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Como nasce uma indústria 4.0

Planejamento é a peça-chave quando o objetivo é adotar processos típicos da indústria 4.0

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 04/03/2024

Atualmente, pelo menos 80% dos lançamentos de novos produtos falham, e 80% daqueles que não falharam não atingem os objetivos considerados no plano mestre de negócio

Existem algumas razões básicas e muito bem conhecidas para a existência desse pífio aproveitamento, porém tenho a sensação que ainda não existe a preocupação da grande maioria das empresas em melhorar esse índice - muito devido à falta de conhecimento e interesse sobre o assunto.

A primeira razão, seria a tentativa frequente de aproveitar o que já existe, porque além de mais barato é mais rápido, mais fácil e não se perde tempo com planejamento e desenvolvimento, portanto, o produto é novo, mas todo o resto continua velho. Inclui-se aqui, ainda, todos os vícios operacionais antigos, o fator obsolescência tecnológica e, na maioria das vezes, o péssimo estado de conservação dos equipamentos e ferramentas.  

A segunda razão, inclui falhas nas análises de âmbito mercadológico, onde as premissas que norteiam o projeto não refletem a realidade. Logo, o produto não fornece ao consumidor a percepção de valor agregado e/ou sua utilização é prejudicada perante aos concorrentes. Aqui surgem então as propagandas enganosas ou ineficazes, tentando vender algo que o produto não faz. 

A terceira razão, já é considerada “o dia do juízo final”, pois os custos ficaram acima do objetivo, prejudicando, assim, as margens de contribuição do referido produto nos resultados do plano de negócio. Não existe milagre ou jeitinho brasileiro que poderiam ser aplicados nesse caso.

Com certeza absoluta, existem outras mil razões para um novo produto dar errado, porém as três listadas acima são as mais abrangentes e comuns. Delas derivam a maioria dos problemas que afetam uma cadeia produtiva, sendo alguns de fácil solução e alguns impossíveis de serem resolvidos.

Estratégia para desenvolver um novo produto

Em todas minhas edições, tenho salientado muito o “planejamento” e, nesta edição, não vou deixar de fazê-lo. Portanto, quero, mais uma vez, focar nos pontos em que o planejamento se torna primordial, principalmente quando se objetiva adotar uma filosofia operacional de fábrica inteligente e/ou da indústria 4.0.


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A indústria 4.0 nasce na elaboração da cadeia produtiva, com a abrangência desta iniciando-se no desenvolvimento do produto e terminando com a chegada do produto ao ponto de venda para o consumidor final. 

Algumas premissas básicas devem ser previamente definidas antes ao se iniciar um planejamento desta magnitude, tais como:

  • Ciclo de vida, volumes e sazonalidades do produto, com avaliação dos requisitos de capacidade/durabilidade/tecnologia dos equipamentos e ferramentas a serem utilizados, planos de manutenção e reposição, viabilidade técnica de aquisição e qual tecnologia de automação seria a mais apropriada;
  • Processos principais e secundários. Aqui vale a regra fazer o que sabe ou aprender bem o que não sabe. Durante o desenvolvimento de um novo produto a integração deverá ser sempre muito efetiva entre o design e a manufatura. Análises detalhadas devem ser feitas de maneira a desenvolver um produto que seja fácil de fazer e sempre tentando utilizar o conhecimento tecnológico que a empresa possui. Os processos principais são aqueles onde a empresa detém um conhecimento vasto perante os concorrentes e deve ser considerado dentro da cadeia produtiva. Os processos secundários, eventualmente, podem ser feitos por terceiros ou fornecedores com as devidas certificações, porém também devem fazer parte da cadeia produtiva;
  • Mercados a serem atingidos também devem fazer parte do desenvolvimento em função das embalagens e seus requisitos legais, custos de movimentação, transporte, armazenagem e disposição nos pontos de vendas;
  • Organização interna também deve ser avaliada, colocando pessoas com perfil apropriado para aquela operação que entendem perfeitamente a cadeia produtiva e a respeitem, acompanhando suas prioridades e necessidades com prioridade absoluta;
  • Sistema operacional integrado onde impera a digitalização, com todos os controles on-line e todas entradas e saídas gerenciadas por um funil central.

Uma vez definida a configuração da cadeia produtiva, outros pilares de sustentação poderão então ser elaborados, como sistema operacional e configuração do banco de dados.

Uma indústria 4.0 não nasce por si só. Ela é criada por profissionais com vasta experiencia em suas respectivas áreas de atuação, mas com conhecimentos gerais e abrangentes sobre determinada cadeia produtiva. Somente profissionais que detêm a capacidade de simular, prevenir e especificar processos e metodologias diversas, em cada âmbito de negócio, devem fazer parte do time de criação.

Planejar nada mais é que pensar no “que”, “como” e “quando” fazer e contingenciar o que eventualmente sair errado.

 

*Imagem de capa: Depositphotos

 

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.