Muitos pensam que só as grandes empresas podem encabeçar e fazer parte dos movimentos de evolução industrial. Mas, principalmente, quando falamos da indústria 4.0, isso é uma falácia. Além de tecnologias com diferentes graus de acesso, esse movimento é embasado em pilares capazes de serem implementados por qualquer fábrica.
São eles: computação, conectividade, análise de dados, automação, robótica, inteligência artificial, realidade aumentada, impressão 3D e cibersegurança.
Os pilares podem ser usados de forma combinada ou individual. A quantidade e complexidade das tecnologias empregadas dentro da indústria vão determinar a maturidade dela dentro do conceito 4.0, mas uma fábrica que empregue pelo menos uma solução dessas já pode ser considerada 4.0.
No fim das contas, o importante é pensar no objetivo central de uma indústria 4.0, que é integrar tecnologia e trabalho humano para trazer mais eficiência para as operações. Sendo assim, uma fábrica pequena de móveis que consiga automatizar a entrada de produção de seus itens, por exemplo, já pode ser considerada em estágios iniciais de maturidade no conceito 4.0, desde que essa solução tenha trazido eficiência para a operação.
Leia também: Como o ChatGPT pode ser usado na Indústria?
Passo a passo para implementar o conceito 4.0
Por mais que dito dessa forma possa parecer simples, a adequação a esses pilares é complexa. Ela passa por:
Estudo e diagnóstico da fábrica
O primeiro passo é entender quais gargalos as soluções podem ajudar a otimizar. Implementar algo só por implementar é um dos principais erros na hora de começar a adequação ao conceito 4.0.
Continua depois da publicidade |
O estudo deve acontecer em todas as áreas do negócio: de vendas, ao administrativo, passando pela operação e assim por diante.
Depois de feito um diagnóstico completo da empresa, deve-se entender a priorização das soluções. Um método eficaz de fazer isso é usar uma matriz de priorização. Existem várias que podem ajudar, mas entendendo que a aplicação de uma solução tecnológica pode ser custosa no início, vale medir urgência versus custo de implementação.
Gargalos mais urgentes e com custo de implementação menor podem ser os ideais para execução de projetos pilotos. Assim, é possível testar as soluções, a maturidade da equipe para executá-las e implementar uma cultura de transformação digital.
Com isso, fica mais fácil de projetos mais custosos serem aceitos e terem eficácia na sua implementação. É importante lembrar que a transformação digital diz mais sobre a transformação do que o digital em si. Portanto, de nada adianta logo de início fazer um aporte grande em uma solução se a equipe não está acostumada a interagir com ferramentas digitais.
Leia também: Oportunidades da Indústria 4.0: uma visão sobre a transformação digital na produção industrial
Faça um projeto piloto
Tendo os gargalos mapeados em grau de priorização, identifique um para ser o piloto. Além de ajudar a iniciar uma cultura de transformação digital na fábrica, dessa forma é possível entender como funciona a implementação de soluções, o tempo para dar retorno, quais KPIs são importantes para definição de sucesso dos projetos, quais recursos humanos e tecnológicos são necessários e assim por diante.
O piloto não precisa, necessariamente, ser o mais complexo. Quando se fala em indústria 4.0 algumas soluções vêm à mente, como manutenção preditiva, softwares de gestão de operação, gêmeos digitais, impressão 3D, edge computing, sensores, entre outros.
Mas, de início, ela pode ser mais simples do que isso. Treinar um sistema para fazer o controle de qualidade é um exemplo. Captar dados de produção para entender o tempo do ciclo produtivo é outro. Usar inteligência artificial acoplada ao climatizador da fábrica para manter a temperatura sempre no ideal também é um exemplo.
Enfim, é possível usar um dos pilares da indústria 4.0 para dar eficiência a processos de diferentes magnitudes dentro de uma fábrica.
Procurar soluções parceiras
Desenvolver a solução tecnológica para suprir o gargalo utilizado no projeto piloto é, na maior parte das vezes, o caminho mais longo. Sendo assim, duas saídas são mais usuais:
- Procurar no mercado soluções que resolvam o seu problema
- Fazer parcerias com startups para que elas criem uma solução personalizada
Nesse último caso, apesar de poder ser mais lento o processo, as duas empresas saem ganhando. A indústria consegue a solução tecnológica com um menor investimento de tempo e dinheiro, e a startup consegue a validação em tempo real de sua solução e a aceitação dela no mercado.
Leia também: Hélice Tríplice e o avanço dos laboratórios de manufatura no Brasil
Analise os dados e mantenha constância
Para colher os resultados da aplicação da tecnologia e entender a eficiência dos projetos, é preciso ter acesso constante a dados. Não adianta pensar em um projeto piloto que não possa ser metrificado e acompanhado.
Criar dashboards aos quais todos possam ter acesso às informações neles contidas é interessante. Assim, cria-se a cultura de decisões baseada em dados e permite-se que, com base neles, novas soluções possam ser sugeridas e aplicadas.
Os dados não devem ficar em silos. Eles precisam estar disponíveis para cruzamentos em diferentes níveis - a depender do grau de sigilo e sensibilidade. Dessa forma, é possível trazer mais eficiência e inteligência para diversos setores. Por exemplo: entendendo o tempo de produção de um determinado produto, o time de vendas pode condicionar tanto sua abordagem para com o mercado, quanto o momento exato de fazer o pós-venda.
Expansão
Depois do período de teste piloto encerrado, é preciso analisar quais foram os maiores aprendizados, desafios e qual foi o grau de sucesso do projeto. Assim, é possível ir implementando as demais soluções para os gargalos mapeados e aumentando, aos poucos, o grau de maturidade 4.0 da indústria.
Nem todos os processos serão iguais. Por isso, é importante ter flexibilidade na hora de implementar e executar um projeto 4.0, entendendo suas particularidades e definindo KPIs próprios.
Trocar com outras empresas que passaram por esse processo também é interessante, assim é possível não repetir erros comuns e acelerar a implementação de soluções.
Dica bônus
Por fim, é importante manter a melhoria contínua no radar. A tecnologia evolui muito rápido e uma solução aplicada hoje, em menos de cinco anos, pode se tornar defasada. Por isso, para estar realmente adequado ao conceito 4.0 é importante rever os projetos e soluções periodicamente e aprimorá-los de acordo com a necessidade.
Dessa forma, a empresa estará sempre alcançando os melhores níveis de eficiência possíveis.
*Imagem de capa: Depositphotos
Gostou? Então compartilhe: