Mercado de Robôs Móveis Autônomos cresce 30% ao ano e é tendência nos processos de logística

Por: Stefani Ceolla/ Especial CIMM      Exclusiva 21/10/2021 

A tecnologia dos Robôs Móveis Autônomos (AMRs) está se expandindo rapidamente por todo o mundo e revolucionando os processos de logística nas fábricas, depósitos e centros de distribuição. Esta tecnologia já desembarcou no Brasil e tem potencial para atingir o mesmo grau de sucesso observado nos países que saíram na frente. Segundo a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), o mercado de AMRs cresce a uma taxa superior a 30% ao ano. “É uma questão de tempo até vermos esses robôs presentes no nosso dia a dia, o tempo inteiro”, afirmou o presidente da organização, José Rizzo Hahn Filho, no 1º Seminário Nacional de Robótica Móvel Autônoma, realizado on-line nesta terça-feira (19).

Por definição, um robô móvel autônomo é um veículo que se move sozinho e tem a capacidade de transportar carga ou pessoas sem a necessidade de um condutor humano. É o que explica Samuel Luiz Bim, gerente de engenharia da Selettra.

Há dois tipos de robôs móveis autônomos: o AGV, que segue uma linha guia, embutida em pisos, por exemplo; e o AMR, que guia, cria caminhos, desvia de obstáculos, sem a necessidade de um caminho já traçado. O segundo é uma evolução do primeiro. “Os AGVs são muito aplicados em ambientes de linha de produção, e os AMR têm seu espaço em ambientes logísticos só para eles, com menos tráfego de outros tipos de veículos”, pontua Bim.

Guilherme Okuyama, especialista de Produtos, Automação de Fábrica da Pepperl+Fuchs, explica que os AMRs são resultado de um processo de evolução de toda a indústria 4.0: “Os AMRs utilizam de algoritmos de softwares bem avançados para mapear o ambiente e se localizar dentro dele”.


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Uma das vantagens desta tecnologia é que não é necessária infraestrutura para instalação. Além disso, é possível colocar vários equipamentos dentro do mesmo espaço, o que garante maior flexibilidade de operação.

“Eles já estão entre nós. Aos poucos, vão tomando espaço nas fábricas, centros de distribuição, fazendo toda a movimentação de material de forma silenciosa e orquestrada”, afirma Rizzo, da ABII.

Edicley Machado, gerente de Marketing e Engenharia da Omron Brasil, destaca a produtividade “24x7” dos robôs, autonomia e conectividade. “Hoje temos tecnologias que conseguem atuar durante 15 horas ininterruptas”, complementa Luiz Henrique Buzzi, analista de Produto da Pollux Part of Accenture. Eles também ressaltam a segurança dos AMRs, que contam com sensores, scanners e botões de emergência, por exemplo.

Segundo Buzzi, os robôs móveis autônomos têm uma aplicação muito grande no chão de fábrica, mas a é tecnologia muito mais ampla, que pode ser aplicada em ambientes internos e externos, como em áreas de inspeção, por exemplo. “O AMR consegue fazer o mapeamento de terrenos, garantindo integridade de operações mais complexas”, exemplifica Buzzi.  

Desafios para a implementação

Estamos diante de uma tecnologia disruptiva, com um crescimento enorme e que, na opinião da ABII, veio para ficar. No entanto, a própria organização e indústrias do setor percebem desafios para a efetiva implementação dos robôs móveis autônomos no Brasil.

“A falta de conhecimento é um obstáculo. É uma tecnologia nova e a gente não para de aprender. Na universidade, nos centros de pesquisa, estão adotando pesquisas nesse sentido, mas isso ainda não é frequente. E além da parte do desenvolvimento do produto, tem a questão da aplicação, que é onde está o cliente final. Isso precisa estar mais no nosso dia a dia como tomadores de decisão. É uma tecnologia que precisa ser mais disseminada, avalia Sidnei Gularte, CEO da Selettra. 

O uso dessa tecnologia no Brasil, segundo Rizzo, ainda está muito atrás de outros países. Um ponto que impacta na implementação é a dificuldade financeira das empresas. “A gente recebe uma pressão pelo nosso câmbio, que torna a aplicação mais cara, mas tecnicamente não estamos defasados”, pontua Gularte. Para ele, é necessária a implementação pensando em um retorno financeiro em um período de tempo um pouco mais longo, considerando o momento do país. 

Edicley Machado, da Omron, reforça os ganhos de produtividade e segurança: “Se você levar em conta só a questão financeira, não vai fechar”. Ele completa: “É extremamente importante que haja uma cultura de inovação dentro da empresa”.

Segurança e performance

Uma das empresas a utilizar a tecnologia dos robôs móveis autônomos no Brasil é a Latam. Everton Amieiro conta que atualmente os AMRs são utilizados no centro de manutenção pesada da empresa. “A aplicação do AMR começou em um contexto simples que foi para aumentar os índices de segurança”, explica. “A gente consegue hoje ter flexibilidade para trabalhar 24x7 sem problemas de segurança, e as pessoas interagem muito bem. Desde que a gente implantou essa tecnologia, o nível de acidentes foi zero”, complementa.

Além disso, Everton afirma que o uso da tecnologia melhorou a performance operacional nesse setor da Latam e hoje faz parte da rotina da empresa: “A gente não sofreu com o processo de adaptação cultural. O pessoal absorveu a tecnologia como parte do dia a dia”.

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