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A IIoT e a Indústria 4.0 salvando vidas

As tecnologias da atual revolução (IIoT e I4.0) podem salvar vidas. Conheça alguns casos no Brasil e no mundo onde isso já acontece.

Por: Claudio H. Goldbach      10/12/2018

Estamos acostumados a ler sobre as vantagens competitivas que as tecnologias da atual revolução industrial estão trazendo para os negócios: maior produtividade e qualidade, menor custo e maior eficiência, inclusive energética. Mas poderia também salvar vidas?

Na Estônia, uma potência digital que adota IIoT na indústria da saúde, isso já está acontecendo. Um enorme banco de dados nacional reúne o histórico dos pacientes coletado por hospitais, clínicas, laboratórios, consultórios e até mesmo nas ambulâncias. Os socorristas preenchem o relatório o qual é acessado em tempo real pelo hospital que está aguardando a chegada do paciente com informações suficientes para saber exatamente quais os próximos passos.

Com isso se ganha entre 5 e 10 minutos, o que é extremamente importante em uma situação crítica. É importante salientar que todos estes dados, considerados propriedade do cidadão, são tratados com extremo cuidado em relação à privacidade, mantendo-se registros de todas as visualizações dos mesmos e severas punições àqueles que visualizam sem uma razão para tal. 

Vejo que, um primeiro e simples passo aqui no Brasil, que já traria um grande ganho, seria uma e-receita, evitando os problemas da famosa letra de médico. Além disso, grande parte da burocracia dos remédios controlados poderia ser resolvida, economizando muito tempo de todos os envolvidos. Como próximo passo, estas e-receitas poderiam abastecer com dados os aplicativos que trariam os preços das farmácias, aumentando o poder de compra do cidadão.     

As consequências dos desastres naturais, como as históricas inundações em Santa Catarina, também podem ser  atenuadas com o uso destas tecnologias. Atualmente, no Rio Itajaí-Açu, quando o volume de chuva aumenta, todo o lixo acumulado no rio acaba ficando preso nas grades do dique de contenção de enxurradas, obstruindo o fluxo de água e comprometendo o bom funcionamento da estrutura. O SENAI, em parceria com a Defesa Civil, está desenvolvendo o sensoriamento e a limpeza automática destes diques, permitindo seu funcionamento e evitando, não só enormes prejuízos financeiros, mas também mortes. 


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Ainda no âmbito das cidades inteligentes, e pensando também na segurança física das pessoas, a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) anunciou o testbed de semáforos inteligentes, em parceria com a Prefeitura Municipal de Joinville. A solução de internet industrial transformará semáforos tradicionais em Sistemas de Transporte Inteligente (ITS) com o uso de câmeras térmicas de tráfego, tecnologia inédita no Brasil. O sistema permite a detecção de pedestres, ciclistas e automóveis com 100% de precisão, sem interferência de chuvas, neblinas ou quaisquer condições climáticas. As câmeras térmicas de tráfego coletam, em tempo real, dados das vias como fluxo de veículos, de ciclistas e de pedestres, permitindo aos semáforos inteligentes a tomada de decisão autônoma sobre o ajuste de intervalo em que devem operar, dando preferência para o tráfego em vias com maior congestionamento, por exemplo.

Existem outros exemplos, bem mais difíceis de serem notados, que estão na indústria da manufatura, onde a internet industrial é também conhecida como indústria 4.0. O maior motivo de recall da indústria automotiva é o inadequado tratamento térmico de peças de aço e alumínio. Em 30/10/2018 a Ford Caminhões convocou proprietários de 472 veículos Cargo para substituição da barra de direção pela seguinte razão: “...o pino esférico da barra de direção pode não ter recebido o tratamento térmico adequado, o que pode resultar na soltura da barra de direção com o veículo em movimento”. No artigo A Fantástica Fábrica com Fornos 4.0, abordei este assunto comentando: “O pior, e que acontece com certa frequência, é a carga acabar indo para o mercado e causar prejuízos bem maiores.”

Falando em prejuízos bem maiores, cinco pessoas morreram na queda de um helicóptero na Coréia do Sul em Julho deste ano. O MUH-1 Marineon caiu logo após uma manutenção de rotina. Uma equipe de especialistas concluiu que o mastro do rotor, que foi instalado na manutenção preventiva, estava com defeito devido a problemas no seu tratamento térmico. 

Fica evidente que coletar dados, manualmente ou através de sensores, e enviar estes dados para uma plataforma computacional inteligente, permite que tenhamos informações para que tomemos ações mais rápidas e assertivas. É a revolução salvando vidas! 

E você, que outros exemplos conhece sobre o tema? Compartilhe comigo suas experiências e suas dúvidas para aprendermos juntos e mais rápido.  

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Claudio H. Goldbach

Claudio H. Goldbach

Engenheiro Químico com 25 anos de experiência em processos térmicos, com amplo conhecimento em equipamentos industriais como fornos, estufas e aquecedores. Tem pautado sua carreira na busca incessante de inovação e eficientização de processos térmicos industriais.
É CEO da PERFIL Group, holding controladora de empresas da área térmica, no Brasil e Estados Unidos.
Também é Diretor da ABII - Associação Brasileira de Internet Industrial.