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Inovação disruptiva: de volta ao básico

Por: Ricardo Jose Rabelo      14/05/2020

Nesses anos todos trabalhando com inovação, pequenas e médias empresas, e mais recentemente com indústria 4.0, muito tem se falado na necessidade de disrupção.

Mas como ter ideias disruptivas, ou pelo menos melhorias incrementais ?

Aí vejo pessoas e empresas procurando metodologias sofisticadas, soluções de prateleira, como que se houvesse um “comprimido mágico” que, uma vez tomado, se pudesse ter ideias inovadoras.

Poucas coisas são adequadas à realidade da imensa maioria dos empreendedores, que representam as micro, pequenas e médias empresas.

Na verdade, o processo de inovação numa empresa sempre nasce de uma inquietação de como melhor resolver um problema ou melhorar a eficiência geral daquilo que se faz.

Este post visa quase que apenas “relembrar” que existem alguns métodos já bem antigos, básicos e simples, que na minha opinião são extremamente úteis e atuais para ajudar o empresário, etc. a pensar-para-inovar.

Um deles é o Método do Questionamento, criado por B. White1 há mais de 30 anos, um dos vários usados na época do boom da reengenharia.

O Método do Questionamento consiste em usar as questões O Que, Quem, Como, Quando, Por que e Onde, sobre várias situações relacionadas às atividades de um dado processo (e nos desejados níveis de seu detalhamento para questionamento). Numa empresa/indústria, um processo normalmente abrange logística interna, desenvolvimento de produto, operações, logística externa, vendas e marketing, e serviços em geral.

Significa questionar com aquelas perguntas os seguintes aspectos:

  • O objetivo da atividade;
  • O lugar onde a atividade será realizada;
  • A sequência na qual uma atividade é feita em relação à outra;
  • O modo como a atividade é feita;
  • A pessoa que executa a atividade;
  • O meio usado para executar a atividade.

OBJETIVO da atividade
O Que é feito ?
Por que é feito ?
Que Outra coisa poderia ser feita ou que seria ideal de ser feito?
O Que tem que ser feito?


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LUGAR onde a atividade é feita
Onde ela é feita ?
Porque ela é feita lá ?
Qual Outro lugar onde ela poderia ser feita ou seria ideal de ser feita ?
Onde ela teria que ser feita ?

SEQUÊNCIA na qual as atividades são empreendidas
Quando ela é feita ?
Porque ela é feita ?
Quando ela poderia ser feita ou seria ideal de ser feita?
Quando ela teria que ser feita?

MODO pelos quais as atividades são executadas
Como ela é feita ?
Porque ela é feita desta maneira ?
Como ela poderia também ser feita ou seria ideal de ser feita?
Como ela teria que ser feita?

PESSOAS através das quais as atividades são empreendidas
Quem ela é ?
Porque é ela a pessoa a fazer isto ?
Quem mais poderia fazer isto ou seria ideal de a fazer?
Quem teria que fazer?

MEIOS pelos quais as atividades são executadas
Quem (qual) é o(s) meio(s) ?
Porque é ele a fazer isto ?
Quem (qual outro) poderia fazer isto ou seria o ideal para fazer?
Quem (qual) teria que fazer?

Este método é também bastante útil para destruir “verdade absolutas” que se estabelecem em uma empresa, muitas vezes sem ninguém saber de onde veio. Mas que continuam “verdadeiras” simplesmente porque ninguém as questiona.

A escolha do(s) processo(s) a ser(em) analisado(s) via questionamento não faz parte do método, e sabemos que é uma ação difícil. Isto porque exige se identificar prioridades e foco, diante de por vezes dezenas ou centenas de processos, que via de regra tem algum grau de interdependência. Um outro aspecto é que o método não indica direções de quais devem ser os indicadores de desempenho a serem usados para medir o desempenho da dada atividade/processo, ou tampouco de análise de custos, riscos e impactos da introdução das eventuais melhorias na empresa. Para isso há outros métodos. Também não abrange explicitamente questões como modelos de negócios. 

Mas o método é bastante concreto e simples de ser usado, adaptado / estendido, ou pelo menos usado de forma complementar a outros métodos.

Leia também:

1 White, B., & Horwitz, P. (1987). Thinking tools: Enabling children to understand physical laws. Cambridge, MA: BBN Laboratories.

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Ricardo Jose Rabelo

Ricardo Jose Rabelo

Full professor at UFSC (Federal University of Santa Catarina), with a permanent position in the Department of Systems and Automation Engineering since 2000.
Senior manager of applied R&D projects.
Consultant.