Uma pesquisa feita pela Dell Technologies em parceria com a Intel, que ouviu cerca de 4.600 tomadores de decisão industrial, em 42 países diferentes, mostrou que 78% dos entrevistados concordam que a transformação digital deveria ser mais disseminada em todas as áreas do processo fabril. A pandemia de covid-19, mostrou, porém, que por mais que essa conclusão seja quase unânime, são poucas as indústrias que realmente sabem como fazer esse processo.
Em setores administrativos e de vendas,por exemplo, a adaptação para a nova realidade de isolamento social exigiu, na maioria dos casos, mais uma mudança de cultura do que, efetivamente, investimento em tecnologia. Isso porque um computador, acesso remoto e os softwares certos permitem que o mesmo trabalho possa ser realizado dentro ou fora das fábricas.
Mesmo assim, muitas indústrias não estavam preparadas nem neste nível. Não possuindo softwares baseados em nuvem que acessam os dados importantes independente do local e realizam atualizações em tempo real.
Quando falamos em digitalização no chão de fábrica, o cenário se torna pior. Por mais que muitas indústrias estejam investindo em tecnologias alinhadas ao conceito 4.0, a maior parte delas - principalmente quando falamos das de pequeno porte - não tinham estrutura o suficiente para automatizar os processos, diminuir a necessidade de mão-de-obra física ou fazer rápidas alterações na cadeia produtiva.
Em entrevista para a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), Jair Raupp, que é consultor e integra o conselho fiscal da associação, defendeu que o primeiro passo para pensar uma transformação digital completa nas indústrias é a capacitação dos funcionários. "Capacitar as pessoas da produção a atuarem em qualquer equipamento vai reduzir o impacto quando alguns funcionários, eventualmente, estarão afastados do seu posto de trabalho. Esta flexibilidade é necessária no chão de fábrica e vai contribuir para expansões futuras ligadas a tecnologia", explica.
Como começar a transformação digital nas indústrias?
Já se fala na necessidade das fábricas serem digitais há algum tempo, mas a crise causada pelas medidas de contenção da covid-19 mostrou que, muitas vezes, não se sabe nem por onde começar esse processo. A base para uma indústria se tornar digital é:
- Capacitação e mudança de cultura: o primeiro passo, como pontuou Jair, é que todos estejam familiarizados com processos digitais. Para isso, além de capacitar os funcionários de todas as áreas é preciso incentivar uma mudança de pensamento. Todos precisam tornar natural alimentar softwares, fazer análises com base em dados, saber mexer nos sistemas e ser ágil no manejo com a tecnologia;
- Distribuir a infraestrutura de TI: data centers estáticos dentro das empresas impedem que a conectividade seja ágil e flexível. Isso porque demandam muito custo de manutenção e investimento em caso de mudanças. Pensar a infraestrutura de TI de forma distribuída é essencial para garantir que a empresa poderá ter acesso aos dados de qualquer lugar, de forma rápida, segura e que se adapte ao momento do negócio;
- Pensar de forma completa: como aprendemos durante pandemia, de nada adianta poucos setores estarem inseridos no contexto de transformação digital. É preciso aproveitar o momento e pensar em quais tecnologias seriam estratégicas para otimizar todos os processos produtivos ao ponto de conseguir operar de maneira normal com quadro de funcionários reduzido.
Para alcançar esses pontos, porém, é essencial que as indústrias procurem por consultorias especializadas e linhas de crédito para financiar as mudanças.
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