A inovação é essencial para o Brasil acompanhar a quarta revolução industrial, na qual o mundo físico e virtual se integram por meio de tecnologias como inteligência artificial, big data e internet das coisas. O país já possui produtos inovadores de padrão mundial que ajudam as empresas a se inserirem na também chamada indústria 4.0. Robôs autônomos que inspecionam dutos de petróleo ou pintam cascos de navios, embalagens inteligentes e o primeiro nanosatélite brasileiro são resultados de projetos de P&D executados em solo nacional.
Os produtos foram desenvolvidos na rede de 25 Institutos SENAI de Inovação, especializados em pesquisa aplicada. A estrutura foi criada a partir do incentivo de empresários reunidos na Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). O grupo reúne 200 executivos de grandes empresas que buscam estimular a inovação no Brasil. “O país terá uma indústria mais competitiva se abraçar a quarta revolução industrial, é um movimento inevitável”, afirma Prim.
Uma das mais recentes patentes nacionais depositadas é a de um robô de pintura em grandes superfícies desenvolvido para a Petrobras pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura em Santa Catarina. Trata-se de um sistema automatizado para pintar áreas planas e verticais, como cascos de navios e plataformas, com autonomia de até 11 horas de processo e de 2.250 m2 de área.
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Segundo os responsáveis pelo projeto, a tecnologia é única. Não há registros de outros robôs com as mesmas características no mundo para essa tarefa. Entre as vantagens do robô está o fim de acidentes de trabalho, uma vez que a atuação humana não estará mais em pintar a superfície, mas em passar as informações necessárias para o equipamento executar o serviço. Também é mais ágil e econômico, já que reduz a perda de tinta pela automatização de processo.
“A pintura em andaimes feita nas plataformas custa tempo, dinheiro e gera risco para o trabalhador. Por isso, a Petrobras resolveu desenvolver o sistema com o SENAI”, relata Byron Gonçalves de Souza Filho, gerente de tecnologia de fabricação, construção e montagem da Petrobras.
EMBALAGENS INTELIGENTES – A inovação também é decisiva na indústria automobilística, que investe alto em embalagens retornáveis para transporte de peças. Montadoras chegam a ter 400 mil recipientes especiais.
O maior problema é que muitos se perdem no caminho entre a fábrica e o fornecedor. Por isso, a empresa Reciclapac desenvolveu, em parceria com dois centros de inovação do SENAI, uma plataforma que utiliza internet das coisas para gerenciamento dessas embalagens em tempo real. Além de indicar a localização precisa do produto, o sistema consegue apontar características como temperatura e umidade.
Além de reduzir em até 30% os custos para a indústria, a plataforma inovadora promete alavancar a Reciclapac. A empresa dobrou a equipe para atender os novos clientes, como a General Motors. Além disso, a estimativa de seu presidente-executivo, Rogério Junqueira Machado, é que faturamento irá crescer cinco vezes com o novo produto. “As empresas que saírem na frente na indústria 4.0 vão ter um ganho competitivo. Quem demorar muito, corre riscos até na sua existência”, avalia ele.
NANOTECNOLOGIA - O Brasil também lança, até 2020, o primeiro nanosatélite nacional de alta resolução espacial. O equipamento é desenvolvido pelo SENAI com a Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture entre a Embraer Defesa e Segurança e a Telebras, e está em fase de revisão da melhor arquitetura do modelo. “Os satélites que o Brasil coloca em órbita são grandes e pesados, cerca de 400kg. O que vamos colocar em órbita pesa 10kg, tem 5% do custo e faz, praticamente, a mesma missão”, destaca o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, André Pierre Mattei.
O satélite vai coletar imagens e informações que poderão ser usadas para agronegócio e meio ambiente, por exemplo. O diretor-presidente da Visiona, João Paulo Rodrigues Campos, enumera as inovações que o nanosatélite vai possibilitar: o primeiro é o teste de um sistema de navegação e controle de alto desempenho desenvolvido no Brasil. Além disso, ele vai permitir testar designs que depois podem ser usados em exemplares maiores, assim como vai ajudar no domínio da capacidade de programar o sistema de dados. O nanosatélite terá um software flexível que permitirá mudar a missão dele ainda em órbita. “Esse protótipo vai permitir validar tecnologias que a Visiona vem desenvolvendo para o programa espacial”, complementa.
Outro projeto de padrão mundial desenvolvido no Brasil é o Flatfish, robô submarino autônomo que será usado na inspeção de dutos de petróleo em águas profundas. Com ele, é possível reduzir custos de missões de supervisão, que envolvem o envio a alto mar de grandes equipes e chegam a custar US$ 500 mil por dia. O equipamento foi desenvolvido em parceria pelo SENAI CIMATEC, em Salvador, a Shell e o instituto alemão de inteligência artificial DFKI. O SENAI agora apoia a empresa italiana Saipem, que irá comercializar o robô.
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