A Inovação Aberta é um conceito que prevê a cooperação entre empresas, academia, startups ou órgãos públicos para resolver um problema que afeta a indústria e a sociedade como um todo. Também conhecida como tríplice hélice, o conceito criado pelo professor da Universidade de Berkeley (EUA), Henry Chesbrough, em 2003, essa noção ainda é considerada um tabu em diversas indústrias.
Isso porque, muitas empresas, principalmente as tradicionais, têm receio de abrir suas vulnerabilidades, seus dados e suas fortalezas para o mercado. Mas é justamente esse compartilhamento de informações que pode dar origem a soluções inovadoras e ágeis dentro da Inovação Aberta.
Funciona assim: uma empresa tem uma dor específica e no lugar de buscar soluções prontas no mercado, faz um contrato de parceria com uma startup, por exemplo, para construir alternativas em conjunto.
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“A Inovação Aberta traz menos risco às indústrias, uma vez que geralmente os contratos são menores e menos caros”, explica Rodrigo Meza, especialista em Inovação Aberta da Eurofarma, em conversa realizada no podcast Boteco 4.0. O especialista ainda exemplifica: “uma vez um setor da Eurofarma contratou um fornecedor para suprir uma dor específica, o sistema demorou mais de um ano para ser instalado e não solucionou o problema. Em três meses de parceria com uma startup, por meio do programa de Inovação Aberta, a área conseguiu entender a forma como resolver o problema”.
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A startup, por outro lado, ganha experiência de mercado e consegue desenvolver seu produto já alinhada a dores reais.
Felipe Domingos, CEO da Actiz, que participa de um projeto de Inovação Aberta com a Eurofarma, resume essa relação no mesmo podcast. “As grandes indústrias nos dão a oportunidade de enxergar problemas e de ver que a nossa solução resolve 90% daqueles problemas. Para alcançar os 100% elas nos mostram o caminho o qual seguir. Essa é a parceria ideal”.
Prova de Conceito: uma forma prática de fazer Inovação Aberta
Uma forma eficaz de aplicar a Inovação Aberta é por meio de contratos de Prova de Conceito. Basicamente, as empresas fecham parcerias curtas, de três meses, por exemplo, com objetivos e KPIs bem definidos.
O resultado pode ser uma extensão de contrato ou ruptura. Rodrigo diz que dentro da Euroforma, por exemplo, é feita uma reunião antes do fechamento deste contrato, chamada de imersão. Nela, a área contratante e a startup sentam juntas para entender as possíveis aplicações envolvidas, definir metas e formas de medi-las a fim de ter métricas claras para a continuidade do contrato.
“Ter essa conversa antes e seguir com o objetivo em mente é muito importante. Porque às vezes, a startup é chamada para resolver um problema A durante uma prova de conceito e acaba resolvendo o A, o B, C e D mas deixa a desejar no E e F. No fim do período, a empresa pode dizer que a solução não se encaixou, mas na verdade não, para resolver o que foi contratada, ela funcionou. E essa solução foi tão boa que levantou os próximos problemas e já deu conta de vários deles”, conta Felipe.
Os dois concordam, portanto, que Inovação Aberta é uma relação ganha-ganha: ganha a indústria porque resolve problemas complexos de forma rápida, como menos riscos e relativamente barata. Ganha startup que constrói soluções alinhadas com a necessidade de mercado e tem a oportunidade de fechar contratos com empresas grandes.
Além de tudo, ganha o mercado com o desenvolvimento tecnológico das indústrias que traz mais inovação e eficiência para os processos.
O podcast Boteco 4.0, uma produção da ABII com a Ocotea Filmes, nesta temporada conta com os 10 participantes do BiG 2023. Acompanhe tudo sobre o movimento BiG aqui.
*Imagem de capa: Depositphotos
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