Produção do Tracker renova fábrica de São Caetano do Sul
GM investiu R$ 1,2 bilhão em novos processos e equipamentos para fazer o SUV
13/04/2020GM investiu R$ 1,2 bilhão em novos processos e equipamentos para fazer o SUV
13/04/2020O novo Chevrolet Tracker lançado no mês passado renovou não só o portfólio de produtos brasileiros da General Motors, também trouxe mais um renascimento de sua mais antiga fábrica no Brasil, inaugurada em 1930 em São Caetano do Sul (SP). A planta, que já passou por dezenas de modernizações ao longo de seus 85 anos de história, recebeu investimentos de R$ 1,2 bilhão para fazer o SUV compacto que, mais uma vez, provocaram ampla transformação de processos e equipamentos.
O início da produção comercial do Tracker no início de 2020 marcou o fim de um ciclo de investimento da GM no País – de R$ 13 bilhões entre 2015 e 2019 – e promoveu a entrada no século 21 da fábrica de São Caetano, que teve sua capacidade ampliada de 250 mil para 330 mil carros/ano e recebeu muitas novas tecnologias de manufatura da chamada indústria 4.0, que opera com máquinas e processos automatizados e interconectados, onde o ambiente virtual é replicado para o real. Exemplo dessa automação em alta escala são os AGCs (Automated Guided Carts), pequenos carrinhos autônomos que circulam pela planta para abastecer de forma a linha de montagem – os pedidos internos de peças são feitos automaticamente e os AGCs fazem a distribuição no tempo certo e localização precisa.
Dessa forma o projeto do novo Tracker acabou beneficiando com processos mais modernos e eficientes a produção dos outros modelos que continuam a ser produzidos em São Caetano: Spin, Montana e as versões antigas do Onix agora chamadas de Joy e Joy Plus (sedã). Todos são fabricados na mesma linha, que levou mais de um ano para ser completamente renovada.
A fábrica de São Caetano tem pouco mais de 9 mil empregados – segundo o sindicato local, pois a GM não informa o número de trabalhadores em cada planta. No início deste ano a unidade do ABC paulista abriu a contratação de 350 novos funcionários – também de acordo com o sindicato –, mas como tinha aberto plano de demissão voluntária alguns meses antes para reduzir custos salariais, é possível concluir que a produção do novo Tracker não agregou mais trabalhadores à linha.
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Para atingir o objetivo de liderar o segmento de SUVs no País, o plano era produzir algo como 6 mil Tracker por mês em São Caetano, o que exigiu tornar a planta mais produtiva e adotar processos mais modernos para introdução de novas tecnologias que o carro tem. Mas isso estava previsto nas condições anteriores do mercado brasileiro, que atualmente está parado por causa das medidas de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus, e depois da crise deve voltar menor.
O SUV foi lançado exatamente no começo da quarentena, por isso ainda não há como medir se seu desempenho comercial de fato trará aumento de atividade na fábrica. É provável que os planos de liderança tenham de ser adiados – assim como novo programa de investimento de R$ 10 bilhões de 2020 a 2024, que conforme a GM já antecipou será postergado para mais adiante, a depender do tamanho da crise.
A GM divulgou alguns dos diversos processos e equipamentos que foram adicionados à fábrica de São Caetano com a chega do novo Tracker à linha de produção:
CHAPARIA E FUNILARIA (SOLDA DE CARROCERIAS)
PINTURA
MONTAGEM FINAL
ESTOQUE
O Tracker é parte do projeto global da GM para carros destinados a mercados emergentes, montado sobre a plataforma GEM (sigla para Global Emerging Markets), sobre a qual também são construídos os novos Onix e Onix Plus produzidos no Brasil em Gravataí (RS) desde o meio do ano passado. O projeto é liderado pelo maior dos mercados emergentes, a China, onde começaram a ser fabricados os modelos da plataforma GEM.
Com a supervisão do centro de desenvolvimento global de produtos da GM nos Estados Unidos, da empresa conta com o protagonismo também do time de designers e engenheiros brasileiros. Embora boa parte da engenharia da GM no Brasil tenha sido transferida para a China nos últimos anos, muitos engenheiros e designers brasileiros participam dos projetos da nova família de veículos, em função da larga experiência no desenvolvimento de carros compactos. No caso do Tracker, segundo a GM o carro foi desenvolvido em quatro anos e envolveu cerca de 1,8 mil especialistas de 14 nacionalidades que trabalham nos modelos da plataforma GEM em diversas instalações da GM no mundo, incluindo o Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), o maior do Hemisfério Sul.
Foi no Campo de Cruz Alta que a GM desenvolveu a dinâmica veicular e calibrou o funcionamento das novas tecnologias introduzidas na nova família GEM, incluindo novos Tracker, Onix e Onix Plus, ao todo percorreram na região mais de 1 milhão de quilômetros em testes, segundo a empresa.
“O maior desafio foi maximizar a eficiência energética dos veículos sem comprometer a performance”, conta Ricardo Fanucchi, diretor de engenharia da GM América do Sul. Nesse sentido, a plataforma GEM também trouxe uma nova família de motores de três cilindros ao Brasil, nas versões 1.0 aspirado de 82 cv, 1.0 turbo de 116 cv e 1.2 turbo de 133 cv (os dois primeiros usados no novo Onix e os dois últimos usados no novo Tracker). Todos são produzidos desde o ano passado na fábrica da GM em Joinville (SC) que recebeu R$ 1,9 bilhão em investimentos para fazer os novos propulsores.
O novo Tracker nasceu com índice de nacionalização que varia de 60% a 70% – segundo estimativa de Automotive Business, pois a GM não divulga o porcentual exato nem o número de fornecedores nacionais do modelo, apenas afirma que o projeto está em fase inicial no Brasil e esse número pode variar nos próximos meses. O Tracker também trouxe alguns novos fornecedores à cadeia de suprimentos da GM no País, mas segundo a fabricante não foi necessário fazer nenhum trabalho de desenvolvimento específico ou fora do padrão.
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