O que é arquitetura corporativa e como ela alavanca a transformação digital

Metodologia ajuda a alinhar estrutura organizacional da empresa, processos do negócio, tecnologias e infraestrutura

Por: ABII-Associação Brasileira de Internet Industrial      Exclusiva 21/02/2024

A transformação digital está levando as empresas a mudarem para permanecer competitivas, diante dos constantes movimentos do mercado: expectativas dos clientes, novos concorrentes, tecnologias emergentes, mudanças regulamentares e qualquer alteração mundial.

Em vista disso, a arquitetura corporativa é uma estrutura fundamental para apoiar esta transformação, apesar da sua complexidade. Ela ajuda as organizações a integrarem diferentes departamentos, sistemas de tecnologia e processos de negócios. Veja, a seguir, como isso ocorre.

O que é arquitetura corporativa

A arquitetura corporativa ou empresarial é um conjunto de princípios, métodos e modelos utilizados na concepção da estrutura organizacional de uma empresa, além de seus processos de negócios, sistemas de tecnologia e infraestrutura.

A arquitetura corporativa visa alinhar os objetivos de negócios com as capacidades tecnológicas para atingir metas estratégicas. Ela fornece uma visão holística da estrutura, processos, sistemas de informação e infraestrutura tecnológica de uma organização.

Sua principal função é garantir que todos os componentes da empresa, incluindo estratégias de negócios, processos de negócios, arquiteturas de dados e arquiteturas de sistemas sejam integrados, seguros e eficientes.

A utilização de estruturas de arquitetura corporativa começou na década de 1980, como resposta ao rápido crescimento tecnológico que passou a fazer parte da estratégia empresarial. Depois, esse processo se expandiu para todo o negócio, de forma a garantir o alinhamento do negócio com a transformação digital.

A importância da arquitetura corporativa

A arquitetura empresarial auxilia vários departamentos da empresa a compreenderem o modelo de negócios mais amplo e a articular desafios e riscos de negócios. Por isso, ela tem um papel importante na unificação e coordenação dos processos departamentais em uma organização.


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Ao adotar a arquitetura corporativa, as organizações podem melhorar a sua tomada de decisões, aumentar a agilidade, reduzir custos operacionais e melhorar o seu desempenho geral. Também facilita a comunicação entre diferentes departamentos, fornecendo uma linguagem e estrutura comuns para as partes interessadas compreenderem e colaborarem em projetos de TI complexos.

Tal abordagem pode evitar a duplicação de sistemas ou serviços de TI que podem potencialmente aumentar os custos empresariais, melhorar a resiliência do sistema e aumentar a agilidade.

A arquitetura empresarial ajuda a compreender o modelo de negócios de forma mais ampla. Imagem: Depositphotos

A metodologia é crucial para direcionar os esforços de transformação digital em uma organização, já que fornece uma visão geral detalhada dos sistemas internos, processos e fluxos de dados, permitindo que as organizações identifiquem áreas de melhoria e oportunidades de inovação.

Sem a arquitetura corporativa, a jornada de transformação digital pode ser desarticulada e não atingir os objetivos de negócios. Portanto, é imperativo que as organizações que passam pela transformação digital priorizem a arquitetura empresarial para garantir o alcance dos resultados desejados.

Componentes-chave da arquitetura corporativa

A arquitetura corporativa oferece métodos para descrever uma visão total da organização para analisá-la e projetá-la e, em seguida, planejar e implementar sua evolução. Quatro camadas primárias de arquitetura garantem essa integridade: 

  • Arquitetura de negócios: descreve a estratégia da empresa, os serviços oferecidos, a organização e as capacidades de negócios necessárias para entregar os serviços;

  • Arquitetura de aplicativos: define o portfólio de aplicativos da empresa, a integração e como esses ativos de TI suportam os processos e serviços fornecidos;

  • Arquitetura de informação: determina os requisitos de informação e o modelo de dados da empresa e ajuda a garantir que os dados sejam gerenciados para dar suporte às necessidades de negócios;

  • Arquitetura tecnológica: identifica as tecnologias (software e hardware) que suportam as aplicações e dados e entende como elas são implementadas. 

Cada conceito é específico de uma camada. Mesmo assim, pode ser ligado a conceitos de outras camadas, ou seja, uma capacidade de negócio pode ser suportada por uma ou várias aplicações, cada uma delas dependente de inúmeras tecnologias. Assim, a análise precisa dessas relações permite identificar o impacto da mudança.

Benefícios da arquitetura corporativa

A arquitetura corporativa oferece benefícios, entre os quais resiliência e adaptabilidade, gerenciamento de interrupções na cadeia de suprimentos, recrutamento e retenção de funcionários, melhor entrega de produtos e serviços e rastreamento de dados e APIs.

Ela também fornece recomendações às equipes de negócios e de TI para adaptar os processos e ativos de TI atuais, garantindo que estejam alinhados com a estratégia da empresa.

Além disso, permite implementar ações para reduzir os riscos gerados por possíveis desvios e oferece mais concretamente os seguintes benefícios:

  • Fornece uma visão compartilhada da organização;

  • Reduz a complexidade da TI e facilita a evolução dos sistemas de informação; 

  • Reduz os custos de TI removendo redundâncias e quebrando silos organizacionais;

  • Melhora a colaboração entre as equipes de negócios e de TI; 

  • Alinha os investimentos em TI, os recursos de negócios e a organização à estratégia da empresa. 

  • Facilita o cumprimento dos regulamentos;

  • Constrói resiliência organizacional;

  • Garante a interoperabilidade do sistema; 

  • Padroniza práticas e processos.

Metodologias de arquitetura corporativa

As estruturas de arquitetura corporativa incluem o alinhamento estratégico da organização com seus processos de negócios, aplicações, dados e tecnologia.

Portanto, várias estruturas mais específicas evoluíram para ajudar as empresas a implementarem e rastrear efetivamente o planejamento de arquitetura corporativa.  Entre elas, destacam-se:

  • Estrutura Zachman para arquitetura empresarial: a estrutura Zachman leva o nome de um dos fundadores originais da arquitetura corporativa e foi o modelo básico e inspiração para as demais metodologias que vieram. Ela abrange seis pontos focais de arquitetura e seis partes interessadas principais para ajudar a padronizar e definir os componentes e resultados da arquitetura de TI;

  • The Open Group Architectural Framework (Togaf) : o Togaf fornece princípios para projetar, planejar, implementar e governar a arquitetura de TI corporativa. A estrutura ajuda as empresas a criar uma abordagem padronizada para arquitetura corporativa com um vocabulário comum, padrões recomendados, métodos de conformidade, ferramentas e software sugeridos e um método para definir as melhores práticas. Ela é amplamente popular como estrutura de arquitetura corporativa e, de acordo com o The Open Group, foi adotada por mais de 80% das empresas líderes mundiais;

  • Estrutura Federal de Arquitetura Empresarial (Feaf):  a Feaf foi introduzida em 1999 como uma resposta à lei Clinger-Cohen, que introduziu mandatos para a eficácia da TI nas agências federais. Foi concebido para o governo dos EUA, mas também pode ser aplicado a empresas privadas que queiram utilizar a estrutura.

  • Estrutura de Arquitetura para Defesa (Dodaf): trata-se da estrutura de arquitetura do Departamento de Defesa (EUA). O problema central que as agências de defesa enfrentam é a integração de sistemas de longa duração e diversas organizações em missões e capacidades comuns. Muitos sistemas de armas têm desenvolvimento de uma década e podem estar em uso por 30 a 40 anos.

Segundo o Gartner, as receitas anuais do setor de ferramentas de arquitetura corporativa estão crescendo até 30% a partir de um footprint limitado, com suporte para tais ferramentas aumentando à medida que a metodologia se expande para além do controle direto dos departamentos de TI.

As empresas estão comprando ferramentas de arquitetura corporativa porque elas permitem que as organizações examinem a necessidade e o impacto da mudança. Além disso, elas auxiliam a desenvolver relacionamentos e confiança mútua nos ecossistemas de parceiros, modelos operacionais, capacidades, processos, aplicativos e tecnologias - todas as principais correntes na era da transformação digital.

 

*Conteúdo produzido em parceria pela ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial e Motor Tech Content e publicado pelo Canal CIMM

**Imagem de capa: Depositphotos

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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A ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da internet industrial das coisas e da indústria 4.0 (IIoT & I4.0) no Brasil. Coordena um ecossistema com provedores, usuários e especialistas em tecnologia e instituições de ensino. Num ambiente colaborativo reúne empresas protagonistas do mercado e é referência no movimento de transformação digital. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a geração de conhecimento e o intercâmbio tecnológico e de negócios.