Em um cenário em que a indústria do país recua e perde participação no PIB, um modelo que promete aumentar a produtividade das fábricas em 74% e reduzir o retrabalho em 69% surge. A Fábrica Modelo 4.0, da McKinsey&Company em parceria com o Senai/Cimatec pretende criar sistemas de produções quase que à prova de erros e com soluções tecnológicas para serem implantados em empresas da Bahia e de todo o país.
A Fábrica Modelo 4.0 é um centro de capacitação sobre operação em metodologia de manufatura enxuta (lean manufacturing), um modelo de gestão focado na redução de sete tipos de desperdícios. A fábrica utiliza tecnologias como internet das coisas, aprendizado de máquina, análise avançada de dados e realidade aumentada e os aplica à vivência da indústria. O resultado é a redução do desperdício e a elevação da eficiência da máquina.
No Senai Cimatec de Salvador funciona a primeira fábrica inteligente do Hemisfério Sul, que está ativa desde 2015. A fábrica recebeu a tecnologia 4.0 neste ano e, em parceria com a McKinsey, o Senai oferece programas de treinamentos personalizados para indústrias e empresas com ferramentas de melhoria na produção de produtos reais.
Para a produção de uma peça, por exemplo, o funcionário tem o auxílio de luzes que indicam quais peças deve escolher, de um sensor que identifica se ele selecionou o componente correto, além de uma câmera que detecta se existem erros na montagem da peça. Os proprietários também possuem dados estatísticos sobre cada operação e um quadro digital com detalhes sobre produção, retrabalhos e tempo que cada operador leva para montar um ciclo que pode ser acessado em tempo real em qualquer lugar do mundo.
No modelo apresentado, ontem, para a produção de uma peça, os funcionários recebem as informações do produto que iriam construir através de um QR Code. Logo depois, luzes de LED e projeções aplicadas ao local de trabalho indicaram quais peças deviam ser selecionadas e sensores alertaram para erros. Vídeos de instrução das etapas também foram exibidos ao longo da produção para auxiliar o funcionário.
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Estudos
Estudos da McKinsey apontam que a implementação de forma adequada e ampla da Indústria 4.0 poderia gerar um acréscimo de até 6% ao PIB brasileiro em 10 anos. Um levantamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) estima que a migração para o conceito 4.0 traria uma redução de custos industriais de ao menos R$ 73 bilhões anuais.
“O objetivo é a criação de um ambiente fabril controlado que trabalha baseado na filosofia de manufatura enxuta, que é uma filosofia totalmente baseada no sistema Toyota de produção. A gente trabalha uma série de técnicas utilizando ferramentas que já são de domínio público”, diz o gerente-executivo do Senai Cimatec, Leonardo Sanches de Carvalho.
O gerente destacou que o formato de fábrica inteligente ainda diminui a curva de aprendizado do operador. “A pessoa levava um tempo maior para entrar no processo produtivo, esse pacote tecnológico acaba assessorando a redução dessa curva de aprendizado e a pessoa é incorporada mais rapidamente e com nível de assertividade maior”, disse.
Leonardo Sanches de Carvalho ressalta que o investimento para a implantação do sistema de manufatura enxuta inteligente é de baixo custo e, por conta disso, teria mais capacidade para atingir a diversos públicos, de micros a grande empresas. “A produtividade é o principal gargalo do sistema industrial brasileiro como um todo. O que você conseguir melhorar no indicador será extremamente benéfico para a indústria como um todo”, afirmou.
O senior implementation leader da McKinsey, Henrique Fagundes, destacou que a ideia da empresa é levar a fábrica para outras regiões do estado. Atualmente, a Bahia é o único estado do país a ter a Fábrica Modelo 4.0 e, com isso, clientes da empresa têm que se deslocar para Salvador para aprender a tecnologia.
Fagundes ainda destacou o impacto na ajuda da formação de profissionais. Isso porque o Senai utiliza a tecnologia para formar novos profissionais, que acabam absorvendo os conceitos da manufatura enxuta e podendo aplicar posteriormente em suas carreiras.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Angelo Calmon, defendeu que a tecnologia deva ser “difundida” e “democratizada”, sendo colocada à disposição de qualquer pessoa. “Nós temos que colocar o ser humano para aquilo que apenas ele pode fazer. Temos que colocar máquina e software em tudo. A indústria 4.0 chegou para ficar e vai engolir as outras tecnologias”, disse.
As estagiárias do Senai Cimatec Juliana Martins e Tatiana Almeida destacaram que o sistema é intuitivo e reduz o tempo de produção do profissional, além de reduzir erros e diminuir a curva de aprendizagem. “O profissional não consegue errar por conta do sistema. É um sistema quase que a prova de erros”, destacou Juliana Martins, que é estudante de Engenharia de Produção.
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