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ESG na manufatura aditiva

Manufatura aditiva se apresenta como uma das tecnologias que pode colaborar de forma significativa com as indústrias

Por: Luan Saldanha Oliveira      24/10/2023

Com o avanço da crise climática, a pressão para que as indústrias reduzam o impacto ambiental de suas atividades aumenta a cada ano. Adicionalmente, há também uma pressão no contexto do impacto social e da governança que estas indústrias apresentam para o mercado.

Com isto, a ESG é, atualmente, um tema extremamente relevante para as indústrias, principalmente as que são cotadas em bolsas de valores e/ou buscam financiamento para suas operações.

 Mapa ESG. Fonte: ASTRA ESG Solutions

Neste contexto, a manufatura aditiva se apresenta como uma das tecnologias que pode colaborar de forma significativa com as indústrias, com o objetivo de promover impactos positivos nos índices de ESG. Associado a isto, a inovação proporcionada pela manufatura aditiva também é bastante relevante para contribuir com os impactos das indústrias no âmbito ambiental, social, econômico e de governança.

Manufatura aditiva na indústria

Através dos benefícios que a manufatura aditiva pode proporcionar às indústrias (como redução de desperdício de material, possibilidade de produção local, maior potencial de reciclagem, desenvolvimento de novos produtos e processos, entre outros) é possível ampliar a adoção desta tecnologia nas indústrias, causando impacto positivo nas pessoas e no planeta.

Entretanto, por ser ainda uma tecnologia em implementação e início de expansão nas indústrias brasileiras, ainda não há estudos e metodologias para demonstração e validação dos reais impactos da manufatura aditiva na indústria nacional, no contexto da inovação e da ESG.


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Segundo Ullrich (2023), “Agências de classificação como Sustainalytics, S&P e MSCI criaram índices específicos, por exemplo, o Dow Jones Sustainability World Index e o MSCI ESG Universal Index, que mostram a quanto risco as empresas estão expostas à luz do cumprimento dos critérios ESG. Estes índices são posteriormente utilizados pelos gestores de investimentos como um fator de entrada para decidir como equilibrar as suas carteiras de investimentos”.

Ao se utilizar uma nova tecnologia no processo de manufatura (como a manufatura aditiva), as indústrias precisam compreender e mensurar qual o impacto destas tecnologias, no ESG e na inovação, para que possam potencializar suas classificações em rankings, como os citados por Ullrich (2023).

Desta forma, existe um enorme desafio e um grande potencial para as indústrias brasileiras: ampliar a adoção da manufatura aditiva nos seus processos produtivos (obtendo os ganhos técnicos e de inovação que esta tecnologia permite) e, consequentemente, ampliar o seu impacto ESG, possibilitando alavancar recursos financeiros de investidores.

Para isto, é necessária uma abordagem técnica, ambiental, social e de governança, em conjunto, para mensurar os impactos da manufatura aditiva neste contexto. O “3D Printing Industry ESG Thematic Report, 2023” (ASTRA, 2022) apresenta no seu escopo questões-chaves como “análise macroeconômica da indústria de impressão 3D a partir de uma perspectiva ESG, analisando o cenário regulatório, político e de inovação do setor”.
Só para termos ideia do impacto na ESG que a Manufatura Aditiva pode proporcionar, um estudo da Air and Waste Management Association estimou que o transporte de mercadorias relacionado com a indústria foi responsável por mais de 25% das emissões de carbono nos EUA e Europa. Com a vantagem de produção local, através da manufatura aditiva, este número pode ser reduzido significativamente.

Em relação a redução do uso de energia, alguns estudos mostram que é possível reduzir este indicador em até 25%, nos próximos 25 anos (através do uso da quantidade certa de material na produção dos produtos, assim como a produção do número ideal de produtos no momento em que estes são necessários).

(Uma observação em relação a esta questão de redução de energia, que outros estudos apontam, é que apesar destas reduções, ainda se usa muita energia na produção da matéria-prima usada na manufatura aditiva, o que é um contraponto a esta questão de redução energética).

Do ponto de vista social, há potencial de ações com a manufatura aditiva relacionadas com saúde e segurança, relações comunitárias e de direitos humanos. E na governança, a responsabilidade das lideranças dos conselhos das empresas, com visão para sociedade e ambiente, incorporando valores verdes e benefícios sociais.

Como sugestão para acompanhar mais sobre este tema, a Additive Manufacturer Green Trade Association (AMGTA) é organização global que reúne empresas para promover o debate em torno de práticas de MA, como estratégia de sustentabilidade.

 

Figura 2 - Site da Additive Manufacturer Green Trade Association. Fonte: AMGTA

E você, o que acha da ESG na manufatura aditiva?

 

*Imagem de capa: Depositphotos

 

 

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Luan Saldanha Oliveira

Luan Saldanha Oliveira

Luan Saldanha é engenheiro Mecânico com mestrado em Engenharia de Sistemas e Produtos. Possui experiência em projetos de inovação e desenvolvimento de produtos. É apaixonado pelas tecnologias da Indústria 4.0, como Manufatura Aditiva, softwares de engenharia (CAD, CAE, CAM), Realidade Aumentada, Realidade Virtual, IoT, entre outras. Já teve experiência em estudar e morar em Portugal, ser sócio de startup e empresa de engenharia, ser professor de graduação para alunos de engenharia mecânica e trabalhou com Manufatura Aditiva. Atualmente trabalha como especialista em inovação industrial. Busca trazer artigos e notícias relacionado ao mundo da Impressão 3D e da Indústria 4.0!