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Indústria brasileira aumentou o uso de tecnologias, mas ainda caminha a passos lentos

Engenheiro especialista em projetos para a Indústria 4.0 sinaliza que o entendimento da aplicação das tecnologias proporciona produção em larga escala e maior competitividade, ainda mais quando baseadas em dados.

Por: Redação CIMM/ Agência VitalCom      15/06/2022 

A Indústria nacional está mais tecnológica do que há cinco anos, sendo que 69% das empresas já utilizavam algum tipo de tecnologia em seus processos em 2021, contra 48% registrado em 2016, segundo dados da última pesquisa Sondagem Especial Indústria 4.0, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Embora este número seja um alento, o percentual de aumento foi de apenas 21% em cinco anos, deixando nosso mercado ainda mais atrás das principais potenciais mundiais. 

“O Brasil ainda passa por uma transformação cultural, em que muitos decisores não têm familiaridade com tecnologias avançadas e preferem continuar fazendo o mesmo processo por anos, mesmo sabendo que já existem ferramentas e tecnologias que podem transformar a produtividade e o controle dos processos da empresa. É importante criar equipes de inovação dentro de cada área da empresa, com intuito de multiplicar as iniciativas de tecnologia baseadas em ganhos de produtividade e redução de custo”, comenta Anderson Rezende, engenheiro mecatrônico, especialista em projetos para a Indústria 4.0.

Para o especialista, é essencial que os executivos do setor entendam este processo como algo natural e fundamental.

A pesquisa investigou, justamente, o avanço do uso das tecnologias na Indústria 4.0 e, entre os principais benefícios, estão o aumento da produtividade, melhoria da qualidade de produtos e a redução nos custos de produção. Rezende pontua, ainda, que produzir mais e melhor torna qualquer empresa rentável.

“Quando as empresas brasileiras olharem para a inovação como investimento, elas começarão a evoluir. O principal benefício da tecnologia, para qualquer corporação é conhecer os dados e informações atuais, seja sobre a disponibilidade da máquina, ou quantas peças foram produzidas por minuto, quantas peças foram retrabalhadas, ou quantas horas uma máquina ficou parada sem produzir, por exemplo. Esses dados, atualizados em tempo real, tornam qualquer empresa mais dinâmica e produtiva, em que cada minuto conta para ganhar mais produtividade”, ressalta o especialista em Indústria 4.0. 

Alto custo é um entrave

Os resultados da sondagem mostram que 66% das empresas consideram que o alto custo para implementação da tecnologia é um obstáculo. Contudo, Anderson Rezende, orienta que, atualmente, a oferta é maior, facilitando o investimento. 


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“O avanço de startups e a chegada de muitos sistemas e produtos importados trouxeram uma forte concorrência, tornando o custo mais acessível para toda e qualquer empresa, seja para robotizar uma linha inteira de produção, seja para implementar um software para controle de acesso das máquinas”.

Além disso, muitos executivos declararam que a falta de linhas de financiamentos também atrapalha. Mas, o engenheiro reforça que, mesmo o retorno não sendo imediato, a palavra inovação deve fazer parte da lista de predileção dos empresários da Indústria.

“Muitas empresas querem investir em tecnologias que possam obter ganhos a curto prazo, porém, os frutos são colhidos de médio a longo prazo. Isso faz com que muitas empresas pensem em inovação como algo secundário”, diz Rezende.

Linhas de crédito

As empresas nacionais contam com diversas opções de financiamento para investir em tecnologia, como a Rota 2030, especialmente para o setor automotivo; ou a Lei do Bem, para empresas de tecnologia, no entanto, Anderson considera que a falta de conhecimento é um percalço para os empresários.

“Existe bastante linhas de crédito, mas vemos que, muitas delas, são utilizadas apenas por grandes empresas e isso acontece pela dificuldade da compreensão e o desinteresse em procurar consultorias. Desta forma, este benefício fica apenas para empresas que já possuem um grande capital”, alerta.

Decisões baseada em dados

A pesquisa mostrou, ainda, que a falta de conhecimento, a clareza dos retornos das tecnologias, a estrutura e cultura das empresas, são queixa de 25% dos entrevistados.

E para superar este obstáculo, Anderson ensina o caminho a ser seguido. “Hoje, as empresas precisam ter um melhor processo de Ciências de Dados, pois vivemos em um mundo analítico, onde a tomada de decisão tem que deixar de ser baseada em achismo. E as indústrias são processos comportamentais, em que cada máquina e cada equipe possui um indicador próprio, permitindo análises individuais das ações de ganhos e perdas”, sustenta o engenheiro.

Profissionais qualificados

Já 37% das empresas, afirmam que a falta de profissionais qualificados é uma barreira para adoção de tecnologias digitais. Todavia, Rezende reitera que, na verdade, há falta de oportunidade para diversos alunos que se formam semestralmente.  

“A cada semestre, o Senai, por exemplo, disponibiliza no mercado inúmeros profissionais qualificados, cabe as empresas darem oportunidade para eles e, assim, todos ganharem experiência e amplificação desse conhecimento na empresa. A inovação não elimina trabalhadores, mas substitui uma operação manual por um equipamento automático, ou um robô, e traz qualificação de novos técnicos capazes de realizar as manutenções. Assim, os especialistas terão melhores salários e a empresa se beneficiará da possibilidade de escalar a tecnologia para outras áreas”, finaliza Anderson Rezende.

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