De uns tempos para cá, muito tem se falado sobre a Indústria 4.0 e a reorganização que ela tem acarretado em algumas filosofias de gestão utilizadas pelas empresas.
Por conta desse fenômeno, neste post, abordaremos qual é a relação entre o Lean e a Indústria 4.0 e de que forma ela tem revolucionado a maneira com que as empresas estão buscando melhores resultados.
O que é o Lean Manufacturing?
O Lean Manufacturing, ou manufatura enxuta, é uma filosofia de gestão que tem como princípio fazer com que as tarefas sejam executadas da forma mais rápida e com o menor de desperdício possível.
Inicialmente denominado Sistema Toyota de Produção, esse método teve seus primeiros sinais em meados da década de 1940, desenvolvendo-se de maneira significativa no período posterior à Segunda Guerra Mundial.
Assim sendo, ele surgiu em um contexto pós-guerra, época em que se tinha uma enorme ausência de recursos. Portanto, a organização das empresas para que os processos fossem empregados de forma eficiente era extremamente necessária.
Para tanto, o Lean se desenvolveu com o objetivo de evitar — ao máximo — os tempos gastos com espera, transporte, movimentação desnecessária, estoques em excesso, processamento inadequado, correção de defeitos ou retrabalho, entre outros fatores que acabam impedindo a fluidez da produção.
De modo geral, o Lean se baseia em 5 princípios:
- Valor: entender o que é valor do ponto de vista do cliente;
- Fluxo de Valor: identificar quais etapas do processo agregam valor ao produto ou serviço prestado e reduzir ou eliminar as etapas que não agregam;
- Fluxo Contínuo: atender as necessidades dos clientes com rapidez, com menor tempo para processar os pedidos e baixo estoque (produzir sem interrupções)
- Produção Puxada: trabalhar de acordo com a demanda do cliente, e não criando estoques excessivos;
- Buscar a perfeição: busca pela melhoria contínua dos processos, pessoas, produtos, etc., com objetivo de agregar valor ao cliente sempre.
O que é a Indústria 4.0?
Por sua vez, a Indústria 4.0, também conhecida como a Quarta Revolução Industrial, é uma expressão que surgiu na edição de 2011 da Feira de Hannover — evento realizado na Alemanha que é considerado um dos principais encontros mundiais para debater a tecnologia industrial.
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Dessa forma, o termo Indústria 4.0 foi cunhado em meio a diversas discussões sobre a incorporação de tecnologias no cotidiano das empresas, tais como computação na nuvem, Internet das Coisas (IoT), análise de big data, impressão 3D, emprego massivo de robótica e inteligência artificial, entre outras.
Todos esses fenômenos vêm revolucionando bastante a forma com que as empresas têm trabalhado seus processos. Assim sendo, o setor industrial passou a mudar seu olhar em relação ao emprego da alta tecnologia em seus ambientes internos.
Nesse cenário, a Indústria 4.0 nada mais é do que a forte integração da tecnologia de informação nas operações industriais e também no contexto da cadeia de suprimentos. Entre outros ganhos, ela propicia a criação das chamadas fábricas inteligentes, locais que têm a maioria de seus processos automatizados.
No tópico abaixo, abordaremos melhor o contexto no qual a Quarta Revolução Industrial surgiu. Acompanhe!
Em qual contexto a Indústria 4.0 surgiu?
Para que você entenda melhor o que é a Indústria 4.0, é de suma relevância apresentarmos alguns dos principais acontecimentos que vieram antes da chamada Quarta Revolução Industrial.
Ocorrida entre 1760 e 1840, a primeira das revoluções industriais teve seu início na Grã-Bretanha e, posteriormente, alcançou França, Bélgica e alguns outros países do continente europeu. Ela se destaca por compreender o início da mecanização dos processos, fenômeno que se deu, sobretudo, com a passagem da manufatura para o sistema fabril.
A Segunda Revolução Industrial aconteceu entre 1870 e 1930. Ela é considerada um marco, pois foi nela que as fábricas passaram a utilizar a energia elétrica, o que possibilitou o surgimento das primeiras linhas de montagem e também da produção em massa.
Como consequência, em meados de 1970, surgiu a Terceira Revolução Industrial. Nesse período, a tecnologia da informação passou a ser inserida de forma significativa nas operações — o que foi representado pela implementação de centros de controle numérico, de softwares de planejamento de recursos (MRPs, ERPs etc.), de engenharia assistida por computadores, de softwares de projeto (CAD, CAE, CAM etc.), entre outras mudanças.
Foi também nessa época que houve a introdução dos primeiros robôs, os quais seriam responsáveis por desempenhar algumas atividades de forma automatizada. A diferença é que, nos dias de hoje, as máquinas também podem se autoautomatizar e se autoconfigurar, respondendo, de forma mais independente, às demandas do cliente final.
Em continuidade a esses avanços, surgiu a Quarta Revolução Industrial, que tem como um dos principais acontecimentos a passagem dos modelos de produção centralizados para os descentralizados. Ou seja, uma das principais ideias que sustentam esse marco é a de que as tecnologias desenvolvidas estão passando a se comunicar em tempo real.
Dessa maneira, sem a necessidade de um plano de produção fixo, elas podem se adaptar às mudanças de oferta e demanda por meio das informações em nuvem. Na prática, isso significa, por exemplo, que as empresas estão se adaptando para trabalhar com as informações da plataforma de vendas integradas às das fábricas, o que propicia um atendimento muito mais ágil e preciso em relação às demandas.
Qual é a relação entre Lean e a Indústria 4.0?
Agora que já abordamos o que é o Lean Manufacturing e a Indústria 4.0, é hora de entender melhor qual é a relação entre esses dois termos tão caros à mudança paradigmática que vem ocorrendo nas empresas. Fique atento!
Como vimos, a Indústria 4.0 diz respeito ao aumento exponencial do emprego de soluções tecnológicas no contexto das empresas, o que nos faz refletir sobre as principais mudanças que essas inovações acarretam na gestão.
Por conta da criação de fábricas inteligentes, por exemplo, os meios de se ter um entendimento mais rico em relação às intenções do cliente aumentam bastante. Assim, pode-se entender o que ele valoriza, qual é o comportamento dele, quais são as características do produto que ele leva em consideração e diversas outras informações que estão intrinsecamente ligadas aos 5 princípios do Lean, apresentados no início do texto.
Quais são os impactos da Indústria 4.0 na gestão Lean?
As novas tecnologias permitem que a interpretação do que o cliente define como valor seja muito mais precisa e que, consequentemente, haja mais fluidez na relação com ele. Além disso, as fábricas inteligentes possibilitam um trabalho que se pauta mais pela demanda.
Aliados, todos esses avanças agem em prol da busca pela perfeição, fator central do Lean e que aumenta sua correlação com a Quarta Revolução Industrial, fenômeno que permite uma desburocratização nos processos e que faz com que haja a redução de diferenças internas nas empresas.
Unindo as práticas da Indústria 4.0 aos conceitos do Lean, pode-se dizer que há uma busca cada vez mais efetiva pela melhoria. Como o Lean é fazer mais com menos, a automatização e a integração dos processos tecnológicos está contribuindo crescentemente com esse propósito.
Em suma, quando a tecnologia começa a ser empregada de forma mais efetiva, existe também um desenvolvimento da manufatura enxuta que faz com que empresas passem a realizar suas atividades de maneira muito mais ágil e precisa.
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