta governança e autocontrole
- Gestão do conhecimento e muita visão de negócios
- Métodos ágeis de desenvolvimento e inovação colaborativa
Quais os hard skills necessários
- Big Data
- Cobots (Robôs colaborativos)
- Segurança digital
- Internet das coisas
- Inteligência artificial
- Digital Twin (Gêmeo Digital)
- Manufatura Aditiva
- Biologia Sintética
- Computação em Nuvem
- Sistemas Ciberfícicos (CPS - Cyber Phisical Systems)
- Máquinas evolutivas, adaptativas
- Programas evolutivos/que aprendem
Tendências sobre habilidades específicas para os próximos 10 anos
- Alfabetização digital – Ser capaz de utilizar softwares e aplicativos com confiança
- Alfabetização de dados – Manter dados on-line seguros
- Pensamento crítico – capacidade de questionar
- Inteligência emocional e empatia – capacidade de estar ciente de expressar e controlar as próprias emoções e sentir o que o outro sente
- Criatividade – Criar efetivamente e em realidade. Uma das habilidades mais desejáveis
- Colaboração e trabalho em equipe – Trabalhadores híbridos. Trabalhadores totalmente remotos
- Adaptabilidade – Mudança constante ou a capacidade de manter a mente aberta. Disposto a mudar e aprender coisas novas e focar nas oportunidades e não nos obstáculos
- Liderança – saber promover o melhor das outras pessoas e garantir que elas possam impulsionar suas próprias habilidades
- Gerenciamento de tempo – Comprometimento com o trabalho / horário. Administra seu próprio negócio ou trabalha para uma organização e gerencia seu tempo de forma eficaz.
- Aprendizado contínuo – Curiosidade e desejo de manter-se atualizado quanto às novas tecnologias e novos métodos de se fazer as coisas.
O evento, contou ainda com a presença e palestra do consultor Maurício Pimentel que discorreu sobre cidades inteligentes, abordando o tema “Tecnologia de Gestão Pública e Grandes Negócios”.
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