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Indústria 4.0 abre portas para mulheres

A digitalização e a evolução das máquinas inteligentes estão reduzindo a dependência do trabalho braçal e ampliando a demanda por habilidades analíticas e tecnológicas, áreas em que as mulheres têm se destacado cada vez mais

Por: Ana Britto      20/03/2025

A revolução industrial digital, conhecida como Indústria 4.0, está transformando o setor manufatureiro e criando oportunidades históricas para a inclusão de mulheres em um ambiente tradicionalmente dominado por homens. Com o avanço da automação, da inteligência artificial e da Internet das Coisas (IoT), não apenas os processos produtivos estão sendo modernizados, mas também os paradigmas culturais que limitavam a participação feminina no setor.

A trajetória das mulheres na força de trabalho industrial é marcada por avanços e desafios. No início do século XX, a presença feminina era restrita a funções domésticas e ao setor têxtil. Durante as Guerras Mundiais, muitas mulheres assumiram posições industriais antes ocupadas por homens, demonstrando sua capacidade em funções produtivas. Nas décadas de 1960 e 1970, a Revolução Feminista ampliou o espaço das mulheres no mercado de trabalho, com conquistas legislativas, maior acesso à educação e lutas por equidade salarial. Apesar disso, a segregação ocupacional e a sub-representação em cargos técnicos e de liderança persistiram como desafios significativos.

Hoje, a Indústria 4.0 surge como um catalisador para mudanças profundas. De acordo com o relatório “Manufatura - Tendências Globais de RH”, realizado pela Gi Group Holding, 58% das empresas brasileiras acreditam que a contratação de mulheres na produção deve aumentar até 2028. Esse índice coloca o Brasil à frente de outros países pesquisados, como Polônia (55%) e Alemanha (32%). O estudo, que ouviu 240 tomadores de decisão em seis países, aponta que a mudança de mentalidade e o crescimento das habilidades STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) entre as mulheres são os principais impulsionadores dessa transformação.


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Apesar do otimismo, os desafios persistem. Enquanto funções administrativas já têm maior participação feminina, cargos técnicos e de liderança ainda são predominantemente masculinos. A pesquisa revela que 39% das empresas enxergam a maior inclusão de mulheres como uma tendência natural do mercado, enquanto 35% destacam o aumento de profissionais com formação em áreas STEM. Além disso, a escassez de mão de obra qualificada tem pressionado as empresas a diversificar suas equipes, abrindo espaço para talentos femininos.

A digitalização e a evolução das máquinas inteligentes estão reduzindo a dependência do trabalho braçal e ampliando a demanda por habilidades analíticas e tecnológicas, áreas em que as mulheres têm se destacado cada vez mais. Para acelerar essa mudança, especialistas e empresas sugerem estratégias como reformular processos de recrutamento com linguagem inclusiva, investir em capacitação profissional, estabelecer parcerias com instituições de ensino e promover engajamento comunitário por meio de eventos e mentorias.

A Indústria 4.0 não é apenas uma revolução tecnológica, mas também uma oportunidade para promover a diversidade e a equidade de gênero. Incluir mais mulheres na manufatura vai além da justiça social: é uma estratégia inteligente para enfrentar a escassez de mão de obra qualificada e impulsionar a inovação no setor. O futuro da indústria será mais diverso, e esse avanço já começa a se desenhar no presente. As empresas que abraçarem essa mudança estarão não apenas mais competitivas, mas também mais alinhadas com os valores de uma sociedade que busca igualdade e inclusão.

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Ana Britto

Diretora da divisão responsável pela contratação de Temporários e Efetivos da Gi Group Holding, multinacional italiana reconhecida como uma das líderes globais em soluções dedicadas ao desenvolvimento do mercado de trabalho.