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Indústria do Futuro: Os impactos da Covid-19 nas fábricas de 2035

Por: Esben Østergaard      29/10/2020

Você já parou para pensar como serão as linhas de montagem daqui há 15 anos? Como produtores de tecnologia e agentes de inovação, nós nos fazemos essa pergunta todos os dias. E de uns tempos para cá, com uma pandemia em curso, distanciamento social, quarentena e grandes economias mundiais paradas, entendemos que as definições que imaginávamos para as fábricas de 2035 estão mudando, como todo o resto do mundo. Mas, afinal, o que podemos esperar para os próximos anos?

Avaliando as grandes tendências que estão se construindo no Brasil e no mundo, podemos garantir que as fábricas do futuro serão muito diferentes das indústrias de hoje, mas provavelmente não da maneira que todo mundo esperava!

Desde a primeira Revolução Industrial, quando a mecanização hidráulica e a energia a vapor passaram a automatizar trabalhos, antes realizados manualmente, mais atividades foram assumidas pelas máquinas. A partir deste momento, cada avanço tecnológico, de computadores e robótica, foi marcado por um tipo de automação adicional.

Inteligência Artificial, carros autônomos, robôs carregáveis... a cada novo ano, uma enxurrada de tecnologias foram surgindo. As pessoas passaram a imaginar, então que 2035 seria marcado pela "Era das Máquinas", mas não é nisso que acreditamos. Para nós, as linhas de montagem serão marcadas por características como valor humano na produção em massa, máxima personalização e mão de obra extremamente qualificada.

Para explicar isso, convido você a olhar para o que está ocorrendo nas fábricas agora. Neste momento, muitos fabricantes estão transformando suas linhas de montagem em sistemas que chamamos de "lights out", uma metodologia em que é possível produzir bens de alta demanda com qualidade consistente, custo baixo sem precedentes e pouquíssima intervenção humana.

Ironicamente, ao mesmo tempo em que esse fenômeno ocorre dentro dessas linhas, do lado de fora, o consumo global tem tido uma mecânica diferente: a "marca" humana parece agradar os consumidores mais do que nunca, seja na busca por cervejas artesanais até na procura de artigos de luxo feitos à mão e, muitas vezes, completamente personalizados.


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Com esse complexo paradoxo, você deve estar pensando: as fábricas "light out" seriam opções equivocadas para a manufatura, certo? E a resposta para uma questão assim, tão enredada, não poder ser simplista.

Em 2035, as fábricas "lights out" serão sim uma parte vital da fabricação do produto. O mundo precisa de milhões de produtos que não requerem nenhum toque humano para serem valiosos. Porém, ao mesmo tempo, também haverá muito mais fábricas que empregarão trabalhadores com habilidades exclusivamente humanas.

Neste cenário, combinar mão de obra humana e robôs altamente colaborativos parece ser o melhor caminho já que os dois podem conviver de forma segura e econômica, contribuindo ainda para um aspecto muito importante, a qualificação da mão de obra. Dessa maneira, os trabalhadores que serão necessários nas linhas de montagem do futuro são aqueles que têm um valor particular a agregar ao produto em questão. Eles devem ter experiência em uma área necessária para dar ao produto o grau de toque humano que o mercado exige.

Em suma, o futuro que enxergamos está na automação com propósito, que coexista com o trabalho singelo do homem, por isso, sugiro que todos pensem nisso na hora que decidir automatizar suas linhas de produção. Combinado?

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Esben Østergaard

CTO da Universal Robots, responsável pela melhoria dos robôs UR existentes e pelo desenvolvimento de novos produtos e um dos criadores do produto.