A Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec), em São Paulo, desenvolveu o curso superior tecnológico de Manufatura Avançada. Com duração de três anos, a graduação começou a ser oferecida no primeiro semestre desde ano, em São José dos Campos, e no segundo semestre, em Sorocaba.
O objetivo da graduação é preparar os alunos para que eles atuem como 'integradores de tecnologia' da Indústria 4.0. O curso aborda as principais técnicas de produção empregadas nesta nova revolução industrial, como sistemas automatizados, simulação computacional, realidade virtual, sistemas integrados, robótica, internet das coisas, big data, segurança da informação, manufatura aditiva e dados em nuvem.
"Serão abordados conceitos que vão desde a concepção do produto, projeto desenvolvimento de processos de manufatura, integração entre os processos de máquinas, assim como agregando as tecnologias voltadas para a Indústria 4.0", explica o coordenador do curso de Manufatura Avançada na Fatec Sorocaba, Samuel Franco.
Quarta revolução industrial e educação
As três primeiras revoluções industriais foram marcadas pela produção em massa, linhas de montagem, eletricidade e tecnologia da informação. Com isso, ao longo do tempo, surgiu a necessidade do uso de tecnologias para que as empresas não ficassem ultrapassadas no mercado.
48% das empresas pretendem investir em tecnologia 4.0 em 2018
A quarta revolução industrial, caracterizada pelo uso da Indústria 4.0, é responsável por um impacto profundo no processo produção das empresas. Sua característica é o uso de tecnologias quem permitam uma completa descentralização do controle dos processos e uma grande proliferação dos dispositivos inteligentes interconectados, em toda a cadeia de produção e de logística das fábricas.
Continua depois da publicidade |
Em recente estudo encaminhado aos candidatos à presidência da República, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende que as instituições de ensino possuem papel relevante no ecossistema de inovação, incluindo a Indústria 4.0. Segundo o documento, apesar de não atuarem diretamente na implementação das tecnologias nas empresas, são instituições fundamentais para o desenvolvimento de recursos humanos e da ciência básica, pois se relacionam, de forma estratégia, com as empresas envolvidas no processo industrial.
O Gerente Executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, destaca a necessidade da formação de profissionais capacitados para a implantação da Indústria 4.0 no país.
"Cada momento que ocorre uma transformação tecnológica desse tipo, você precisa preparar os trabalhadores para essas novas atividades. Com a Indústria 4.0, é provável que isso seja ainda mais radical. Você tem uma mudança tecnológica grande e não só nas qualificações, no treinamento especifico do trabalhador, mas também em outras habilidades como habilidades de multidisciplinares, habilidades de interpretar de dados", defende.
Com o objetivo de apresentar a Indústria 4.0 e propiciar aos alunos uma introdução ao tema e a obtenção da base conceitual das tecnologias que fazem parte da quarta revolução industrial, o SENAI de São Paulo oferece o curso “Desvendando a Indústria 4.0”. O módulo é à distância e são 317 vagas disponíveis. A previsão de início da primeira turma é em primeiro de outubro, com término no dia 24. O aluno interessado deverá ter, no início do curso, no mínimo 14 anos de idade e ter completado a 5ª série do ensino fundamental. A programação do curso inclui disciplinas que abordam temas como Internet das Coisas, Big Data, Robótica Avançada, Computação em Nuvem e Integração de Sistemas.
Competitividade no mercado
Para o professor da Universidade de Brasília e especialista em Inovação, Tecnologia e Recursos, Antônio Isidro da Silva Filho, as empresas nacionais devem se atentar ao uso da Indústria 4.0 para manter o nível de competitividade com o mercado internacional. "Desta forma, a gente tem percebido que empresas que ainda não fizeram processo de assimilação dessa nova mentalidade, nova maneira de se integrar aos mercados, vão precisar fazer isso com alguma rapidez, caso contrário vão perder participação no mercado, vão deixar de contratar mão de obra qualificada, porque não vão conseguir arcar com o salário de pessoas mais qualificadas, e dessa maneira pode-se perceber queda dos dados de emprego e, consequentemente, fechamento de empresas. É importante que as empresas nacionais sobretudo se esforcem no sentido de encontrar caminhos, meios para as tecnologias digitais no setor produtivo", defende.
Dados que constam no Portal da CNI apontam que, de 24 setores da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos. Ainda segundo a CNI, 48% das grandes empresas brasileiras pretendem investir em tecnologias 4.0, em 2018.
Gostou? Então compartilhe: