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Desafios do trabalho na indústria 4.0

Sensores, conectividade e digitalização não são os únicos atributos da indústria 4.0.

Por: O Petróleo      28/10/2018 

Sensores, conectividade e digitalização não são os únicos atributos da indústria 4.0. O novo estilo de produção de bens, ainda em evolução, traz novas exigências de habilidades da mão de obra nesse sistema de manufatura. Nesse contexto, Bernd Dworschak, pesquisador do Instituto Fraunhofer de Engenharia Industrial IAO, em Stuttgart, na Alemanha, trabalha com dois cenários futuros – e extremos. Um deles é classificado como cenário da automação: segundo essa hipótese, uma parte crescente das decisões será feita pela tecnologia.

“Isso restringiria ainda mais o espaço para escolhas humanas autônomas e alternativas de ação”, disse Dworschak sobre o cenário. “Em um sistema cada vez mais automatizado, as pessoas só precisariam intervir em casos de incidentes. Por outro lado, os funcionários com uma qualificação mais baixa e média não precisariam mais desenvolver as habilidades necessárias”, argumenta.

A segunda hipótese é chamada de cenário de especialização: a tecnologia é usada para apoiar a tomada de decisão humana e, portanto, a resolução de problemas. Em comparação com o cenário de automação, a equipe de produção – pelo menos com nível médio de qualificação – participa das decisões, o que, portanto, exigiria requisitos mais diversificados.

No cenário de automação, as tarefas a serem assumidas por pessoas vão demandar profissionais altamente qualificados. “Já no cenário de especialização, as interfaces humano-tecnológicas são projetadas de tal forma que, além dos altamente qualificados, pelo menos os especialistas de nível médio poderão interagir com a tecnologia”, disse Dworschak.

O pesquisador será um dos palestrantes no 7º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, que será realizado nos dias 30 e 31 de outubro, no auditório da FAPESP, em São Paulo.


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O evento, que contará com apresentações de pesquisadores do Brasil e da Alemanha, é organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo (DWIH São Paulo) e pela FAPESP.

Para outra participante do evento, Monika Hackel, diretora do Departamento de Regulação da Educação e Formação Profissional do Instituto Federal de Educação Profissional (BIBB), em Bonn, é importante que a transição ocorra sem deixar ninguém para trás.

“Trabalhamos com um plano legal para apoiar grupos-alvo específicos no sistema, com foco na formação de pessoas com deficiência no contexto da digitalização”, disse Hackel sobre o sistema alemão. “A digitalização precisa trazer também benefícios para esses grupos e contar com apoio das empresas em treinamento.”

O sistema de formação dual, em que o estudante faz estágio prático em uma empresa enquanto aprende teoria numa instituição de ensino, oferece também apoio para grupos especiais, como flexibilidade na duração do estágio, dependendo da dificuldade do aluno. O objetivo é oferecer uma formação profissional, com reconhecimento nacional, e empregabilidade.

Dados do mercado de trabalho alemão mostram que, dentre as empresas que participam do sistema dual de ensino, grande parte delas emprega estudantes com deficiência de aprendizagem. Por outro lado, para muitos setores ouvidos pelo BIBB, as tecnologias digitais trazem mais dificuldades que oportunidades para pessoas com deficiência – é o que indicaram empresas do ramo de agricultura, operadores de máquinas têxteis, construção civil pesada, por exemplo.

Na análise de Hackel, o avanço da digitalização demanda também apoio técnico para permitir a integração de diferentes grupos que apresentam algum tipo de deficiência.

“Acessibilidade e uso de ambientes virtuais com interfaces que facilitem o uso no local de trabalho, mais pesquisas e desenvolvimentos para soluções especiais nas áreas de reconhecimento de voz, realidade virtual, simulações, abordagens de banco de dados”, disse.

 

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