O MES, Manufacturing Execution System ou Sistema de Execução de Manufatura, em português, pode ser um dos principais softwares dentro de uma indústria. O sistema é responsável por acompanhar toda a ordem de produção dentro das fábricas, mapeando a atuação de máquinas e pessoas.
Nele são registrados, em tempo real, todas as etapas pelas quais um produto passa desde que a ordem de fabricação é recebida até a entrega final. Isso possibilita que os gestores das indústrias consigam mapear quais são os gargalos de produção, tenham um controle de qualidade simultâneo e entendam a performance das pessoas e máquinas.
Em algumas indústrias, a eficiência do maquinário é medida pelo OEE, Overall Equipment Effectiveness, um indicador de desempenho. Ele mede a relação de quanto está sendo produzido versus o potencial de produção real de um equipamento. Assim, as indústrias conseguem entender a eficiência de sua produção.
O uso de MES, portanto, pode ser uma forma de mapear a produção e melhorar o OEE da indústria. Mas, principalmente levando em consideração a indústria brasileira, o sistema deve ser usado para mapear os gargalos, antes de se preocupar com a OEE.
Paulo Narciso, CEO da Harbor, empresa de engenharia que desenvolve e integra softwares industriais para planejamento e controle de produção, ressaltou durante a participação no podcast Boteco 4.0, que não adianta a empresa se preocupar com a eficiência se o problema é a demanda, por exemplo.
Uso do MES na prática
Marcos Dillenburg, CEO da NOVUS, empresa fabricante de instrumentos eletrônicos que permitem controle, registro, aquisição e supervisão de processos industriais, contou, no mesmo podcast, que a maior dor da empresa era saber o que estava acontecendo na produção.
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A NOVUS, como tantas outras pelo Brasil, tinha seus dados distribuídos em diferentes planilhas do Excel. “O problema é que quando temos vários [arquivos de] Excel soltos, cada um preenche de um jeito. Sendo assim, a informação demora para chegar, não é apurada e nem fácil de ser consumida”, ressaltou o executivo.
O MES veio justamente para resolver este problema. Com o mapeamento em tempo real da produção e da eficiência de máquinas e pessoas, foi possível entender padrões, ter dados confiáveis, corrigir desvios e aumentar o OEE.
Eficiência para além da tecnologia
O líder da NOVUS contou que o sucesso de um MES, porém, é 30% de trabalho técnico e 70% de desenvolvimento da cultura para abraçar e tirar o melhor proveito do sistema. “Se a empresa não tiver a cultura de analisar, medir tempo, trabalhar em melhorias contínuas à medida que a informação chega, o investimento se torna um desperdício”, aconselha.
Paulo concorda, para ele a transformação digital é muito mais transformação do que digital. “A transformação está em dar informação para as pessoas, convencê- las que é muito melhor trabalhar baseado em dados do que no achismo. Essa transformação depende da maturidade de cada empresa”.
Os dois profissionais concordam que para implantar um MES é preciso não dar um passo maior do que as pernas. Isso significa que é preciso desenhar um plano estruturado, dar tempo ao tempo e depois colher os resultados.
O podcast Boteco 4.0, uma produção da ABII com a Ocotea Filmes, nesta temporada conta com os 10 participantes do BiG 2023. Acompanhe tudo sobre o movimento BiG aqui.
*Imagem de capa: Depositphotos
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